quinta-feira, 22 de abril de 2010

Saudade


Pensei que minha filha nunca ia adolescer, aliás, cheguei a acreditar que esse processo seria tranquilo, como sempre foi nossa convivência. Afinal, a separação chegou.

É, estou exagerada, mas qual mãe não sente o que estou sentindo agora? perda, separação, dureza, diferenças, individualismo. De ambas as partes. Só que para eles isso é necessário e saudável. Para nós, mães, também, mas isso dói.

Eu tinha um relacionamento de total sintonia com minha filha. Nos dávamos bem. Sempre. Exageradamente bem, é verdade.

Sentíamos prazer em conversar até tarde na cama, em dividir a rotina, inclusive, durante o tempo em que tive apenas uma cama no meu quarto (hoje é de casal) praticamente toda noite ela trazia o colchão e dormia ao lado da minha cama.

Quando ela era pequena eu adorava (e ela também) contar histórias, de diversos livros, também sem ser da disney, e imitava as vozes e canções das historinhas. Até hoje as amigas dela se lembram e começam, de vez em quando, a cantar comigo a música de Pocahontas quando estamos no carro.

Continuo tendo um excelente relacionamento com a minha filha, mas sinto muita, muita falta do encanto, da sintonia exagerada.

Hoje escuto mais assuntos de paqueras do que posso achar graça, a vejo mais preocupada em deixar o cabelo sedoso do que a minha paciência pode aguentar. Nossas conversar quase sempre giram em eu ouvir o que ela tem a contar sobre esses assuntos.

Estou sendo injusta, isso é bem verdade, pois conversamos sobre vestibular, sobre suas inseguranças e incertezas, e sempre a apóio.

Sei que muitas mães teriam inveja de ter uma filha que conta quase tudo sobre o que acontece no dia a dia com ela. Me desculpem, sou uma injusta sim.

Me queixo porque sou humana. Me queixo porque isso faz parte: a insatisfação.

Minha filha é exatamente o que sempre desejei: um ser humano mais forte do que eu. Um ser humano mais capaz de suportar as agruras sem ficar calada. Um ser humano capaz de ser mais feliz e de lutar mais pelo que deseja. Ultimamente, raramente a vi suportar calada as confusões humanas à sua volta. E tenho muito orgulho disso.

Comecei a escrever isso aqui, parei, fomos conversar...


Se de um lado ela cresceu, sei que de outro eu também me afastei e me tornei mais individualista por ter o companheiro que amo.

Passei a me enxergar como Mulher, não apenas como mãe. E isso, juntamente com o crescimento dela, nos afastou um pouco.

Acabamos de conversar, entendi o lado que ela me mostrou.

Vi que se trata apenas de ajustes, doloridos, mas necessários.

Sábado iremos ao casamento de uma amiga minha. Eu e ela, pois por outros motivos meu noivo não irá. Combinamos, já que o casamento será rápido, de depois dele sairmos sozinhas para lanchar. Faz tempo que não nos curtimos, só eu e ela.

Tenho uma filha maravilhosa. Um ser humano lindo.

Precisamos apenas conversar mais, e faremos isso.

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