sexta-feira, 30 de abril de 2010

Frescuras de Mulher

Hoje poderia ficar na cama até mais tarde, até umas 7h30. Perdi o sono umas 5h. Putz, quê que há? Quando a gente pode, não dorme, quando não pode, dá um sono desgraçado... ser humano é complicado por demais!
Tou me sentindo esquisita, tranquila demais, quieta demais, sem a alegria habitual, tou lelé? consegui começar de novo a me cuidar, passei num concurso público, meu plano de saúde já cobriu a carência necessária para parto, assim que fizer o restante dos exames e voltar para às médicas que já fui bastará terminar de emagrecer para poder engravidar, tenho uma filha linda e nos amamos, amo meu noivo e sou amada, meu noivo comprou o carro para não precisarmos mais de carro de outra pessoa, estou pensando seriamente em entrar na academia, uma muito legal, onde não tem aquele competição de egos inflados e é bem equipada e eficiente, completaremos um ano de amor e vamos festejar.... TENHO TUDO, TUDO DE BOM! Todas as coisas pelas quais batalhamos vêm acontecendo aos poucos. Então, porque acordei dolorida e desanimada? Sou muito, muito ingrata, só pode ser!
Pôxa, mas eu não costumo ser ingrata!
Também não costumo ser triste sem motivo!
Acho que estou é com frescura mesmo. O dia está começando, estou com TPM e com cólicas, mas daqui a pouquinho vou melhorar e curtir a minha vida. Já já. Frescura coisa nenhuma, só estou sorumbática, foreboscópica, neurolíptica, estrobótica, catapótica e tantos outros nomes que invento para esses estados de espírito que não nos pertencem.



QUER SABER?
VOU FICAR ASSIM COISA NENHUMA!
VOU FICAR É FELIZ DA VIDA!
UMAS CORDAS QUE VOU PERDER O MEU DIA PARA A TPM! NADICA!!!
UMAS CORDAS QUE HOJE EU VOU OUVIR QUEIXUMES DOS OUTROS!
HOJE EU VOU CURTIR MEU DIA!
BASTA!
EU TENHO O DIREITO DE CURTIR A MINHA VIDA, E VOU FAZER ISSO COM MUITO, MUITO PRAZER!
BOM DIA, REALMENTE, BOM DIA!




quinta-feira, 29 de abril de 2010

So por hoje? sim, só por hoje, afinal. 2º Dia.


Hoje também já posso dizer que consegui segurar a compulsão. Chegou a hora. Afinal, ela chegou!

Estou tranquila em relação à comida, ao que comi e ao que não vou mais comer hoje.

Andei os benditos 4 km, na marra, mas andei.

Não estou me sentindo super animada, estou apenas tranquila. O que é melhor é que não estou com a mínima vontade de quebrar a dieta. Agora vai. Sinto a mesma tranquilidade e perseverança que senti em junho do ano retrasado, quando comecei a primeira guerra e venci.
Mudando de assunto...

Sei que é errado, sei que não devia colocar meu sentimento na mão de outra pessoa, qualquer que seja ela. Mas, por mais que eu esteja tranquila, me vem uma sensação de um tico de tristeza.

Não consigo me adaptar direito a essas mudanças tão constantes, numa hora sou quase esposa, noutra, escuto que não há nada de errado só porque estamos há três dias sem nos vermos. É, de fato, nada de errado, ninguém vai morrer ou se descabelar por isso.

O pai, a irmã e principalmente a mãe do meu noivo, não necessariamente nessa ordem, utilizam os favores de dele para quase tudo, ou pelo menos tentam. Sei que ele detesta se sentir cobrado e ter que fazer favores, embora quase sempre os faça, depois de impor algum ajuste. Da mesma forma, sei que ele, apesar de ser ligado ao pai, principalmente, não gosta de ser cobrado em atenção e se sente sobrecarregado quando acha ou quando realmente é cobrada a sua presença, a sua atenção.

Semana passada eu não pedi, ele me ajudou e esteve presente em tudo sem que eu pedisse, nem foi necessário pedir, ele me ajudou e ponto. Foi um gesto muito bonito.

Sei que as vezes é necessário e natural um distanciamento. Mas como está acontecendo, ficou igualzinho a quando ele reage quando se sente cobrado, e isso é injusto comigo. Não pedi, aceitei toda a ajuda que ele me ofereceu.

Se for esse o sentimento, isso é uma grande merda. Mas nada posso fazer.

Só me resta aguardar o tempo dele.
E ir tocando a minha vida pra frente. Definitivamente, não vou usar isso como uma desculpa para comer doces, mesmo estando com uma TPM FDP.
E aqui posso ser até injusta, afinal, quem poderá me punir? Você, eu? não estou nem a fim!
Amanhã tudo ficará bem, basta de usar o cérebro por hoje, agora vou tomar um banho, continuar lendo 1808, um livro bem legal, na minha caminha e relaxar.
Amanhã, estarei abraçada ao meu amor gato, gato de bonito e gato no modo de agir.
E digo para mim:
- Por favor, Senhora, adiante!

Ontem eu consegui!

Hehe, só para marcar aqui: ONTEM EU CONSEGUI!!!


É isso, comer o tal do macarrão chinês é a solução, vou patentear isso!


Quer fazer dieta mas não consegue segurar a maldita compulsão gulosa? COMA MACARRÃO CHINÊS! E no outro dia você conseguirá ficar abstinente!
Ô Cristo, me perdoe! Não quis ser ingrata ou irônica, mas né que, no meu caso, o tal do simbolismo do macarrão chinês funcionou mesmo?
Vixe, lá vou eu falando besteira de novo... desculpe, lado anjo; lado capeta, tou de olho em tu!
Falando sério:
Ontem eu consegui me manter lúcida e no domínio da compulsão. De alguma forma, acredito que tenha chegado mesmo a hora, aquela hora em que você não suporta mais estar se destruindo, e então eu consegui manter a calma e controlar o impulso de comer exageradamente.

Outra coisa importante, importantíssima, é que segunda começo a ser servidora pública, emprego garantido, isso me fez deixar de lado muitos e muitos medos que me acompanhavam há anos, andei lendo o que escrevi logo que abri este espaço, estava muito insegura e triste.
E melhor, acredito que ainda há chance de ser chamada, daqui para o final do ano, para outro que paga um pouco melhor, também federal.
Um sonho realizado.

Em relação a hoje, estou confiante, acredito que vou conseguir de novo. Basta de tristeza gerada por mim mesma. Quero melhorar.
Lembro da última conversa que tive com vovó, ela me falou sobre um primo meu que está com obesidade mórbida. Ela disse:
- Minha filha, Fulaninho está muito gordo, tão gordo que já não tem vontade de sair de casa, que tem vergonha de ir pra faculdade, se ele já era tímido, agora é que não quer sair do quarto.
- Eu conversei com ele e perguntei porque ele não tentava comer diferente e ele me disse que só gostava de pizza, refrigerante e docinhos e por ai vai. Ora, gostar dessas comidas todo mundo gosta, eu, adoro! Mas estou há sete anos sem comer sal por causa da merda dos meus rins, que não deixam, e eu adoro comida com sal. Mas vou morrer por isso?
- Não, a gente tá nessa vida pra tentar viver da melhor forma possível, e nem sempre dá pra fazer só o que se gosta, olha o preço que ele está pagando!
É, vó, se a senhora aos 88 anos estava abrindo mão de tantas comidas que gostava e de comida com sal para ter qualidade de vida e aproveitar o que lhe restava, porque eu, Mulher, não posso fazer o mesmo e tornar a minha vida mais fácil enfrentando o meu problema da compulsão?
É vó, um pouco da nossa conversa também me ajudou a enxergar que eu estava agindo como Fulaninho.
Eu estava desistindo de me sentir bem comigo, com meu corpo, para só dar atenção ao paladar.
E pior, eu já já faço quarenta anos. E também me lembro da frase que ouvi de uma amiga minha semana passada:
- Mulher, você precisa emagrecer para poder ter o filho que vocês querem ter... ou por acaso você vai deixar o tempo passar, por estar gorda? Comece logo a sua dieta.

