quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ESPERANÇA


Hoje as coisas com meu noivo voltaram ao normal. Ele me ligou, conversamos.
Eu me expliquei, ele se explicou.
Sei que muitas vezes ele não consegue manter controle sobre as suas mudanças de humor, também sei que mesmo com isso ele não deixar de estar ao meu lado e nem eu deixo de estar ao lado dele. Nós amamos, isso é fato que até as pedras confirmam.

Ontem ele estava de humor ruim, mesmo assim foi comigo comemorar o nascimento do meu novo e amado sobrinho, filmou, tirou fotos, fez de tudo para se superar.

É tão lindo ver uma nova vida começando pro mundo! E tão lindinho e perfeitinho! Uma graça.
Sem inveja nem nada do tipo, mas me deu uma vontade danada de estar grávida, de não ter perdido o meu bebê! E hoje de manhã tivemos outro nascimento, a ex-babá da minha filha teve seu segundo filho, uma menina, e nós fomos visitá-la e levar comidinhas gostosas para ela oferecer às visitas.
Lá no hospital conversei muito com minha prima que mais ou menos um mês antes também havia perdido um bebê. Nos entendemos, nos aconselhamos, muitas coisas aconteceram de forma parecida: tanto ela quanto eu não conseguíamos imaginar o bebê no futuro, e ambas acordávamos à noite para olhar se na calcinha havia sangue, ambos sentíamos um sentimento estranho em relação a estar grávida, era um tipo de medo ou receio, uma sensação de não estar tudo bem.

Ontem fui fazer a última ultra, não precisarei de curetagem, meu útero está com tudo certinho, não há mais nenhum restos ovulares (restos da gravidez que não evoluiu).
Amanhã irei à endocrinologista e ela passará metilformina, medicamento que controlará a glicose e ajudará numa futura gravidez.
Já recomeci a fazer exercícios, ainda poucos e devagar porque minha condição física não está boa, mas vou continuar e perseverar para emagrecer os 10 quilos necessários (já perdi 2).
Será que Deus e a vida me darão uma nova oportunidade de engravidar e que dessa vez a gravidez irá até o fim? Meu Deus e anjos amigos, eu gostaria tanto!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CANSADA


Estava conversando com a minha filha, ela acha que saí fortalecida disso tudo que aconteceu. Por um lado eu também acho, também acho que estou enfrentando tudo da melhor forma possível.
Por outro lado eu me sinto mais insegura, tentando controlar ao máximo as variáveis que são possíveis, até de uma forma exagerada.
Com ele, meu noivo, ele está uma gangorra. Ele esteve ao meu lado em todos os momentos, é verdade, mas se me perguntarem se estou feliz, eu, hoje, diria que estou serena mas não estou feliz.
Sei que tudo pode mudar amanhã, mas essa instabilidade emocional dele é foda de suportar.
Ele diz que sou eu que gosto sempre de dar beijinhos, de ficar carinhosa o tempo todo, eu que sou feliz demais, me diz que sou eu que estou mais insegura e preciso de atenção o tempo todo e por aí vai.
Ele não está se suportando, e por tabela sobra munição para atacar a mim, que estou mais perto.
Na verdade, eu sou muito mais estável emocionalmente do que ele. Independentemente de mim ele é com ele mesmo uma gangorra emocional. Isso é cansativo e eu não posso negar que, hoje, estou cansada.
Ele não está conseguindo controlar a compulsão, voltou a ter ansiedade pra lascar, um dia está bem, noutro está muito amoroso, e no outro está calado e taciturno. Seria injusto não dizer que mesmo quando ele é completamente trancado ele tenta se fazer presente, mas é uma presença tão pesada! Mesmo que seja amado, não posso negar que sinto uma energia pesada perto de mim quando ele está trancado.
É como eu disse, não posso negar que ele esteve presente em todo o processo e que nós ajudamos.
Mas que agora eu estou feliz, não estou.
Eu preciso de uma certa estabilidade para funcionar bem, e isso não significa ver o lindo céu azul o tempo todo, apenas eu não costumo viver mal humorada só por viver, sem nenhum motivo para isso.
Eu: se não houver motivo para mau humor, estarei estável, geralmente bem humorada.
Ele? se não houver motivo para bom humor, estará na dele, numa espécie de limbo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Compulsão e insegurança

