terça-feira, 20 de abril de 2010

Falta de tempo

Cadê o meu, o teu, o nosso, o deles, cadê o tempo?
Só o que vejo é muita gente apressada, irritada, aperriada, entediada com a rotina pesada e massificante, com as dívidas, com o calor, com o frio, com os revezes da natureza, com o futuro, com o difícil presente, com as dívidas etc, etc, etc.
Sinto tanta falta do tempo do bom humor, do tempo com tempo, dos veraneios, dos jogos de peteca, de andar de barco, de conversar potoca no terraço, de sair de bicicleta sem correr risco. Mas, principalmente, sinto falta da leveza que a vida pode ter, ou pelo menos podia ter. E esse não é um sentimento só meu. Diariamente, na loja, nas conversas, nos desânimos das minha amigas e no meu próprio, vejo uma geração que foi dividida. Vivemos os bons tempos de bagunça em família, em conjunto, e agora temos alguns momentos no domingo, talvez, quando não a família toda, mas apenas os pais e os filhos casados se juntam para almoçar.
Essa sensação de perda faz parte da minha geração. Perdemos para o estresse, para a pressa, para a contenção de despesas, para o pouco tempo para relaxar.
Minha filha já pegou quase nada dessa época de descanso conjunto em família. Hoje, encontros familiares, só os apressados, cada um seguindo para suas casas logo em seguida.
GENTE, O QUE HOUVE?
As vezes acho que perdi o bonde. Muitas vezes me acho deslocada. Não nasci para esta época de agora. Não nasci para me trancar e me dar por feliz em trabalhar, voltar para casa, comer, dormir, trabalhar de novo e voltar para casa!
Preciso de encontros familiares, preciso de gente sorrindo, de almoços regados a piadas, de gente dormindo em colchões numa casa de praia que quase não cabia todo mundo, preciso de alegria, da alegria da minha família, da alegria de gente que quero bem.
O que sinto é que a alegria foi fracionada, medida e pesada.
Eu, no meio do povão que conheço, sou extremamente felizarda. Nem poderia reclamar tanto, mas reclamo sim.
Sei que tenho o amor da minha vida. Sei que fui abençoada. Sei que temos um ao outro, que nos completamos, que temos sintonia, intimidade e tudo mais que poderia desejar para minha vida em termos de companheiro.
O que estou falando é de outras relações, daquelas que também ajudam a montar o caráter, o ânimo, a sensação de ter e ser família, família grande, que inclui avós, pais, irmãos, tios e primos, além da família núcleo, de noivo, filha.
Meu noivo também sente, assim como todas as pessoas de nossas gerações, falta da doce algazarra que havia em nossas vidas.

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