E quem sabe meu amado esteja precisando de companhia para começar a batalha dele? se for, estarei aqui, ou lá, com ele. Uma coisa eu tenho certeza: não fazer parte da dupla que se apóia para comer já trará algum benefício.

Resumindo: chegou a hora.
O macarrão chinês da brincadeira acima foi importante pelo seu simbolismo. Ele marcou, duas vezes, o início de uma batalha.
Uma que eu já ganhei.
Outra que está apenas começando.


quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reflexiva


Já andei, 4 km, não são 6, mas são 4, né? É, já é meio caminho andado.
Já posso dizer que segurei a compulsão por hoje, ainda falta um bocado para eu ir dormir, mas acredito que, por hoje, eu me garanto.
Amanhã é o dia da minha nova cardiologista, uma que é especialista em gestação. É, mais um passo em direção ao nosso filhote, meu e de meu amor.

Na verdade queria desopilar um tico. E o espaço que eu tenho é este. Ele é meu, estou e vou continuar utilizando ele para ajustar meus pensamentos, para raciocinar com mais clareza.

Semana passada, o final de semana e esta semana estão sendo atípicos. Muito muito. Por vários motivos que já esclareci pra mim, e se você quiser, para você também.
Agora, neste momento, estou com saudade de encanto.
Não sou egoísta ou maluca, sei reconhecer que o amor da minha vida esteve totalmente do meu lado, em todos os momentos, e em todos esses momentos atípicos.
O que estou querendo dizer (não é uma reclamação) é que estou com saudade de deitar abraçada, sem ter obrigação com mais ninguém, sem ter que resolver nada, sem ter nenhuma novidade ruim para trazer tristeza.
Queria, hoje, algo que está além até do que fazer amor. Queria intimidade, a maior que existe, a da alma.

Eu acredito que estou pronta para subir o poço em que mergulhei. Me lembro da época, quase que ainda agora, quando estava me sentindo bem com o meu corpo. Era tão gostoso isso de me sentir bonita mesmo, de me sentir bem na minha casa. Está na hora de reconquistar o meu espaço.
Da mesma forma, o amor da minha vida está bastante acima do peso. Isso o incomoda. Na verdade, estamos bem parecidos nisso. É estranho ver a pessoa que você ama na mesma situação que você. Só que ele tem um agravante: fuma e detesta fazer o mais simples e menos nocivo dos exercícios, caminhar. Aí, só esperar a vontade de fazer dieta aparecer, é osso. O que ele tem de bom é que é jovem, queria que ele aproveitasse isso e usasse a seu favor, com um pouco menos de esforço ele pode conseguir maiores resultados.
Ô Deus do céu, por favor, não permita que nós dois entremos no automático. Não permita que nosso relacionamento entre no corriqueiro e esperado. Por mim, sei que isso não aconteceu e não acontecerá, mas peço que não aconteça, por ele.
Quando ele está jururu e diz que está com saudade eu dou nó em pingo d'água e tento melhorar essa carência.
Quando acontece de ficarmos uns dois ou três dias sem nos ver e eu digo que estou com saudade, ele as vezes faz questão de vir para junto, noutras vezes, como hoje, me diz que não está diferente, que está apenas vendo um filme, que não há nada de mais etc etc etc, mas não entra em sintonia comigo, na verdade, age feito um gato, que quer simplesmente ficar no lugar que o pertence, sem ser importunado. É, eu já disse isso antes, seria mais fácil se ele dissesse: olha, eu estou a fim de ficar sozinho, ponto. Não me importa se você está carente ou não. Simplemente eu estou a fim do meu espaço.

Tudo bem, na verdade ele já disse, só que de outro modo, então, eu que estive me fazendo de doida em enxergar a minha vontade de estar junto, e não enxergar a dele de estar separado.
Não vou morrer por isso.
Aliás, nem mesmo, a partir deste momento, sentirei qualquer emoção em relação a isso.
Assim como ele o fez, desde momento em diante, por hoje, eu me basto.
E se for necessário, por amanhã também.
Passe bem, eu também.


Só por hoje? OH, YES!!! (e sem pero no mucho!). ARRETADO DE BOM!!!


-Foi hoje!!! Foi hoje, foi hoje, foi hojeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-(Calma, Mulher! Toda vez que tu te anima demais acaba dando em M!)
- Putz, desculpe o "putz", meu lado anjo, mas porque você não me deixa ficar exultante para comemorar o fato de que hoje estou no comando? Isso de tentar andar sempre no meio termo as vezes é tão chato!

-(O dia por acaso já terminou, Mulher? Vai parar de batalhar para, em pleno campo de guerra, fazer uma festinha? Faz o seguinte: quando você der o dia por terminado, depois que você fizer a avaliação de tudo o que comeu hoje, se caminhou ou não, quando você estiver deitada, prontinha para ir dormir, dentes escovados para não ter coragem de comer e ter que escová-los de novo, ai sim, diga OH YES , SEM PERO NO MUCHO, DIGA VIVA, CANTE OS PARABÉNS PARA VOCÊ E POR AÍ VAI! Mas agora, se lembre do lema: só por hoje, e para dizer que cumpriu o hoje, o hoje precisa ter terminado. Estamos entendidos???)

- Vixe, sim, capitão, mais alguma ordem?

-(Sim, não enrole a caminhada hoje. Você tem hora marcada com a pista, estou de olho, nada de me enrolar, se lembre de que, afinal, eu sou você, ou pelo menos uma parte de você, e além do mais, eu estou aqui por sua própria ordem, por sua tal de sentença irrecorrível... ou por acaso não acha que seria mais fácil deixar você se entregar ao seu lado capeta, ao seu lado gula e eu ficar descansando?
Claro que é mais difícil lutar contra a compulsão, ainda mais quando ela ainda está dum tamanho muito, muito maior que o seu, mas, por sua ordem, vou ajudá-la a dobrar a maldita de colocá-la na caixinha de particularidades suas, digo, nossas).

- Ok, ... posso pelo menos gritar um mero "oba", assim, bem mixuruca, com todas as letras minúsculas?

-(Arre égua, como é insistente essa Mulher, vai, pode.)

-OBA, desculpe, oba!
- Ah, esqueci de apresentar, coloquei lá em cima uma foto do meu lado anjo, no auge do esforço para me ajudar!
- Pronto, anjo, devidas apresentações feitas, o povo pode até achar você chato, mas pelo menos não te achará feio...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Só por hoje? Não, não por hoje.


Comi, comi besteira. Muita.

Estou envergonhada? Já nem sei mais, acho que sim, talvez não, ou mais ou menos.

E de que adianta sentir vergonha, de que adianta mentir?

Consegui não comer um monte de doces, o que já é alguma coisa, ou não...

Hoje refiz o mesmo ritual do dia do meu aniversário, data que marquei para iniciar uma nova vida. Na noite do meu aniversário, há dois anos, depois de cantar os parabéns fui comer macarrrão chinês, pois era uma comida que há muito tempo eu estava com vontade de comer, e eu não queria começar uma grande caminhada deixando uma vontade gastronômica mal resolvida.

Da mesma forma que há dois anos, há um tempão que estava com vontade de comer a mesma comida chinesa que falei acima. E fui. Não estava uma delícia, mas ao mesmo tempo não me dará o direito de dizer que deixei uma vontade em aberto.

Comi o bendito macarrão chinês.

Amanhã espero que aconteça o mesmo que aconteceu há dois anos, que realmente em comece a caminhada de subida do poço, pois já estou com água no pescoço e começam a jogar água para ficar mais fundo. Começam não, eu sei que sou eu que mando a água me afogar e aumentar a profundidade.

Ainda acredito que sei nadar, ainda acredito que vou escalar a merda desta parede.

Vamos, pra frente.

Isso vai dar um trabalho!!!


Credo cruz! Credo cruz três vezes! Vá de retro, compulsão maldita!