Ontem tive uma compulsão incontrolável, comi o que não devia, sem pensar, sem conseguir pensar, eu só conseguia enxergar a minha vontade e o objeto de meu desejo: o acúçar.
E comi e comi, sem pensar na taxa de glicose, sem dar valor à imagem de meu avô diabético e cego e sem as duas pernas, imagem que me impressionou na infância.
Ontem à noite a compulsão venceu um campeonato inteiro em algumas horas.
Dei vazão a tudo que vem me atormentando, a todas as inseguranças, ao medo, à instabilidade emocional, e tudo isso explodiu numa fúria que conheço há anos: a compulsão.
Ontem, quando consegui dormir, simplesmente entreguei a Deus, não me eximindo da culpa e descontrole, simplesmente pedi a Ele que me perdoasse e ao mesmo tempo esperei o que me era devido: o preço físico do meu descontrole. Pensei que iria passar mal ou acontecer coisa pior, pois sabia que minha glicose devia ter ficado louca.
Houve um momento de noite, já deitada, em que eu consegui me aquietar, perder o medo e dormir, dormi mal, mas dormi. Eu entreguei meu corpo e minha alma ao que viesse, pagaria por meu descontrole, não adiantava lutar.
Sonhei que estava no hospital com uma doença muito séria e que estavam tentando me tratar (só consigo lembrar disso).
Acordei agora de manhã e resolvi reagir, reagir para voltar a me sentir leve e tranquila, a voltar a ser bem humorada (isso eu até tenho conseguido, embora entremeado com momentos de tristeza e mau humor). E agradeci por estar viva e bem, e aferi a glicose e ela estava só triscada, 104, nos mesmos valores em que tem se mantido nos últimos dois meses.
Na quarta-feira terei ultrasonografia para saber se ainda há restos da gravidez, tenho a impressão de que estará tudo terminado. Está na hora, já não suporto mais o cheiro do sangue, que mesmo agora sendo pouco, é um cheiro diferente de menstruação, é um cheiro característico de parto, sei disso porque é o mesmo cheiro de tantos partos que eu adorava acompanhar e ajudar, das cadelas que tive em casa. E isso não é agradável em mim, sabendo que esse sangue foi de um aborto. Isso é algo muito louco.
Tentaremos marcar para sexta ou segunda a consulta de volta com a minha endocrinologista. Ela disse que passará metilformina (para controlar a glicose) e que isso ajudará numa futura gravidez.
Hoje já estou bem, ontem tive pouquíssimas cólicas. Hoje à noite pretendo começar a caminhar. Tomara não aconteçam imprevistos e eu não desista de última hora.
Em relação à comida estou tranquila, a tempestade passou. Estou lúcida de novo.
Há dois meses que me mantinha sem deslizes na dieta, cheguei a achar que a compulsão havia sido controlada. Não é assim, não funciona assim. Agora sei que mais que nunca preciso me recuperar emocionalmente, preciso me resgatar, esse é o melhor método de conseguir enfrentar a compulsão.
Um novo dia começou. Vamos a ele!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Término de um triste ciclo, promessa de outros melhores por vir

