Reclamar? Me lamentar? Ficar triste? É, continuo com esse perfil. Infelizmente.
Converso, saio, finjo alegria, e tem funcionado, para os outros. Mas não tenho como enganar a mim mesma. Há alguma coisa profundamente errada em mim e embora eu sinta isso com tristeza e com uma enorme vontade de me isolar, não sei precisar o que é.
É tristeza e insegurança e falta de fé, e até desamor. Por quê? Essa é a parte mais difícil.
Minha filha fez certo, saiu há três dias para a casa de uma amiga.
Meu noivo está com sempre, introspectivo, carinhoso, isolado dos outros, se achando gordo e comendo compulsivamente.
E eu? Comendo compulsivamente e pondo a minha vida em risco com isso, deixei de dosar a glicose.
Que o mundo se exploda! De preferência, só comigo.
Minha terapeuta me disse para eu me aprofundar, para eu procurar o que está me deixando assim. Disse que isso é difícil e que dói, mas que eu tenho que sair dos sintomas e me aprofundar nas causas.
Falei para ela que tenho observado as pessoas ao meu redor:
- Minha sogra tem dinheiro de sobra, mas é completamente infeliz.
- Tenho uma amiga que se lamenta o tempo todo porque está sozinha, sem um amor.
- Tenho uma amiga que tem um marido extremamente esforçado para ganhar dinheiro e que está junto com ela para tudo, e ela também é infeliz.
- Tenho um tio que fundou uma empresa importante, que sempre fez tudo que quis na vida e que tem muito sucesso e dinheiro, e que já faliu e que se levantou com mais sucesso ainda, mas também é infeliz.
E por aí vai tantos casos que tenho observado. E minha terapeuta me disse que não encontrarei a resposta fora e nem por comparação, que a resposta para a minha tristeza e infelicidade está dentro de mim, e que devo buscá-la, mesmo com dor.
Examino a minha vida:
- Não tenho dinheiro suficiente para montar uma casa, gostaria muito de ter, mas não tenho. Talvez se minha filha passar no vestibular da federal e eu não tiver que pagar faculdade eu continue com um pouco mais de independência financeira, aí poderíamos nos apertar muito e morarmos sozinhas.
- Não quero ir morar todos por dois anos com minha irmã depois que formos desapropriados, isso é uma saída para meus pais, não para mim. Isso é uma saída desesperada de meus pais, não é justo com eles e comigo que eu me coloque no bolo.
- Meu noivo não tem e acho que jamais terá condições financeiras de arcar comigo com as despesas de uma casa. Acho que ele sempre morará com a mãe dele, eles se dependem financeiramente e emocionalmente. E mesmo sabendo que ele precisaria de ajuda para sair de casa, ela jamais faria isso. E acho que nem ele quer.
- Meu emprego é seguro e paga razoavelmente bem, mas estou longe de me sentir realizada com ele. Ele jamais me dará independência financeira.
- Tive dois abortos em cinco meses. Sonhos e esperanças destruídos, e não sei se será possível engravidar novamente ou ter dinheiro para custear as pesquisar e tratamento. Meu noivo disse que venderia o carro, mas será isso uma solução possível?
- Meu noivo se dá bem com minha filha, mas compete com ela. Ele não entende que eu sou mãe e que tenho responsabilidades, obrigações e amor. Ele compete com ela por minha atenção e muitas vezes quer que eu a coloque de lado e fique com ele. Nessa disputa ele irremediavelmente perderá. Nada se compara a um filho. Nada.
Será que se tudo isso acima estivesse resolvido eu estaria realizada ou feliz? Acho sinceramente que sim, mas sei que isso tudo são fatores e que não conseguirei resolver todos, que tenho que procurar uma razão para seguir e me agarrar a ela.
No momento estou achando tudo uma grande merda.
Minha terapeuta me aconselhou a procurar um psiquiatra para me receitar um remédio para depressão/ansiedade durante um tempo, tempo esse em que devo me aprofundar na latrina do meu cérebro. E me perguntou quase confirmando: mas ideia de morte ou de morrer você não em não, né? Claro que eu respondi que não. Não sinto vontade de me matar.
Mas sabe que, as vezes, morrer naturalmente não soa tão assustador?
Foda-se o mundo só comigo.
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