E que Deus me ajude!

Nesses dias a compulsão fez morada em mim, confortavelmente instalada esteve alegremente livre e solta em meu corpitcho (ou seria corpãotcho, eca!) e sem censura alguma em minha mente.
É, Dona Compulsão, chegou a hora de voltar pra sua gaiola, chegou a hora de você ser guardada na caixinha. E nem se anime, sei que você vai dar trabalho para se dobrar e caber lá, mas eu estou com coragem, e você, mocinha malvada, está frita!

Tá, mas falando sério, ou pelo menos um pouco sério...

Já ultrapassei o limite, o limite que eu havia imposto a mim (muito lá atrás) foi desconsiderado há muito tempo. Agora, luzes vermelhas gigantescas me alertam: Mulher, você está por um fio, tome uma decisão!
E como um suicida que lá do alto do prédio olha para a multidão e para as luzes dos carros de bombeiros lá em baixo. E pensa:
-Porra, como é que eu fiz tanta besteira pra chegar a esse ponto? Dá para voltar atrás?

E o seu lado anjo diz:
- Claro que dá! Sempre dá! Você já esteve aqui antes, você já brincou muito mais do que isso com a sua saúde e com o seu corpo e já constatou que é capaz de dominar sua inimiga e de chegar exatamente onde você quer. Por que desistiria agora? O que vai ganhar com isso? Além do mais, esse abismo aí em baixo dos seus pés só existe na sua cabeça, mas se continuar agindo feito uma gorda desenfreada, que é o que a compulsão mais quer, ele se tornará real. E a queda dói, dói muito. Imagine seu corpo disforme lá em baixo, e mais, sem caber em nenhuma roupa, te trazendo vergonha de sair por ai e curtir a vida, te tirando o tesão de fazer amor com o amor da tua vida, te fazendo tomar remédio para pressão, para depressão, para tensão, tirando a tua saúde, a tua capacidade de se divertir em andar de bicicleta, te dando vergonha de experimentar o paintball... você quer abrir mão do que mais te dá prazer na tua vida, vai abrir mão de tudo isso em troca de apenas um sentido: o paladar?
Acorda, Mulher! Dá vontade de bater em tu pra ver se tu acorda!

E o seu lado capeta diz:
- Hum, imagina que queda gostosa...! Aqui no mundo do pensamento a queda é bem devagarzinho, vai dar tempo de comer delícias, vai dar tempo de você sentir tantos sabores deliciosos... delicias deliciosíssimas.... imagine: tortinhas, bolinhos, pãezinhos de queijo, coca-cola zero, muita coca zero, chocolate, pudim, quindim, picanha, pavê, sanduiche, tudo, tudo que você adora saborear estará te amparando nesta queda, inclusive eu estarei sempre com você, te aconselhando a não abrir mão do que gosta de comer, do que te dá um prazer imensurável em comer. Escolhendo esse caminho basta você comer para se sentir calminha. A comida, tua companheira, substituirá tudo e tomará conta da tua vida. Você não vai mais sentir dor, nem ansiedade, nem tristeza, nem vontade, você poderá viver confortavelmente descansando em casa, a comida será tua companheira incondicional.


Vocês dois, CALEM-SE!!!

Sou a dona desta joça aqui, calem-se que estou em reunião comigo. Ouviram?
C A L A D O S!
e................................................... depois de muitos matutar comigo mesma (na verdade, estou agora repensando a decisão que tomei ontem à noite)..............................................................................................................................

Agora, calados, sentem e escutem. Já tomei a minha decisão.

Você, compulsão, meu lado capeta:
- Você foi considerada CULPADA. Recebera o castigo da minha determinação. A mesma que há algum tempo me ajudou a dobrá-la e colocá-la no seu devido lugar: numa das caixinhas das minhas particularidades. E não chore, não estou minimizando a sua importãncia, mas entre você com seu tamanho enorme e eu aprisionada em um corpo descomunal, escolho aproveitar a vida, escolho poder andar de bicicleta, passear, fazer amor, trabalhar, amar e me divertir em um corpo que me ajude a eu me sentir bem, num corpo que funcione como uma boa máquina, forte, saudável.

Você, consciência, meu lado anjo:
- Seus argumentos são indiscutíveis, e aproveitando o meu papel de juiza, a intimo a ficar permanentemente junto a mim nesta minha nova caminhada de reconquista do meu corpo. Considere que estou agradecendo a você e ao mesmo tempo estou te intimando compulsoriamente a me ajudar.

Mais um detalhe. Este espaço é meu. Só meu. E das minhas decisões não cabem recursos ( a não ser que eu decidisse que haveria, claro). Aqui, não há instãncia superior.
Caso encerrado. Coisa julgada. Direito adquirido.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

VOVÓ, por derradeiro

Ontem à noite minha avó morreu. Aconteceu da forma que ela sempre desejou. Sem sofrimento, sem ficar presa a uma cama, lúcida (pelo menos até o dia anterior), simplesmente o coração dela parou. Chegou a sua hora.
Assim que soubemos da notícia fomos todos para o hospital. Havia uma necessidade de calor familiar, aquele que conforta e conforma. Juntos, sempre fica mais fácil enfrentar momentos desconcertantes.

Alguns filhos dela estavam lá, outros haviam se dopado para dormir e não poderiam seguir para o cemitério e velório ainda de noite. Cada um ao seu tempo se despediu de vovó ainda lúcida, cada um chegaria, cedo ou tarde, para o último momento.
Deixe agora que eu fale um tiquinho de vovó. Minha vó forte, gente, medrosa, irônica, alegre, presente, minha avó de tiradas irônicas e cortantes, que já não assustavam mais, mas sim divertiam os encontros familiares, pois se tornaram uma marca registrada sua, a ser contada como excentricidade.
Ontem à noite toda a raiva que senti de mainha passou, sou grata por isso.
Ontem a noite mesmo, durante o velório, após o choro, a tristeza e a consternação, resgatou-se em minha família uma característica que sempre amei. A capacidade de encontrar motivos para celebrar a vida, mesmo que seja a vida de quem está partindo.
Começamos a conversar sobre particularidades de vovó, sim, as que ser tornaram sua marca registrada.
Vovó no caixão ficou com um rosto bonito, sereno, ficou exatamente com queria, bonita e perfumada. E daí vão umas de suas histórias:

Desde adolescente que eu me lembro de vovó ter me mostrado, dobradinho num plástico, um bonito vestido azul com cianinhas brancas, que ela guardava para ser enterrada no dia em que morresse, pois dizia que não queria dar trabalho a ninguém. E a gente sempre comentava: vovó, guardar um vestido já de agora, pra quê? E vai que chegava uma festa e vinha vovó com o bendito vestido da hora final...!

Pronto, tava feita a zona! E aquele vestido não serviria mais, ela teria que fazer um vestido novo. De lá para cá, nas conversas de ontem, foram costurados, guardados e usados bem uns quinze!
E vovó sempre disse:
- Olhe, quando eu morrer, nada de flores! vocês sabem que tenho pavor de baratas e flores chamam baratas.
Assim nós fizemos, nada de flores, usamos tule, e você ficou linda.

- E me escutem, nada de velório demorado, cheio de velas e gente chorando um tempão! Quero que: morreu, enterrou!
Quase, vovó, você morreu ontem de noite e arengamos para seu sepultamento ser o primeiro da manhã.
Bom, nunca ouvimos falar em enterro de noite, então, ter sido o primeiro da manhã já foi além de razoável, a senhora há de concordar.

- Sim, e nada de caixão aberto, nem com janelinha! Não quero ninguém olhando para minha cara, sei lá se eu vou estar apresentável!
Hum, hem... isso aí foi difícil, vovó. O caixão não tinha janelinha, conforme você mandou. Mas quanto a não olhá-la, isso nós não cumprimos.
Primeiro porque você tem muita gente que a amou. Segundo porque você estava muito, muito apresentável.
Essa era, na verdade ainda é, a minha avó. Sua morte está muito recente para conseguir colocá-la apenas nas lembranças.
VOVÓ, MULHER, com todas as letras maiúsculas. Presente em nossas vidas, amada, cheia de vida, forte, as vezes insegura, gente, as vezes ele nos fazia raiva, sim, mas sempre, sempre, fez toda a diferença em nossas lembranças de vida.