FINALMENTE ESSE CICLO TRISTE E DOLOROSO ESTÁ ACABANDO!
De repente, quando eu estava em pé, senti que uma grande quantidade de sangue morno havia descido. Fui ao banheiro e me sentei e tirei a calcinha, de fato, uma grande quantidade de sangue desceu, e com ela alguma coisa esquisita, lembrando restos ovulares? Placenta? Não sei. Nunca havia sofrido um aborto antes. Só sei que depois de tanto tempo de espera com um feto morto na barriga finalmente a natureza pôs fim aos acontecimentos. De repente esse ciclo tão triste e doloroso está se encerrando. Na quarta feira que vem, dia 28, farei a última ultrasonografia para ter a certeza de que está tudo bem e em seguida irei para uma consulta com minha médica. E conforme ela nos instruiu, depois de uns 30 ou 40 dias a menstruação normal irá chegar e, juntamente com os dez quilos que tenho que perder (já perdi dois), logo em seguida poderemos liberar para que eu engravide novamente. Obrigada, meu bom Deus e meus anjos amigos, por depois desse ciclo tão pesado me acenarem com dias mais amenos. Já sinto meu bom humor voltando, já sinto vontade de tocar a vida em frente. Obrigada.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ando com medo.
É uma sensação de estar só (mesmo sabendo que isso de estar só é só na minha cabeça), de não conseguir, de estar com medo não sei de quê.
Esses momento passam, mas eles têm deixado marcas.
Depois que a médica me mandou perder 10 quilos eu já perdi 2, e isso faz uma semana.
Obtive o resultado da pós, a professora falou para a monitora que farei um trabalho sozinha valendo de 0 a 10. Não preciso ficar assustada com isso, mas estou, estou assim. Estou com medo até das regras da ABNT que eu não entendo muito.
Também estou assustada com o projeto de monografia que preciso fazer, e olhe que é só um projeto, uma coisa relativamente simples e que eu já tenho material aqui no computador, material que eu já li metade e que em muitas partes já está grifado.
Putz, ando assustada e com medo e essa sensação de insegurança é uma merda.
Agora há pouco falei com meu noivo e ele me chamou para fazermos uma viagem para Salvador em novembro (em novembro terei 10 dias de férias), eu disse que queria e ao mesmo tempo isso me assustou. Pode?
Onde eu vou parar com tanto medo bobo?
Aconteceu, finalmentente aconteceu! Mas putzgrila, como dói!
Ontem, lá pelo meio dia, as cólicas se tornaram insuportáveis, eu não conseguia me controlar, nem pensar, só enxergava a dor paralisante. E veio tudo misturado: dor insuportável com vontade de ir ao banheiro e com vômitos. Tudo de uma vez só.
Aguentei até onde pude e depois liguei para avisar que estava insuportável, liguei chorando no mínimo intervalo entre uma cólica e outra, ainda no banheiro.
Meu noivo ligou para minha mãe, que estava mais perto, vir logo, e pouco depois ele chegou.
Fomos eu e ele para o hospital e lá injetaram buscopam composto, demorou um tempo para fazer efeito e lá ainda fiquei com cólicas menores com algum intervalo entre uma e outra. Depois fui melhorando e me acalmando. Quando a médica deu um toque doeu bastante e a ultrassonografia também, pela primeira vez doeu, acho que o colo do útero estava muito sensível.
O colo ainda está fechado e a ultrasonografia mostrou que ainda há sangue (coágulos) para sair. Minha médica optou por esperar para ver se sairá tudo sem usar outros métodos.
Por via das dúvidas estou tomando buscopam composto de 6 em 6 horas, não quero voltar a sentir outra dor daquela.
Estou com cólicas leves, mas sem fluxo, é esperar para ver. Fico com um pouco de medo, claro, mas também terei calma.
Gostaria de poder ficar abraçada agora com o meu amor e dormir um cochilo, neste momento era tudo que eu gostaria.
Acabo de chegar da perícia médica, foi tudo bem e o médico assinou os 30 dias de licença a que tenho direito.
Estou um pouco tensa porque das cinco aulas deste módulo da pós eu já faltei 3 (sei que estou acobertada), mas estar tensa por coisas que não posso controlar faz parte da minha rotina, embora eu lute contra isso.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Finalmente aconteceu! ACONTECEU!
Minha médica havia dito que o mais difícil em todo esse processo de esperar que a própria natureza reaja seria aguentar emocionalmente. E que era por isso que os médicos escolhiam tanto fazer logo uma curetagem, para que tudo se resolvesse logo e por própria insistência da paciente.
