terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sonho, estranho e importante


Precisei acordar mais cedo uma hora e meia para não perder o sonho tão estranho e bom que tive.
Eu estava grávida, minha barriga não estava enorme, mas estava arredondada e durinha. Eu iria fazer uma cesária, mas toda vez havia desencontros para eu conseguir entrar na sala de cirurgia, que seria na casa de um tio meu onde convivi parte da minha infância e início da adolescência.
Lembro que tinha a idade que tenho agora, e estava espantada por estar, de repente, perto de ter neném.
Não consigo lembrar direito o que aconteceu da primeira vez, do porque não houve a primeira cirurgia, a sala cirúrgica, o hospital, funcionavam na casa modificada que havia sido do meu tio. Lembro de estar quase me deitando na cama cirúrgica e de ter pensado: não acredito que Fulaninho (meu noivo) não vem para ver o nascimento do filho! Eu sabia que outras pessoas da família estavam lá, meus pais já haviam me dado um beijo, mas não consegui ver o restante da minha família, eles esperavam no terraço. Apenas uma tia que adoro e que é médica e anestesista, sempre presente nas poucas cirurgias que fiz, como sempre chegava e me dizia palavras de conforto.
Eu fico com vontade de fazer xixi, vou ao banheiro, e quando volto e vou me deitar, meu noivo chega para falar comigo antes da cesária. Ele se mostra distante e me dá um abraço e deseja boa sorte, e eu fico achando estranho e digo:
- Mas como você pode estar assim do nascimento do seu filho?
E ele me responde:
- Não, está tudo bem, eu só vou esperar aqui fora.
E eu me deito e, por algum motivo, a cirurgia não acontece.
Lembro apenas que, após não ter sido possível a cirurgia, de repente, eu estava grávida e com outras pessoas sentada numa rua de casas fechadas, juntamente com outras pessoas que eu conhecia mas não consigo identificar agora, sentada na calçada e esperando a cesária, mas ao mesmo tempo era como se nós estivéssemos lá conversando depois de ficar cansados de alguma coisa, por isso nos sentamos. Eu estava sentada no batente de uma porta.
De repente, avisam que os médicos chegaram e que eu precisava chegar lá a tempo de me operar. E começo a correr para não me atrasar e ouço a minha respiração entrecortada pelo cansaço e ao mesmo tempo sinto vontade de fazer xixi.
E chego a tempo, quando vou entrando para a sala de cirurgia por uma porta, olho antes para o terraço, lá tem um monte de gente da família, vejo pessoas sentadas esperando para ver meu filho, fico feliz de tanta gente estar lá, mas não vejo nenhum rosto especificamente.
Preciso fazer xixi, e me vejo num banheiro grande e confortável, eu com minha tia, que eu não tinha visto que também está grávida. E pergunto:
- Tia, como eu não sabia que você está grávida? (hoje ele tem cinquenta anos)
- Mulher, foi surpresa até para mim, mas parece que a gravidez vai transcorrer normalmente. E me dá aquele sorriso tranquilizador de sempre e me chama para irmos.
E ela me acompanha para a sala de cirurgia.
No caminho, na antesala, encontro um tio meu que é obstetra e um aparelho de ultrassonografia, há outras pessoas que não conheço mas que sei que fazem parte da equipe.
E ele me chama para ver o ultrassonografia do meu filho. Eu vou, com muito medo de que dê alguma anomalia.
Olho para a televisão e ficam aparecendo inúmeros bonecos, um atrás do outro, todos masculinos. E ele diz que meu filho vai ser um menino, que é saudável, e que eu fique tranquila que correrá tudo bem. E diz também que a pitoca do filho dele (ele é separado dessa minha tia, mas ela está grávida dele) não está tão nítida quanto a do meu, mas é porque a pitoca do neném deles será elástica... (coisas de sonho doido).
Fico tão feliz de estar tudo bem! Olho para o terraço e apesar de não reconhecer rostos, de apenas saber que estão lá e ver que há gente, todos ficam felizes comigo.
Ainda ouço a minha respiração entrecortada pelo cansaço da corrida.
Minha tia me chama e vamos para a sala de cirurgia, a equipe já está esperando. Quando estou me deitando na cama e sei que tudo correrá muito bem, vou acordando lentamente do sonho, ouvindo a minha respiração ofegante e estou com muita vontade de fazer xixi.
Entre acordando e ainda tentando voltar para o final feliz do sonho, vou acordando com a sensação de não querer acordar, de querer estar lá para viver o nascimento do meu filho. E entre sonolenta e acordada resolvo me levantar para escrever e não perder o que senti, pois é raríssimo me lembrar de um sonho todo e, quando consigo, basta acordar que ele sai da minha memória e lembro apenas o assunto.
Ainda fiquei sonolenta deitada na cama, agradeci a Deus e aos anjos o recado? Não sei, sei apenas que acreditei que é possível, e ao mesmo tempo era como se estivessem me cobrando o que tenho que fazer, que tenho pouco tempo para engravidar, que preciso, que é fundamental emagrecer e me manter na dieta (ontem à noite comi uns trinta pontos a mais).
Antes de acordar de verdade, senti nitidamente a cobrança sobre o que preciso fazer e, podem me chamar de doida, essa cobrança não vinha de mim, era alguém, algumas pessoas, me lembrando disso. As vejo como um vulto único, mas são algumas pessoas formando um pequeno grupo, estou de olhos fechados e ouço o que dizem.
Penso eu meu noivo, tento esquecer dele com o cabelo que está agora, tento me concentrar nele antes da discussão que tivemos, para encontrar o homem que amo. Seria capaz de jurar que não fui eu, mas que as mesmas pessoas que me cobraram o que tenho que fazer, me disseram o que ele tinha que fazer. Nunca me lembro de um dinheiro dele, não é muito, que ele está para receber antes do meio do ano. Não ligava se ele decidisse comprar qualquer produto eletrônico com isso. É dele, ele faz o que tiver vontade.
Só que me veio a indicação, forte, clara e precisa para avisá-lo que é necessário se precaver, pois se precisarmos de dinheiro para qualquer exame ou de uma fertilização se eu demorar a engravidar depois de emagrecer seria esse a ser usado, isso nos garantiria que ele não precisasse pedir dinheiro à mãe, que é seríssima em relação a dinheiro. Seríamos independentes, e isso seria fundamental.
É, foi estranho, diferente, mas ao mesmo tempo trouxe esperança e alegria, juntamente com responsabilidades.

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