Jamais vou querer transformá-la em santa. A sua graça está exatamente na pessoa que você é, exatamente nas suas qualidades, defeitos e particularidades.









domingo, 25 de abril de 2010

Manter a calma, apesar da raiva!




Vou logo avisando, estou com muita, muita irritação e raiva.

Vou despejar aqui, vou falar mal de pessoas que só eu posso falar mal. Você, nem pense em fazer isso.

Está difícil suportar a minha mãe.

Abro, dou licença, deixo ela passar com sua dor, aliás, todos deixamos, saio do caminho, tento ficar neutra, mas simplesmente as vezes é impossível. Ela sabe ser insuportável. E sei que, neste momento mais que em qualquer outro, é necessário ficar calada. Mas também é inegável ver que ela aproveita esse respeito para pisar, chatear, demonstrar insatisfação.
Tenho consciência de que é a mãe dela que está morrendo no hospital. Mas, putzgrila, há momentos em que é difícil aguentar.
Sim, estou com raiva. Me é impossível não ficar. Estou irritada! Muito.

Durante os três dias em que ficou na praia, de fato ela e painho precisavam porque estavam muito cansados, quando ela me ligava me chamava de meu amor pra lá, meu amor pra cá (ela nunca fez isso no dia a dia), Deus me perdoe, mas achava isso tão esquisito! Sabia que era uma, talvez, forma de gratidão por estar tomando conta da loja, mas me soava também falsidade, mãe, me perdoe, mas é verdade.

Ela voltou e continuamos a cuidar da loja para ela ficar com vovó.
Todas as reclamações de sempre, todas os desrespeitos de sempre, todos os abusos e detrimento em relação a mim voltaram com força total, como isso servisse para ela desopilar, descarregar a revolta.
Eu não aceito mais isso. Não devo porra de obrigação nenhuma de aguentar as provocações e reprovações por algo que não fiz.
Não cola mais.
Não sinto mais culpa.
Não procuro mais a aceitação dela e ponto final.
Não me sinto mais na obrigação de, almoçando todos juntos, lavar a louça do almoço ou do jantar enquanto minha irmã e seu esposo não ajudam em nada.
Não sinto mais pena dela ficar cansada se ela mesma se elege para tomar conta do meu amado sobrinho enquanto minha irmã e meu cunhado vão dormir.

Ontem à noite cheguei da loja e de uma bobagem que tinha para resolver em cima da hora para tomar banho para o casamento.
Me vesti rapidamente.
Chegou painho dizendo que ela queria a minha televisão no quarto dela, porque a televisão deles tinha quebrado.
Já pronta, fui ajudar painho a colocar a televisão no lugar, só que o telefone tocou para ele e colocamos a televisão em cima da cama. A danada caiu dela e ficou com uma rachadura no plástico. Voltei e fui ajudá-lo a colocá-la em cima do guarda-roupa, meu vestido quase rasga e mainha terminou de ajudar. Eram 19h50. O casamento era às 20h.

Chamei minha filha e pedi para meu pai tirar uma fotografia nossa juntas. Já estava suando.
Na hora, chega mainha perguntando a quem pertencia algumas blusas que a empregada deixou pendurada após passar. Eu perguntei se poderia guardar no outro dia, pois estava mais que atrasada para o casamento.
E ela responde:
- Pode guardar amanhã, depois de amanhã, daqui a três dias...!
Puta merda! É preciso ter um ovo de elefante para aguentar isso!
E durante todo o dia de hoje foram provocações desse tipo, inclusive na frente de minha irmã.
Me perdoe, meu Pai, mas dá vontade de mandar ela...
Por isso estou usando esse espaço para pensar, pensar em como posso desviar desse ciclo maldito.
Me ajude, por favor, me ajude a não me trocar com ela, a não enxergá-la como enxergo agora.




Vovó, de novo

Aos poucos ficam chegando imagens do jantar que tive com vovó na semana passada, imagens da quarta à noite, última vez que a vi acordada, no hospital. Queria tê-la visto ontem, mas estava trabalhando nos horários de visita, e à noite estava no casamento de uma amiga. Perdi a chance de vê-la lúcida ainda ontem.
Mais e principalmente, mesmo que eu tente distrair meus pensamentos, fico lembrando de vovó conversando, reclamando, contando histórias, e voltando um pouco mais no tempo, fico lembrando dela nos recebendo em longos almoços familiares.
Hoje de manhã, nós, da famíla, ficamos conversando sobre particularidades dela, sobre sua preocupação em estar cheirosa e limpa, de calçola nova, pois sempre dizia que jamais queria precisar ir para o hospital de última hora e estar de calcinha furada. E ainda ontem, na semi-UTI, durante o banho na cama ela reclamava que queria tomar banho de chuveiro, ficar limpa, pois estava se sentindo tomando banho de gato, zombava da situação dela mesma, de estar feia, desarrumada.
E enquanto ela conversava as visitas foram se alternando, reviu a maioria dos filhos e suas esposas e maridos, só faltou um que mora longe. Reviu a maioria dos netos.
De noite ela precisava usar até a meia-noite uma máscara de a ajudava a respirar. Pouco depois de colocá-la se queixou de calor e suor, mas aos poucos normalizou e com o tempo adormeceu, como já havia acontecido na primeira noite, pois a máscara lhe trazia mais conforto respiratório.
À meia-noite minha tia tirou a máscara e tentou acordá-la. Não conseguiu.
Vovó sofreu a nova hemorragia enquanto dormia.
Foi entubada e levada para a UTI.
Os exames mostram extensa área cerebral comprometida.
Tento pensar que o tempo cobra sua conta, de nada adianta a gente reclamar.
Tento pensar que ela não sofreu, o desligamento da família aconteceu dormindo.
Tento pensar que ela teve tempo de se despedir de todos nós, ou melhor, que nós tivemos tempo de nos despedir dela.
Na saída do hospital nos encontramos com a médica que cuidou dela durante anos. Ela estava tristonha, chorou. Concordou com o que eu disse, que se fosse possível mudar o cérebro de vovó para um corpo mais jovem, vovó sairia andando sem nem estranhar.
Essa médica teve e tem todo o nosso apoio. Fez o que tinha que ser feito. Vivemos com ela o seu dilema, a apoiamos na sua decisão.
Vovó estava bem e lúcida na semi-UTI, mas o trombo que estava no pulmão poderia se desprender a qualquer momento, causando uma fatal embolia pulmonar. Para evitar isso seria necessário aplicar novamente, mesmo que em dose mínima, o anticoagulante que poderia dissolver o trombo. Havia riscos de ambos os lados, é melhor ter uma chance do que nenhuma.
Vovó escolheu ter essa chance. A aposta não trouxe a vitória.

Vovó


Agora há pouco cheguei do hospital.

Vovó está incosciente, sedada. Os exames indicam que houve extensa hemorragia cerebral, com perda de consciência mesmo se não estivesse sedada. E além do mais, vovó sempre deixou bem claro que não gostaria de se ver naquela situação. E isso será respeitado.

Eu já estive uma noite numa UTI, como paciente, e foi a minha noite mais tranquila porque sabia que havia escapado da morte, tinha me livrado de uma acidente numa cirurgia, tinha 33 anos, e naquela noite, depois da cirurgia que consertou o que havia saído errado na cirurgia de vesícula, eu tinha a certeza de que a vida tinha me dado uma nova chance. E fiquei feliz da vida com isso.


Hoje, vi uma UTI completamente diferente da que fiquei, cheguei a ficar chocada, mas em seguida repensei e me acalmei.

