Credo cruz! Credo cruz três vezes! Vá de retro, compulsão maldita!
E que Deus me ajude!
Nesses dias a compulsão fez morada em mim, confortavelmente instalada esteve alegremente livre e solta em meu corpitcho (ou seria corpãotcho, eca!) e sem censura alguma em minha mente.
É, Dona Compulsão, chegou a hora de voltar pra sua gaiola, chegou a hora de você ser guardada na caixinha. E nem se anime, sei que você vai dar trabalho para se dobrar e caber lá, mas eu estou com coragem, e você, mocinha malvada, está frita!
Tá, mas falando sério, ou pelo menos um pouco sério...
Já ultrapassei o limite, o limite que eu havia imposto a mim (muito lá atrás) foi desconsiderado há muito tempo. Agora, luzes vermelhas gigantescas me alertam: Mulher, você está por um fio, tome uma decisão!
E como um suicida que lá do alto do prédio olha para a multidão e para as luzes dos carros de bombeiros lá em baixo. E pensa:
-Porra, como é que eu fiz tanta besteira pra chegar a esse ponto? Dá para voltar atrás?
E o seu lado anjo diz:
- Claro que dá! Sempre dá! Você já esteve aqui antes, você já brincou muito mais do que isso com a sua saúde e com o seu corpo e já constatou que é capaz de dominar sua inimiga e de chegar exatamente onde você quer. Por que desistiria agora? O que vai ganhar com isso? Além do mais, esse abismo aí em baixo dos seus pés só existe na sua cabeça, mas se continuar agindo feito uma gorda desenfreada, que é o que a compulsão mais quer, ele se tornará real. E a queda dói, dói muito. Imagine seu corpo disforme lá em baixo, e mais, sem caber em nenhuma roupa, te trazendo vergonha de sair por ai e curtir a vida, te tirando o tesão de fazer amor com o amor da tua vida, te fazendo tomar remédio para pressão, para depressão, para tensão, tirando a tua saúde, a tua capacidade de se divertir em andar de bicicleta, te dando vergonha de experimentar o paintball... você quer abrir mão do que mais te dá prazer na tua vida, vai abrir mão de tudo isso em troca de apenas um sentido: o paladar?
Acorda, Mulher! Dá vontade de bater em tu pra ver se tu acorda!
E o seu lado capeta diz:
- Hum, imagina que queda gostosa...! Aqui no mundo do pensamento a queda é bem devagarzinho, vai dar tempo de comer delícias, vai dar tempo de você sentir tantos sabores deliciosos... delicias deliciosíssimas.... imagine: tortinhas, bolinhos, pãezinhos de queijo, coca-cola zero, muita coca zero, chocolate, pudim, quindim, picanha, pavê, sanduiche, tudo, tudo que você adora saborear estará te amparando nesta queda, inclusive eu estarei sempre com você, te aconselhando a não abrir mão do que gosta de comer, do que te dá um prazer imensurável em comer. Escolhendo esse caminho basta você comer para se sentir calminha. A comida, tua companheira, substituirá tudo e tomará conta da tua vida. Você não vai mais sentir dor, nem ansiedade, nem tristeza, nem vontade, você poderá viver confortavelmente descansando em casa, a comida será tua companheira incondicional.
Vocês dois, CALEM-SE!!!
Sou a dona desta joça aqui, calem-se que estou em reunião comigo. Ouviram?
C A L A D O S!
e................................................... depois de muitos matutar comigo mesma (na verdade, estou agora repensando a decisão que tomei ontem à noite)..............................................................................................................................
Agora, calados, sentem e escutem. Já tomei a minha decisão.
Você, compulsão, meu lado capeta:
- Você foi considerada CULPADA. Recebera o castigo da minha determinação. A mesma que há algum tempo me ajudou a dobrá-la e colocá-la no seu devido lugar: numa das caixinhas das minhas particularidades. E não chore, não estou minimizando a sua importãncia, mas entre você com seu tamanho enorme e eu aprisionada em um corpo descomunal, escolho aproveitar a vida, escolho poder andar de bicicleta, passear, fazer amor, trabalhar, amar e me divertir em um corpo que me ajude a eu me sentir bem, num corpo que funcione como uma boa máquina, forte, saudável.
Você, consciência, meu lado anjo:
- Seus argumentos são indiscutíveis, e aproveitando o meu papel de juiza, a intimo a ficar permanentemente junto a mim nesta minha nova caminhada de reconquista do meu corpo. Considere que estou agradecendo a você e ao mesmo tempo estou te intimando compulsoriamente a me ajudar.
Mais um detalhe. Este espaço é meu. Só meu. E das minhas decisões não cabem recursos ( a não ser que eu decidisse que haveria, claro). Aqui, não há instãncia superior.
Caso encerrado. Coisa julgada. Direito adquirido.
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