segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Compulsão e insegurança

Ontem tive uma compulsão incontrolável, comi o que não devia, sem pensar, sem conseguir pensar, eu só conseguia enxergar a minha vontade e o objeto de meu desejo: o acúçar.
E comi e comi, sem pensar na taxa de glicose, sem dar valor à imagem de meu avô diabético e cego e sem as duas pernas, imagem que me impressionou na infância.
Ontem à noite a compulsão venceu um campeonato inteiro em algumas horas.
Dei vazão a tudo que vem me atormentando, a todas as inseguranças, ao medo, à instabilidade emocional, e tudo isso explodiu numa fúria que conheço há anos: a compulsão.
Ontem, quando consegui dormir, simplesmente entreguei a Deus, não me eximindo da culpa e descontrole, simplesmente pedi a Ele que me perdoasse e ao mesmo tempo esperei o que me era devido: o preço físico do meu descontrole. Pensei que iria passar mal ou acontecer coisa pior, pois sabia que minha glicose devia ter ficado louca.
Houve um momento de noite, já deitada, em que eu consegui me aquietar, perder o medo e dormir, dormi mal, mas dormi. Eu entreguei meu corpo e minha alma ao que viesse, pagaria por meu descontrole, não adiantava lutar.
Sonhei que estava no hospital com uma doença muito séria e que estavam tentando me tratar (só consigo lembrar disso).
Acordei agora de manhã e resolvi reagir, reagir para voltar a me sentir leve e tranquila, a voltar a ser bem humorada (isso eu até tenho conseguido, embora entremeado com momentos de tristeza e mau humor). E agradeci por estar viva e bem, e aferi a glicose e ela estava só triscada, 104, nos mesmos valores em que tem se mantido nos últimos dois meses.
Na quarta-feira terei ultrasonografia para saber se ainda há restos da gravidez, tenho a impressão de que estará tudo terminado. Está na hora, já não suporto mais o cheiro do sangue, que mesmo agora sendo pouco, é um cheiro diferente de menstruação, é um cheiro característico de parto, sei disso porque é o mesmo cheiro de tantos partos que eu adorava acompanhar e ajudar, das cadelas que tive em casa. E isso não é agradável em mim, sabendo que esse sangue foi de um aborto. Isso é algo muito louco.
Tentaremos marcar para sexta ou segunda a consulta de volta com a minha endocrinologista. Ela disse que passará metilformina (para controlar a glicose) e que isso ajudará numa futura gravidez.
Hoje já estou bem, ontem tive pouquíssimas cólicas. Hoje à noite pretendo começar a caminhar. Tomara não aconteçam imprevistos e eu não desista de última hora.
Em relação à comida estou tranquila, a tempestade passou. Estou lúcida de novo.
Há dois meses que me mantinha sem deslizes na dieta, cheguei a achar que a compulsão havia sido controlada. Não é assim, não funciona assim. Agora sei que mais que nunca preciso me recuperar emocionalmente, preciso me resgatar, esse é o melhor método de conseguir enfrentar a compulsão.
Um novo dia começou. Vamos a ele!

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