Havia umas dez ou doze camas, uma ao lado da outra, todos os pacientes idosos, apenas dois acordados. O restante, assim como a minha avó, apenas estava sobrevivendo sem noção do que se passava a sua volta.

É difícil ver um ser humano entubado, alheio, cheio de tubos e fios tomando conta da sua vida. Depois repensei. Difícil mesmo é para quem vê e para quem está consciente do perigo que está correndo por precisar ir para lá.

Já a minha avó, assim como tantos outros, está lá só em corpo. A dor e a expectativa desapareceram.

Vi tios meus que eram uma rocha desabarem feito crianças indefesas. E isso traz uma sensação estranha, incômoda.

Meus pais, meus tios, eu, estamos ficando velhos também. Isso parece clichê, mas pense em você pensando e sentindo isso... é no mínimo uma sensação inquietante. Mas ao mesmo tempo, há momentos em que vem uma grande serenidade, juntamente com a aceitação de que isso faz parte da vida, de que é apenas um ciclo, inevitável e contínuo. E chego quase a sentir a certeza absoluta da minha fé em que as coisas não terminam aqui, que apenas passam por aqui.

Hoje à tarde irá uma médica realizar exames neurológicos para ver se aconteceu a morte cerebral. E se isso for positivo, tenho certeza de que a minha família se reunirá para autorizar que os aparelhos sejam desligados. Era a vontade de vovó, e assim será feito.

Final de semana diferente, muito!


Esse final de semana está sendo diferente, muito!
Ao invés de contar aleatoriamente, conforme minha necessidade da escala de emoções, vou contar do começo ao final.
Vou voltar um pouquinho no tempo e contar um acontecido na segunda-feira.

Eu já havia falado aqui das minha duas avós, do fato de serem irmãs, etc. Já falei também que a mãe de mainha é a avó que mais participou de nossas vidas, e que se pudesse colocar o seu cérebro num corpo mais novo ela daria nó em muitos de nós, tamanha a sua lucidez e intimidade com a atualidade. Também já disse que essa minha avó traz sentimento de dualidade, numa hora a gente a ama, noutra se chateia e até detesta pelos comentários. Mas sempre, sempre teve uma característica marcante: é cheia de vida e de muitas histórias para contar.
Eu passei alguns meses só me encontrando com ela em encontros familiares ou em alguma festa também familiar, pois inevitavelmente ela perguntava sobre concurso, sobre quando eu passaria e por aí vai.
Semana passada, finalmente aprovada em um concurso, fui à casa dela, jantamos juntas, conversamos. Foi delicioso redescobrir vovó. Foi delicioso estar em outra situação, dona de mim.
Nesta terça-feira vovó passou mal e precisou ser internada. Edema pulmonar. Depois de vários exames descobriu-se que foi causado por um trombo no pulmão.
Encontrei vovó de novo no hospital, conversamos, nós e um monte de gente da famíla. Mas tudo bem, quadro estável numa hora, noutra, precisou ir para a semi-uti, mas sempre lúcida e falante.


Pulo agora para o meu sábado.

Meu amor esteve comigo, trabalhando na loja. Ele assumiu comigo o encargo da loja, simplesmente chegou e assumiu o trabalho. Tão lindo isso! Tão companheiro!
De tarde ele foi para casa porque eu teria que ir ao casamento de uma amiga. E também eu tinha marcado de sair sozinha com minha filhota pois há muito tempo que não fazíamos isso.
Fomos eu e ela ao casamento, tentei ao máximo resgatar a intimidade que sempre tivemos, conversar. E né que deu certo? Êta gente mais linda é a minha filha! Bastou um esforcinho pra gente se reencontrar, conversar, sorrir juntas, em pouco tempo ela era a me abraçar, me dar cheirinhos.
Conversamos, escutei com paciência, e obtive a sintonia que sempre tivemos. Na verdade, bastava um empurrãozinho. A filhota e a mainha de sempre estavam lá, só estavam um pouquinho enferrujadas.
Amo.
Pense numa sensação boa!


Ontem à noite falei com meu lindo amor, dissemos um ao outro que nos amamos, desejei que ele se divertisse muito hoje. Pela primeira vez em meses ele sairá para encontrar os amigos para jogar paintball. Da mesma forma como precisei de um tempo com minha filha, ele precisa de rever amigos, ou amigos e colegas. Ele até me chamou para ir, se estivesse mais magra e com mais capacidade física iria mesmo, para jogar e me divertir, pois em jogos sou bastante competitiva, adoro a adrenalina da competição. Na verdade, não quis ir por dois motivos: para deixar ele ter o espaço dele com os amigos e também não quis ir por vergonha de estar acima do peso.
De noite vou dar um monte de beijinhos nele!
Amo.


Hoje, assim que acordei, li um bilhete de mainha dizendo que não adianta ir ao hospital ver vovó. Durante a madrugada ela não reagiu bem à medicação para reverter o risco do trombo pulmonar se transformar em embolia, teve hemorragia pulmonar e precisou ser sedada para ir para o respirador, pois não conseguia respirar direito.
Ontem mainha passou o dia lá e ela estava totalmente lúcida.
Os exames indicam hemorragia também cerebral, além de outras complicações.
Minha avó está inconsciente. Mas antes disso teve tempo de rever os filhos, de conversar, de acreditar que vai sair disso.
Se o quadro se reverterá, só Deus sabe. A nós, resta sempre torcer que sim, se isso ainda for capaz de lhe trazer qualidade de vida.
Vó, estamos aqui, torcendo e aguardando.

sábado, 24 de abril de 2010

Rotina e Amor

Pela primeira vez eu e meu amor estamos vivendo uma semana de rotina, da rotina trabalho, casa, trabalho, pouco tempo para namorar e mais trabalho...
O que posso dizer é que é diferente, mas muito reconfortante, gostoso.
Estávamos acostumados a grandes encontros, emoções que dão vontade de chorar de paz e felicidade, abraços e carinhos. São momentos mágicos.
Passar uma semana de rotina junto com meu amor foi pra lá de interessante. Descobrimos que também funcionamos bem juntos na rotina. Juntos, o dia a dia fica mais leve, mais morninho, mais tranquilo, mesmo que as tarefas a fazer peguem fogo.
Essa semana ele, mais uma vez, me mostrou o quanto me ama. Me ajudou em tudo que podia, esteve do meu lado em todos os momentos, fossem importantes ou rotineiros. E quer saber? num instante ele se tornou indispensável e, falando de forma prática, se tornou extremamente necessário na divisão dos serviços da loja.
Deus do céu! Ave Maria, como eu amo!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Saudade II


