quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Compulsão consentida

Iríamos sair para jantar nós três. Desacertos, confusões, acertos, desacertos de novo e, por fim, acertos desacertados, saímos só eu e minha filha.
Há pelo menos seis meses que eu não dava vazão à compulsão. Hoje dei.
E estou sem conseguir dormir até agora, minha barriga está a ponto de explodir.
Há uns 7 meses que não comia sushi, tudo em nome de garantir gravidez saudável e longe de toxoplasmose. Bom, aliás, mau, já que isso não influenciou em nada a permanência da gravidez.
Fiz uma imagem idílica do sabor de sushi, me empanturrei hoje num excelente restaurante, gastei R$85,00, e tudo que senti foi um sabor razoável. De toda forma fui disposta a descontar a raiva, frustração, tristeza e ansiedade na comida. E assim o fiz.
E para completar fomos a uma sorveteria comer petit gateau.
Já cheguei em casa de "bucho" lotado e me sentindo enjoada, aferi a glicose e, claro, deu alta, 135, a maior que já aferi. Mas fui pra aventura pensando: que se exploda o mundo ou eu, se morrer, morri.
Tá, é exagero, pedi à minha endocrino, a que me acompanhou e acompanha durante esses desmantelos que tenho passado, e avisei que iria comer sushi e panetone, que precisava descontar na comida a minha frustração. Ela entendeu e assentiu isso, mas contanto que eu volte à dieta logo após o natal. Tenho certeza de que não era para tanto exagero como eu fiz que ela assentiu mas, paciência, comi sem muito prazer, mas com toda a fúria que achei que devia.
Não estou arrependida. De que adianta?
Minha terapeuta me disse que preciso viver o luto, chorar a perda da minha gestação, e que isso me ajudaria. Chorei muito pouco. Penso: de quê adianta chorar? Isso não trará nada de volta. E assim vou driblando a tristeza. Talvez escondendo coisas em baixo do tapete. E daí? Foda-se eu.
Hoje de manhã iria ser mais uma manhã sombria, então, resolvi começar a organizar o meu quarto, que está completamento "jogado" há meses.
Ao terminar de arrumar de limpar a estante, me senti muito melhor do que se tivesse passado a manhã deitada ou se tivesse chorado. É claro que isso teve um preço: tomei um buscopam composto e um tylenol e as cólicas não me deixaram cochilar direito. Acho que exagerei na atividade.
Amanhã de manhã irei à perícia médica dar entrada na licença. Provavelmente encontrarei o mesmo médico filho duma puta que já falei aqui. O mesmo troglodita que disse que minha gravidez poderia se complicar ou poderia mesmo ser uma mola hidatiforme. Puto de merda.
É isso, procuro desesperadamente me encontrar, procurar a luz...(que ridículo), ainda estou doída, sentida, triste. Mas tento reagir, e reajo. E calma, não estou revoltada contra Deus, não chega a tanto, estou apenas de saco cheio de clichês do tipo: se Ele quis assim..., será para o seu amadurecimento..... e outras merdas.
Depois do natal voltarei à minha dieta, tanto pela diabetes quanto para emagrecer. Sei que não será fácil fechar a compulsão de novo num cofre, com essa liberdade ela cresce em progressão geométrica a cada dia que fica livre.
É isso. Vamos em frente. Ainda capenga, mas me aprumando.
Só não consigo pegar na porra do sono, são uma e quinze da manhã, já tomei dois buscopans compostos e a bosta da cólica não me deixa em paz.

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