sábado, 15 de janeiro de 2011

Noite na armadilha


Sabia que entraria numa arapuca, e mesmo assim fui.
Quase tinha certeza de que não conseguiria segurar, mas fui.
Desde a morte de vovó que minha família não se reunia, ontem havia dois aniversários para comemorar.
Todos convidados, toda a família combinando de se reunir.
Eu fui, mesmo sabendo que horas conversando, sorrindo e me divertindo sentada e inevitavelmente 'bombardeada' por salgadinhos servidos recém-fritos não iriam de forma alguma me ajudar a manter o controle.
Meu noivo e amor não foi, justamente por esse motivo. Fez ele muito bem.
Fui.
Os encontros da minha família sempre foram 'regados' a comida, muita comida. Ontem não foi diferente, e ao mesmo tempo foi, pois não havia um prato quente com arroz à vista desde o início, assim não pude comer e aumentar o autocontrole sobre os salgadinhos que passavam em bandejas. Isso não é desculpa, não farei isso.
Por outro lado, praticamente todas as pessoas gordas ou gordinhas estavam mais bonitas e mais magras. Todas. Um tio que estava imenso emagreceu uns dez quilos e está na hidroginástica. A esposa dele do segundo casamento e que é da minha idade (gosto de conversar com ela) também emagreceu seis quilos.
De um modo geral, até as pessoas magras e mais 'apagadas' em termos de animação também haviam se cuidado.
Dos gordos aos magros, os que estavam perto de mim, todos foram comedidos nos salgados. Acho que nenhum aceitou todos, apenas eu.
Conversei, sorri, matei a saudade. A compulsão já começou a me atacar em casa, em casa já sentia que ela estava me espreitando. Mesmo assim eu quis ir. Meu noivo não foi, não quis correr o risco. Eu fui, mesmo sabendo que dificilmente conseguiria me manter no controle.
Hoje de manhã, mais uma vez, claro, estou achando que não valeu a pena, sei que me expus e me entreguei, não há mais o que fazer quanto a ontem.
Posso fazer apenas por hoje.
Não estou terrivelmente arrependida, fui, vi minha família e me diverti. Paguei um preço caro, caríssimo. Naquele momento não soube fazer diferente.
Não há terríveis arrependimentos, eu fui porque eu quis.
Posso me reponsabilizar por hoje, somente por hoje. Não será fácil, a compulsão nunca sai sem deixar desejos por comida. Hoje não será fácil, mas retomei o controle.




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