Porque escrevi aquele drama todo sobre minha filha?
Sei lá, em parte é drama, em parte é verdade.
Sei que isso de ser humano é complicado. Uma hora alegria, noutra, introspecção, solidão.
Estou exagerando de novo, eu sei, mas isso aqui é meu e escrevo o que der na telha.
Agora mesmo, já conversei com a minha filha, nos acertamos. E eu estou assistindo a um filme meio assustador, e estou adorando. Até pedi a ela, pois tenho muito medo de ET e esse filme é adaptação de fatos reais (contatos do quarto grau), que durma comigo caso eu fique realmente com medo. Estou entre satisfeita por estar sozinha e cismada por estar nesta situação.
Calma. Nada a ver com ET ou medo de traição por parte de meu noivo, é algo maior que isso.
Com relação ao meu noivo, aconteceu uma coisa engraçada. Antes eu dizia que ele era como gato, numa hora queria afago, aconchego, noutra queria estar sozinho com seu quarto e seu computador e filmes. Nada do outro mundo, mas ele era bem claro sobre isso.
Com o passar do tempo essa necessidade de estar sozinho foi diminuindo, mesmo porque ficamos grudados no final de semana e temos a semana para cada um viver para si.
Como sempre, passamos o final de semana grudados. Ele estava com muito tesão e carinho, eu adorei o clima e aproveitei, senti o mesmo. Fizemos amor várias vezes.
Ontem, quarta, foi feriado. Dormimos juntos na terça e ele quis assistir filme, nada de amor, apenas alguns carinhos. E ele até brincou que eu sempre estou disposta etc, mas não fizemos nada. Tudo bem. Depois que acabou o filme ele tentou me acordar com beijinhos, mas eu estava tão sonolenta que não consegui.
Na quarta de manhã ele quis fazer amor. Fizemos. Não foi mágico, mas foi muito bom.
Na quarta à noite, de novo, filme. E ele se chateou quando eu falei em fazer amor, disse que com aquele filme não dava para pensar nisso, que o filme era espiritual e por ai vai.
De novo tentou, depois do filme, me acordar com brincadeira. De novo, eu estava cansada e não acordei.
Passamos o dia normal, comum.
Iamos dormir esta semana juntos.
Hoje, ele já tinha dito que estava com vontade de ir para casa, pois ficaria aqui de noite e eu só ia chegar depois das 22 em casa porque tinha aula.
À tarde, eu tinha uma consulta marcada e que foi desmarcada em cima da hora.
A aula de hoje à noite também foi desmarcada.
Logo, eu ficaria em casa. E em casa estou agora.
Como ele já havia dito, desdito e disse de novo, disse que estava a fim de ir para casa, pois estava com saudade das coisas dele.
Sábado eu vou a um casamento e ele não poderá ir. Domingo ele sairá e eu não quero ir.
É, ninguém pretende ou consegue viver grudado sempre.
Na verdade, estou sentindo falta de, de fazer amor, é isso.
Ouvi dele que para fazer amor é necesssário todo um clima. É esquisito ouvir isso.
E com isso fica mais do que certo que é preciso nos distanciarmos.
Hoje ouvi sobre a mágica que foi o início do nosso namoro. Hoje fizemos planos para comemorar aniversário de um ano de namoro. Hoje dissemos que nos amamos. Hoje ele precisa do espaço dele. Hoje é um dia em que eu estou sentindo vontade de fazer amor, e não apenas no sentido físico. Hoje sinto falta de mágica.
Na verdade, é esquisita essa sensação de querer fazer amor e o outro não querer. Eu nunca havia passado por isso. E sei que estou exagerando, mas sou assim e ponto. Agora estou assim.
Pelo menos nos próximos dias eu não quero demonstrar que quero fazer amor. Isso é uma decisão minha e não vou mudá-la. Não quero ouvir que estou forçando a barra. Sei que ele não disse isso, mas isso de o filme não ser para este assunto soou estranho, muito. Pode ser que não tenha sido isso que ele quis dizer, mas isso de ter que ter todo um clima é estranho.
Há momentos, raros, é verdade, em que procuro desesperadamente por meu lado em que me fecho, em que sou pedra. Eu ando meio esquecida de que posso ser dura. Para falar a verdade, sou péssima em fazer isso com ele.
Não quero ficar chata, apenas me sinto esquisita. É a primeira vez que sinto vontade e ele não quer. Paciência. Acontece com qualquer ser humano, eu sei. Mas sentir isso comigo, isso são outros quinhentos.
Enfim, nada de anormal no meu reino. Apenas o de sempre.

Saudade


Pensei que minha filha nunca ia adolescer, aliás, cheguei a acreditar que esse processo seria tranquilo, como sempre foi nossa convivência. Afinal, a separação chegou.

É, estou exagerada, mas qual mãe não sente o que estou sentindo agora? perda, separação, dureza, diferenças, individualismo. De ambas as partes. Só que para eles isso é necessário e saudável. Para nós, mães, também, mas isso dói.

Eu tinha um relacionamento de total sintonia com minha filha. Nos dávamos bem. Sempre. Exageradamente bem, é verdade.

Sentíamos prazer em conversar até tarde na cama, em dividir a rotina, inclusive, durante o tempo em que tive apenas uma cama no meu quarto (hoje é de casal) praticamente toda noite ela trazia o colchão e dormia ao lado da minha cama.

Quando ela era pequena eu adorava (e ela também) contar histórias, de diversos livros, também sem ser da disney, e imitava as vozes e canções das historinhas. Até hoje as amigas dela se lembram e começam, de vez em quando, a cantar comigo a música de Pocahontas quando estamos no carro.

Continuo tendo um excelente relacionamento com a minha filha, mas sinto muita, muita falta do encanto, da sintonia exagerada.

Hoje escuto mais assuntos de paqueras do que posso achar graça, a vejo mais preocupada em deixar o cabelo sedoso do que a minha paciência pode aguentar. Nossas conversar quase sempre giram em eu ouvir o que ela tem a contar sobre esses assuntos.

Estou sendo injusta, isso é bem verdade, pois conversamos sobre vestibular, sobre suas inseguranças e incertezas, e sempre a apóio.

Sei que muitas mães teriam inveja de ter uma filha que conta quase tudo sobre o que acontece no dia a dia com ela. Me desculpem, sou uma injusta sim.

Me queixo porque sou humana. Me queixo porque isso faz parte: a insatisfação.

Minha filha é exatamente o que sempre desejei: um ser humano mais forte do que eu. Um ser humano mais capaz de suportar as agruras sem ficar calada. Um ser humano capaz de ser mais feliz e de lutar mais pelo que deseja. Ultimamente, raramente a vi suportar calada as confusões humanas à sua volta. E tenho muito orgulho disso.

Comecei a escrever isso aqui, parei, fomos conversar...


Se de um lado ela cresceu, sei que de outro eu também me afastei e me tornei mais individualista por ter o companheiro que amo.

Passei a me enxergar como Mulher, não apenas como mãe. E isso, juntamente com o crescimento dela, nos afastou um pouco.

Acabamos de conversar, entendi o lado que ela me mostrou.

Vi que se trata apenas de ajustes, doloridos, mas necessários.

Sábado iremos ao casamento de uma amiga minha. Eu e ela, pois por outros motivos meu noivo não irá. Combinamos, já que o casamento será rápido, de depois dele sairmos sozinhas para lanchar. Faz tempo que não nos curtimos, só eu e ela.

Tenho uma filha maravilhosa. Um ser humano lindo.

Precisamos apenas conversar mais, e faremos isso.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Falta de tempo

Cadê o meu, o teu, o nosso, o deles, cadê o tempo?
Só o que vejo é muita gente apressada, irritada, aperriada, entediada com a rotina pesada e massificante, com as dívidas, com o calor, com o frio, com os revezes da natureza, com o futuro, com o difícil presente, com as dívidas etc, etc, etc.
Sinto tanta falta do tempo do bom humor, do tempo com tempo, dos veraneios, dos jogos de peteca, de andar de barco, de conversar potoca no terraço, de sair de bicicleta sem correr risco. Mas, principalmente, sinto falta da leveza que a vida pode ter, ou pelo menos podia ter. E esse não é um sentimento só meu. Diariamente, na loja, nas conversas, nos desânimos das minha amigas e no meu próprio, vejo uma geração que foi dividida. Vivemos os bons tempos de bagunça em família, em conjunto, e agora temos alguns momentos no domingo, talvez, quando não a família toda, mas apenas os pais e os filhos casados se juntam para almoçar.
Essa sensação de perda faz parte da minha geração. Perdemos para o estresse, para a pressa, para a contenção de despesas, para o pouco tempo para relaxar.
Minha filha já pegou quase nada dessa época de descanso conjunto em família. Hoje, encontros familiares, só os apressados, cada um seguindo para suas casas logo em seguida.
GENTE, O QUE HOUVE?
As vezes acho que perdi o bonde. Muitas vezes me acho deslocada. Não nasci para esta época de agora. Não nasci para me trancar e me dar por feliz em trabalhar, voltar para casa, comer, dormir, trabalhar de novo e voltar para casa!
Preciso de encontros familiares, preciso de gente sorrindo, de almoços regados a piadas, de gente dormindo em colchões numa casa de praia que quase não cabia todo mundo, preciso de alegria, da alegria da minha família, da alegria de gente que quero bem.
O que sinto é que a alegria foi fracionada, medida e pesada.
Eu, no meio do povão que conheço, sou extremamente felizarda. Nem poderia reclamar tanto, mas reclamo sim.
Sei que tenho o amor da minha vida. Sei que fui abençoada. Sei que temos um ao outro, que nos completamos, que temos sintonia, intimidade e tudo mais que poderia desejar para minha vida em termos de companheiro.
O que estou falando é de outras relações, daquelas que também ajudam a montar o caráter, o ânimo, a sensação de ter e ser família, família grande, que inclui avós, pais, irmãos, tios e primos, além da família núcleo, de noivo, filha.
Meu noivo também sente, assim como todas as pessoas de nossas gerações, falta da doce algazarra que havia em nossas vidas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010




Eu sou maluca. É, eu sou maluca! Sou doida varrida! Lelezinha da cachola!
... preciso me convencer rapidamente disso, antes de ir me deitar para dormir!
VOCÊ (EU, NO CASO) É DOIDA!!!
Eu preciso encontrar agorinha um motivo para justificar a minha gula!
É, definitivamente mainha escondeu de mim esse tempo todo: EU SOU DOIDA!