Ontem realmente a minha cabeça já estava ruim, chorava por qualquer besteira. Sensível, chorona, com medo. Ontem quase ligo para minha médica e digo que não aguentava mais.
Umas 2 horas da manhã acordei com cólicas e quando me mexi na cama senti que havia descido o sangue.
E de 2 até 5h30 praticamente passei sentada, não havia lugar na cama para acomodar as cólicas. E perdi sangue e coágulos.
Agora ainda estou com cólicas, bastante, um pouco menos intensas que as da madrugada. Mas não dá para sair de casa, a vontade é ficar quieta num canto, pois também dão moleza e dor no corpo.
A natureza está fazendo a sua parte, a parte que eu esperava ansiosamente para encerrar um ciclo.
Obrigada, meu Deus.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fui para o aniversário de 90 anos do avô de meu noivo. A família dele estava unida e a festa foi muito bonita. De início a minha médica me disse para não ir porque a festa não seria aqui na minha cidade e, caso fosse necessário eu ir para o hospital, estaríamos a uma hora e meia de distância. Conversei com ela e pedi para ir para espairecer. Acertamos que se eu começasse a perder sangue, mesmo que pouco, voltaríamos imediatamente. Não foi necessário, ainda bem.
Lá fomos muito bem recebidos, tratados com carinho por todos. Minha sogra se desdobrou em atenção e cuidados. Me senti acolhida e esquisita, não estou acostumada a que os outros me olhem com compaixão, estou acostumada a fazer isso pelos outros, quando é em relação a mim me sinto estranha (sei que isso é nóia minha).
Lá havia uma mesa de doces e pelo menos quatro tipos de bolos, me deu uma vontade imensa de comer alguma coisa com açúcar. Acabei comendo uma fatia pequena de bolo de maracujá, depois me arrependi muito, mas foi uma compulsão tão forte que não me deu tempo de pensar na besteira que ía fazer. Fiz. E não repeti e tomarei todo cuidado para fiscalizar a chegada da compulsão. Ainda estou com diabetes e a endocrinologista acredita que assim continuarei, mas médicos da minha família acham que após o processo eu ficarei boa. É me cuidar e esperar para ver.
Do início da gestação até agora eu perdi uns seis quilos, preciso perder mais dez para poder engravidar novamente. Isso eu sei que conseguirei.
Não estou em paz com a situação atual. Fico preocupada, esperando que comece a perder sangue, mas nada, e ao mesmo tempo me sinto na obrigação de ir para a aula da pós porque a professora passou exercício para a nota e eu estava de licença e fico com medo de que quando o sangue vier eu precise perder mais aulas (acho que sou louca nesses momentos).
Estou confusa, misturada.
Até ontem eu queria falar muito com meu chefe, ontem à noite consegui, avisei que vou dar entrada na licença e ele concordou plenamente comigo. E fiquei em paz com isso, e arrumei outros problemas para me preocupar e resolver. A cada coisa que resolvo arrumo outra para me preocupar e colocar na lista de preocupações (de fato, não estou zen).
Falando de uma coisa que não tem nada a ver: há uns 15 dias minha mãe precisou usar o meu banheiro, ela não tem religião definida, mas semana passada comentou que sentiu de forma nítida e forte o cheiro de vovó Francisquinha, a mãe do meu pai que faleceu no quarto que agora durmo. O cheiro dela era um cheiro de limpeza misturada com dersani, um óleo hidratante e cicatrizante de cheiro bem característico e forte, que era passado nela porque ela passava o dia deitada, já perto de falecer.
Ontem à noite eu estava ansiosa e preocupada, chorei um pouco e minha filha me abraçou e decidiu vir dormir comigo aqui no quarto.
De madrugada acordei com frio e, mesmo sem pensar em nada, senti nitidamente o cheiro de vovó Francisquinha, o mesmo cheiro de dersani.
Hoje de manhã contei isso para minha filha, e ela me disse que ontem à noite, enquanto me abraçada, sentiu esse cheiro em mim.
Perguntei porque ela não me disse na hora, ela me respondeu que não tinha porque falar aquilo na hora em que eu estava chorando.
É isso, estou um pouco misturada, um pouco ansiosa e insegura, mas ao longo do dia isso vai passar, pelo menos eu espero. E que Deus me ajude e nos proteja.

