Estava grávida de 8 semanas e perdi o bebê. Assim, do nada e por nada. Era um filho muito desejado e esperado, e havia demorado tanto que eu nem mais acreditava que viesse. E veio.
E sentimos medo inicialmente, um medo misturado com felicidade, e sonhos foram construídos, planos foram traçados.
Eu e Ele, o pai do bebê, estivemos juntos em cada consulta, dividimos cada medo e cada alegria.
Nosso sonho e esperança de ter nosso filho foi interrompido bruscamente.
Estivemos e estamos juntos também nesse novo processo, o de racionalização da dor e de aceitação e serenidade com o que aconteceu. E estamos conseguindo superar da melhor forma possível, juntos, onde um é fraco o que for forte apóia e quando ambos formos fracos nos juntamos para superar o que for necessário.
Ajuda muito pensar no que meu pai disse:
Gente, tomem cuidado para não confundir um feto com um filho.
Um filho tem rosto e personalidade, perder um filho é outra coisa.
Um feto é a promessa e esperança de um filho, não confundam as importâncias.
No domingo pedi para irmos a uma celebração num centro espírita cujo trabalho é sério e reconhecido, assistimos a palestra da tarde, que foi leve e interessante. Pedi por meu filho, para que fosse amparado, pedi perdão também por meus medos bobos do início da gravidez.
Agora estou refazendo todo o percurso de médicos, resolvendo o que vai ser feito, pois estou com aborto retido. E, segundo a endocrinologista, provavelmente ficarei diabética após todo esse processo, isso sempre foi uma coisa que me deu medo porque meu avô foi diabético e morreu cego e sem as duas pernas.
E eu penso que a conta de tantos anos de compulsão (mesmo sabendo que a compulsão também é uma doença) chegou. E o preço a pagar será caro.
Paciência. Pagarei.
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