Usar este espaço como terapia não está funcionando de PN!

Encarar que sou comedora compulsiva, idem PN!

Então, preciso de uma desculpa imbatível e que me traga alívio: SOU DESCONTROLADA E NÃO POSSO ME RESPONSABILIZAR POR MEUS ATOS COMESTÍVEIS!
Ponto.
Ponto o quê? Eu devo estar deixando Deus cansado!

Tá, Mulher, tu tá aperriada e eu te desculpo por falar tanta merda!

Todos os motivos que me aperriavam e que eu julgava serem os culpados pela compulsão, foram aliviados.

Estou numa fase tranquila e de preparativo investir em novas conquistas.

Todos aqui de casa e da família do meu lindo amor sabem e aprovam a nossa vontade de ter um filho.

O medo de não ter o dinheiro para garantir o básico para a sobrevivência já não precisa mais existir, esse básico está garantido. E em tese, é dificílimo perdê-lo.

Só falta eu perder o maldito peso acumulado com a compulsão por comida. Putizgrila! SÓ FALTA ISSO!
O QUE DANADO EU ESTOU FAZENDO COMIGO?

Já estou no rol das gordinhas. Já estou me sentindo feinha. Minhas roupas mais do estilo que gosto, casual e clássico, nem em sonho me cabem. Estou entrando no estilo: gordinha que fica feliz em encontrar qualquer roupa frouxa que não cole na barriga.

ME DIZ, MULHER, QUÊ QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO CONTIGO?
TU PIROU? É, TALVEZ SEJA MAIS RECONFORTANTE PENSAR QUE PIREI...
TALVEZ SEJA.
TALVES SEJA O C.! TALVEZ SEJA, NADA! NADICA DE NADA!
DEIXA DE TUA FRESCURA, MULHER!
E VAI TRATAR DE CONTROLAR TUA COMPULSÃO!

É, TÁ, EU VOU, MAS PODE SER AMANHÃ? HOJE JÁ ESTOU CANSADA...
E QUER SABER? SOU PIRADA COISA NENHUMA!
TALVEZ SEJA CONDESCENDENTE DEMAIS COMIGO MESMA, ACHO QUE A RESPOSTA ESTÁ POR AÍ. OU NÃO...
SÓ DE UMA COISA EU TENHO CERTEZA: PRECISO ACHAR MEU EIXO!
PÉRA, TIVE UMA ÓTIMA IDÉIA!
... TEU EIXO ESTÁ EM BOM ESTADO?
QUER VENDER?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Visita à vovó

Minhas avós são irmãs. Isso mesmo. E adivinha?
Meus pais são primos legítimos.

Minhas avós são tão diferentes! Em características típicas de avós, em comportamento, em fisionomia, aliás, minhas avós são tão diferentes que quase me esqueço de que são irmãs. Mas era facinho de lembrar, bastava ver painho chamando a mãe de mainha de tia e mainha idem com a mãe de painho. Além disso, sempre tem aquelas histórias deliciosas sobre passeios e festas em que os irmãos de vovó(s) as levavam pelo sertão, de lambreta, para as festas que duravam a noite inteira; também adoro as histórias sobre namorados que não tinham permissão para beijar e de meu bisavô sentado na sala com os duas e seus distintos.


Adoro a mãe de mainha contando sobre andar a cavalo sentada de lado, adoro histórias sobre tempos sem geladeira, sem ar condicionado, sobre quando o tempo escorria lento, sobre quando a vida tinha tempo.
Ambas minhas avós viveram intensamente. Tempos fáceis e dificílimos estiveram em suas vidas.

A mãe de painho, que já foi desta para melhor, morreu no quarto que durmo hoje, da forma como queria, calmamente, sem tubos de oxigênio, sem lençol branco e impessoal com nome de hospital. Morreu bem velhinha. Eu também gostaria de ir assim (bem velhinha, claro), sem solidão, sem impessoalidade, sem medos bobos, naturalmente, cercada de gente que se preocupou comigo.
Essa minha vó sempre tratou bem os netos. Era durona. As vezes sorridente, muitas vezes impessoal. Vivia voltada mais para o seu mundo. Viveu sua vida. Nos recebia cordialmente, os netos, mas sempre senti que só os filhos dela atingiam verdadeiramente o seu coração.
Vovó, um grande abraço. De sua neta que te quer bem.

A mãe de mainha, minha vó que fui visitar hoje, ah, vovó! Digo sempre que o que envelheceu em vovó foi só o corpo, a cabeça, se pudesse ser transplantada para um corpo jovem, vixe Maria, ia dar um trabalho!
Essa vovó chegou mais perto de nós, os netos.
É daquelas pessoas que não te deixam indiferente: uma hora você ama, noutra (poucas) tem raiva, num momento você leva um fora inesperado, noutro você fica super feliz com um elogio.
Essa minha vovó participa da nossa vida, e isso faz toda a diferença! E que fique bem claro que não estou desmerecendo a irmã dela, minha outra vó.
Na casa dessa vó sempre havia almoços familiares imensos, regados a piadas, a um mundo de comidas, a gente sorrindo da vida, pela vida, zonando das dificuldades, reforçando laços familiares, fofocando, se divertindo. Almoços maravilhosos!
Sobre essa vó, passei um tempo sem visitá-la, é verdade, mas é que eu andava cismada de que ela perguntaria inevitavelmente sobre ter passado ou não num concurso... então, para evitar a cobrança dela e a minha comigo, evitei.
Hoje, minha tia enviou mensagem dizendo que os exames de vovó indicam que sua função renal piorou (em breve terá que fazer hemodiálise), dizia que vovó estava baixo astral, pedia que a visitássemos.
E eu fui. Aproveitei para dizer que tinha ido para contar oficialmente a notícia do concurso.
Foi tão bom!!!
Depois de se queixar, lamentar e me contar sobre suas dores e doenças (o que é necessário ouvir para aliviá-la), foi um delícia ver minha vó surgir de novo com suas histórias. Sempre me lembram as histórias dos romances de banca de revista. Adoro.
Foi delicioso redescobrir vovó. A que eu adoro, a que eu não adoro, a que eu não queria ver, a que eu adorei ver.
Ela soube se fazer presente em nossas vidas. Suas característica boas e também as ruins jamais se fizeram indiferente. E isso a faz muito, muito querida.
Força, vovó. Estamos aqui.

Acho arretado isso da minha família encarar a velhice com compaixão, com uma certa serenidade, sem deixar o velho entregue a terceiros, como um estorvo a ser tratado.
Foi necessário hospital? pode até ter uma secretária para revezar, mas tem que ter gente da família se revezando e quem for, vá disposto a conversar se vovó assim o desejar.
Detesto ver gente tratando velho como retardado:
- Vamos tomar a sopinha, dona fulana? a sopinha está gostosa!
E a maioria fala com os velhos muito alto e de forma infantil.
Gente, velho é só velho! Continua sendo gente, adulto, igual a mim, igual a você.