sábado, 17 de setembro de 2011

Eu tive quatro dias de licença, ontem tive que voltar a trabalhar. Não foi bom e nem fácil, hoje ainda está fazendo uma semana que houve óbito fetal. Ainda estou com aborto retido e até agora nada de demonstrar que começará o processo de expulsão.
Ontem cheguei no trabalho e depois fui dar um abraço numa colega que também havia perdido um bebê e que agora está grávida de 5 meses. E ela me disse:
- Você já está de volta?
E eu respondi que a médica da emergência havia me dado quatro dias de licença e que minha médica apenas havia dito que se eu sentisse alguma coisa era para voltar para casa.
Então fiquei sabendo (eu já havia estudado a Lei 8112 mas havia esquecido disso) que tenho direito, por lei, a 30 dias de licença. A lei é bem clara, ela não fala até 30 dias, ela fala DIREITO A 30 DIAS de repouso remunerado para servidora que sofrer abortamento. E eu fui conversar com o chefe gestão de pessoas, ele me confirmou o meu direito, o direito que eu estava abdicando por pura ignorância.
De fato, não tentando justificar o porque do uso do que me é de direito, mas a volta para a minha médica ainda está marcada para o dia 28, até lá espero que a menstruação já tenha acontecido, mas até agora nada, e isso me deixa um pouco ansiosa. Só no dia 28 saberei o que será feito, se farei a ultrasonografia que mostrará se será necessário curetagem.
Poder não estar no trabalho é reconfortante, pois todos perguntam como estou me sentindo e se estou sentindo dores e etc, e quando digo que ainda estou com abortamento retido as pessoas se espantam, é como se não fosse natural, como se eu já devesse ter feito uma curetagem.
Não conseguirei falar com minha médica até o dia 28 (a não ser que haja uma urgência e eu ligue para o seu celular, pois ela não estará no consultório até lá), então conversei com outro obstetra, falei da lei e do direito que ela me assegura, e segunda-feira levarei a lei para que ele veja e me dê o atestado para que eu vá até a junta do órgão em que trabalho.
Estou satisfeita, mas perdi um pouco da serenidade que sentia há alguns dias. O fato do processo de expulsão não ter começado ainda e de eu não saber exatamente como será me deixa um pouco aflita.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Esperança


Acabamos de vir da consulta com minha obstetra.
Foi a consulta mais calmante e esclarecedora que já tive.

Não farei curetagem, ela não quer forçar a dilatação do colo do útero pois acredita que a expulsão acontecerá naturalmente com a queda das taxas hormonais da gestação. E se o colo do útero não for forçado isso garante um colo forte para a próxima gestação.
Se for necessário, após o processo ter se iniciado, caso o sangramento seja intenso ou as cólicas insuportáveis e ainda haja restos para serem expelidos, aí o colo já estará naturalmente dilatado e uma curetagem não o forçará. Tudo bem, concordo e estou sem medo.

Sobre poder engravidar de novo, essa informação foi maravilhosa! Tudo que ela pede é que eu emagreça pelo menos 10 quilos, aí já garantirei uma gestação mais tranquila. Pretendo perder pelo menos uns 15. Isso de ter toda chance de engravidar de novo foi a melhor da noite.

Ela me proibiu de procurar investigar os motivos do abortamento, disse que cerca de 20% das gestações terminam em abortamento espontâneo, e que com apenas um abortamento não há justificativa para procurar qual a causa (que provavelmente foi uma alteração genética). Só se suspeita de um problema recidivante a partir do terceiro abortamento, e temos um. Caso ocorra novamente (Deus nos livre) aí sim, justificaria a pesquisa. Até agora caimos nos 20% e ponto, nada de se preocupar desnecessariamente. Essa foi a segunda melhor notícia.

O processo de expulsão natural do abortamento retido pode levar até 3 ou 4 semanas, dia 28 deste mês eu volto para ela. E depois, demora mais uns 40 ou 45 para chegar a primeira menstruação depois do processo, e essa menstruação levará embora todo o material que ainda possa restar.
Teoricamente depois dessa menstruação já poderemos liberar para tentar engravidar novamente, é necessário apenas que eu tenha conseguido emagrecer os 10 quilos.
Só não poderei engravidar em dezembro, pois a data do nascimento coincidiria com as férias da minha obstetra, que sempre são em setembro. Deus do céu, eu amo e confio plenamente nela.