Painho sempre me disse um frase com a qual concordo plenamente: os velhos da nossa família, nós cuidamos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PERSEGUIDA PELA COMPULSÃO


PROIBIDO PARA MENORES, HOJE VAI SAIR MUITO PALAVRÃO...!

Tá! Eu sei que eu tenho quarenta anos (na verdade, quase, então, tenho só trinta e novinhos, ou seriam trinta e nove pré-velhinhos?) Pré-velhinhos é uma caçamba! Me respeite! É, mas como sou eu que estou escrevendo, é: Mulher, se respeite!

Eu, Mulher, me respeito, e esse espaço aqui é meu, e vou falar um monte de besteira mesmo. E daí? QUER BRIGAR?

Tou falando merda, TOU, e daí? Só eu vou ler esta meleca mesmo!

Mas, se tu vier aqui e tiver um tico de compaixão...
HELP ME!
SOCORRO!
ME ACUDA!
TÔ EM PERIGO!
ARRE ÉGUA!
LÁ VAI, PRECISO DESABAFAR: PUTZ GRILA, PQP, C. DE ASA!

Agora me dê licença que vou falar diretamente para a compulsão:
- Ô FILHA DUMA ÉGUA, PORQUE VOCÊ NÃO VAI PERSEGUIR OUTRA?
- TU NÃO TEM MÃE NÃO? ISSO É HORA DE ESTAR NA CASA DOS OUTROS? (na minha, no caso?)
- Ô VADIA, PORQUE TU ME USA PARA ALIMENTAR A TUA GULA?
Ai que óidio (é, meu noivo percebeu que só digo óidio quando digo ódio). AI QUE ÓIDIOOOOOO!!!
Comi um monte de besteira hoje!
Acabo de descobrir que esta grande trapaceira e sociopata que é a compulsão, gosta de companhia.
Logo hoje, que comecei o dia tão direitinho!
Caminhei, conversei com amiga, vi my love lindo, conversei com minha filhota... tudo perfeito para ter um lindo dia (e foi, ou você acha bem que eu vou dar à compulsão o crédito de ter estragado o meu dia?).
Passei a manhã resolvendo algumas coisas, almocei tudo certinho: verdurinhas saudáveis, suco, carne sem gordura... e não posso me queixar, até as comidas saudáveis da loja são gostosas.

Mas aí veio a tarde e as malditas tortinhas de doce de leite vieram em comboio de ataque junto com a torta de morango com chocolate. MALDIÇÃO! RAIOS, RAIOS, RAIOS, MIL VEZES RAIOS! (eita que isso era de algum filminho de desenho animado, tipo... Capitão Caverna? Penélope Charmosa? como diria meu noivo: isso é antiiiiiiiiigo!).

Bom, voltando:
Estava eu lindinha e arrumada trabalhando na loja, quando fui bombardeada pelo monstro disfarçado de tortinhas.
Mais moderno que a bruxa de Branca de Neve, o meu inimigo não usou maçã (ele já sabia que em tempos de fast food e códigos de barra, maçã é pré histórica e dietética), então, ele inteirinho se disfarçou de deliciosas tortas, tortinhas e docinhos.
MALDITO!
Me pegou desprevenida!

EU COMI, É, EU ADMITO, EU COMI!
E DE QUÊ ADIANTA ESSA &¨%$%$ DE ADMITIR? POR ACASO AS CALORIAS IRÃO ME ABANDONAR?
Nem sei porque estou aqui, escrevendo tanta besteira.

Ai Mulher, vai à merda!
(TÁ FICANDO DOIDA, CHAMANDO NOME FEIO CONTIGO?) (OU SERIA CONSIGO? JÁ QUE SOU EU? SERÁ QUE CONSIGO MESMA ESTÁ ERRADO MESMO?)
- AH, VAI DORMIR, ABESTADA!
- É TU QUE É ABESTADA!
- VAI DORMIR, MULHER!
- SÓ SE VOCÊ ME PEDIR DESCULPAS!
- AI MEU SAQUINHO...
- VAI DORMIR, MULHER QUE INVENTOU A MULHER!
- TÁ, AGORA EU VOU, BOA NOITE, MULHER DAQUI.
- VAI EMBORA LOGO DORMIR, MULHER DAÍ. TÁ, BOA NOITE!

domingo, 11 de abril de 2010

Pensamentos num domingo


É e está sendo ótimo receber os parabéns por ter passado nesse concurso. É reconfortante estar em outra posição, poder endurecer um pouco o pescoço, ter o início da autonomia financeira que preciso para ir adiante. Como diz o credicard: isso não tem preço! O salário a receber é infinitamente menor do que o bem que isso está me fazendo.

Taí uma coisa interessante:

Pensei que as sensações ruins que me acompanham há anos fossem simplesmente desaparecer, sumir. Mas isso funciona de uma forma diferente. As sensações de insegurança e outras nóias acumuladas ao longo dos anos continuam chegando na hora de sempre. O que se modificou foi a minha receptividade a elas.
É como se elas já conhecessem o endereço para chegar a mim, e quando elas chegam eu tenho que dizer:
- Mocinhas, arranjem outra morada, a casa foi modificada e não há mais quarto para vocês.
- A Mulher que vocês tanto amedrontaram durante anos e que precisava racionalizar o medo que vocês causavam para conseguir seguir em frente, não precisa mais sequer pensar em vocês, logo, deêm meia volta e sumam daqui!
Então, é isso: eu estou me adaptando a uma nova fase que está começando. E embora a Mulher sabotadora continue me atacando com as mesmas armas de sempre, é delicioso verificar que agora posso reagir de forma diferente e inutilizar muitas nóias antigas.
Quer saber? talvez o mecanismo seja muito mais sábio ao deixar que a Sabotadora continue atacando. Assim, aprendo a lidar com as novas armas que tenho, pois se tudo sumisse como mágica, que graça teria? O que eu aprenderia?


Aí vai um exemplo:
Domingo à tarde, voltando de uma viagem curta com meu amor e minha filha... medos antigos me atacam...
Na estrada me deu uma sensação de medo da viagem, de ser domingo à tarde, de ter que me separar do meu noivo, de recomeçar a semana, de não ter autonomia financeira, de depender da loja, de meus pais estarem ficando cansados e velhos, e por aí vai a noieira!
PARO. RACIONALIZO. REZO. ME CONCENTRO NAS SENSAÇÕES E NO QUE MUDOU EM MINHA VIDA.
PENSO:
* Mulher, examina essas sensações e pensa no quanto elas não são mais necessárias agora! Se elas já eram exageradas antes, continuar deixando que elas te dominem dessa forma seria burrice! Acorde!
* Você conseguiu a autonomia financeira de que necessitava para continuar batalhando. Afinal, você se lembra do medo que sentia? Não é mais necessário senti-lo. Você conseguiu vencê-lo! Uma parte da batalha, a que você ansiava e necessitava para ter ânimo de continuar, você conquistou.
* Você não precisa mais sentir medo por se afastar de seu amor no domingo à noite! Na segunda você o verá. E mesmo se não o visse, por que o medo? Deixe de ser boba!
* O domingo à tarde pode ser ótimo como qualquer outro dia da semana, por acaso você adoraria ter que ia à praia todos os dias? Ter que tomar banho de mar todos os dias? Estar com o seu amor a cada minuto? Estar com sua filha e família todo dia e durante todo o dia?
Claro que não, porque aí isso seria a rotina e você ia ansiar por trabalhar, estudar, se sentir sozinha.

ORA! Momentos especiais são momentos especiais! Porque se fossem comuns seriam o dia a dia, e boa parte da magia se perderia!
Vai Mulher! Deixa de ser boba! Isso mesmo, recebe as antigas nóias com as armas novas que você conquistou!
Você pensa que veio ao mundo a passeio? (li que Chico Xavier escreveu isso e gosto dessa frase).
Obrigada, meu Deus, a cada dia aprendo mais sobre minhas emoções e sobre como lidar com elas.