Estou tranquila, meu Deus e anjos amigos, obrigada. Finalmente a tempestade está passando, e ter enfrentado ela com fé e calma tem sido uma escolha inquestionável.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Estava grávida de 8 semanas e perdi o bebê. Assim, do nada e por nada. Era um filho muito desejado e esperado, e havia demorado tanto que eu nem mais acreditava que viesse. E veio.
E sentimos medo inicialmente, um medo misturado com felicidade, e sonhos foram construídos, planos foram traçados.
Eu e Ele, o pai do bebê, estivemos juntos em cada consulta, dividimos cada medo e cada alegria.
Nosso sonho e esperança de ter nosso filho foi interrompido bruscamente.
Estivemos e estamos juntos também nesse novo processo, o de racionalização da dor e de aceitação e serenidade com o que aconteceu. E estamos conseguindo superar da melhor forma possível, juntos, onde um é fraco o que for forte apóia e quando ambos formos fracos nos juntamos para superar o que for necessário.
Ajuda muito pensar no que meu pai disse:
Gente, tomem cuidado para não confundir um feto com um filho.
Um filho tem rosto e personalidade, perder um filho é outra coisa.
Um feto é a promessa e esperança de um filho, não confundam as importâncias.
No domingo pedi para irmos a uma celebração num centro espírita cujo trabalho é sério e reconhecido, assistimos a palestra da tarde, que foi leve e interessante. Pedi por meu filho, para que fosse amparado, pedi perdão também por meus medos bobos do início da gravidez.
Agora estou refazendo todo o percurso de médicos, resolvendo o que vai ser feito, pois estou com aborto retido. E, segundo a endocrinologista, provavelmente ficarei diabética após todo esse processo, isso sempre foi uma coisa que me deu medo porque meu avô foi diabético e morreu cego e sem as duas pernas.
E eu penso que a conta de tantos anos de compulsão (mesmo sabendo que a compulsão também é uma doença) chegou. E o preço a pagar será caro.
Paciência. Pagarei.

sábado, 10 de setembro de 2011

Vazio

Hoje de manhã soubemos que meu bebê morreu. Seu coraçãozinho parou de bater.
Ainda de manhã senti leves cólicas do lado esquerdo. Me levantei, tomei banho e tomei café, e quando fui ao banheiro notei um pequeno sangramento.
Imediatamente chamei meu amor e fomos ao hospital.
Eu estou, estava, com 8 semanas de gestação.
Depois do choro e desespero só sentimos vazio. Sinto um vazio imenso. Uma vontade de correr para longe, de me esconder sem ter onde e nem para onde.
Estamos unidos, eu e ele, o pai do meu filho. E isso tudo é muito bonito e muito, muito triste.
Sonhos, medos, esperanças, planos, tudo assim, acabado por nada, sem motivos.
No hospital encontrei uma enfermeira que conversou comigo duas vezes, ela tinha acabado de voltar de licença porque sua filha nasceu normalmente, de parto cesaria, só que no parto ela aspirou mecônio, complicou, passou 21 dias na uti e faleceu. E essa mulher, com toda a dor dela, me disse para entregar meu sofrimento nas mãos de Deus e para ter fé. Tento pensar nela, tentou muito me inspirar no que ela disse.
Não sinto raiva, nem revolta, nem nada disso, só vazio e tristeza.
Tento prometer a mim mesma que tudo isso não servirá para me fazer retroceder, de que vou me cuidar para estar melhor e mais forte para esperar que uma nova benção aconteça.
Desejo, desejo muito permanecer assim.
Essa semana não será fácil. Minha obstetra está de férias, só conseguirei conversar com ela na quarta-feira. Até lá teremos que esperar para ver se o feto será expulso (isso é horrível) naturalmente (?), caso contrário farei uma curetagem.
Fizemos duas ultrasonografias hoje, todas duas não demonstraram batimentos cardíacos do bebê, não havia os 122 batimentos por minuto que existiam na semana passada.
Uma hora esse vazio que dói e machuca irá passar. Estamos nos apoiando para que isso aconteça.
Por favor, meu Deus e meus amigos a quem tanto peço ajuda, cheguem junto de nós, nos amparem. Nos ajudem a olhar em frente e usar a dor para melhorar e seguir adiante.