domingo, 18 de dezembro de 2011

Medo e raiva

Acho que amanhã vou pedir à minha terapeuta para adiantar o atendimento. Estou esticada, confusa, triste, decepcionada e com medo. Uma mistura assim é de derrubar elefante.
Estou cansada de estar em casa e esperar, esperar. Continuo tendo pequenos sangramentos, tive duas vezes ontem, e isso coloca lá em baixo o meu ânimo e me deixa ansiosa quanto à evolução normal da gestação. Tenho medo. E a próxima ultra ainda será dia 26, até lá é esperar. Ainda estou de férias, elas acabariam dia 20, mas tenho direito a cinco dias de recesso no final do ano, depois terei que pagar as horas, mas vou usar esse tempo para ficar em repouso até o dia da ultra. E se continuar o sangramento não sei se poderei voltar a trabalhar no dia 27, mas isso é o que menos me angustia, a insegurança sobre a estabilidade da minha gravidez me deixa triste.
Anteontem fui ver o nascimento da filha de minha prima, seu segundo filho. Na ultra da translucência nucal havia dado uma pequena alteração, mas as ultras seguintes descartaram qualquer problema. Então, totalmente inesperado foi o descobrimento na hora do parto que sua filhinha tem síndrome de down. Havia uma festa preparada na suite, que foi cancelada por pedido de minha prima, que disse que queria ficar sozinha com o esposo. Claro, após a choro vem a total aceitação e proteção com a nova filhota, que precisará ficar pelo menos mais uma semana na UTI. Graças a Deus o tônus muscular dela é excelente e também não há comprometimento cardíaco. Ela está protegida e é amada, e veio em uma família com condições financeiras de ajudá-la a desenvolver suas potencialidades com acompanhamento adequado.
Claro que tenho medo de ter um bebê com algum sintoma genético diferente, minha idade traz risco sobre isso, mas procuro não pensar no assunto. Gostaria apenas que os sangramentos cessassem e que minha gravidez se estabilizasse.
Estou em repouso há mais de três semanas, e estar em casa não é lá animador. O dia inteiro dentro do quarto e com uma única incumbência chata: fazer a monografia.
Meu noivo é muito solicitado para resolver coisas e deixar pessoas, ele faz as vezes de pai do irmão dele, sem ser, pois seu meio irmão tem mãe e pai capazes e presentes, é também pai do pai e da mãe, que vivem pedindo que ele resolva tanto coisas importantes quando coisas idiotas. A mãe dele manda que ele marque seus médicos, mesmo tendo um celular e um telefone convencional à mão, pede para ele comprar sanduiche, quando pode ligar e esperar em casa, pede para ele fazer suco, o pai pede para ele comprar cigarros mesmo com a barraca sendo na esquina de sua casa. Seu irmão tem um pai presente e uma mãe totalmente capazes, mas era ele quem pegava no cursinho. Ou seja, mesmo resmungão e reclamando, ele é babá e faz papéis que não lhe pertencem.
Um dos papéis que não lhe pertence, mas que nessas três semanas de repouso ele fez umas duas ou três vezes na semana, foi pegar ou buscar a minha filha.
Ele sempre fala que somos um núcleo familiar, mas hoje vejo claramente que não é isso. Todas as vezes que ele precisou buscar ou levar a minha filha comigo ele reclamou e reclama. Eu tento mostrar que ela é minha filha, e que eu sempre terei que buscá-la ou levá-la em algum lugar, já que ela não dirige ainda e nem tem carro.
Ele reclama, mas faz, mas isso de reclamar eu não aguento mais. Na verdade, não somos núcleo familiar de porra nenhuma. Ele é meu namorado e acabou-se. Será meu eterno namorado. E quando, se Deus quiser, tivermos esse filho, dividiremos as responsabilidades porque é o que é certo e ponto. Eu e minha filha somos um núcleo familiar, sempre fomos uma família dentro da minha família. Meu noivo é meu namorado, com ele terei um filho e formaremos um novo núcleo familiar dentro de nossas famílias. Assim, terei um núcleo com minhas filhas (acho que será uma menina) e outro com ele e nossa filha.
Ele dizia que eu, minha filha e ele formávamos um núcleo familiar, mas não é verdade, ele faz, mas na verdade se sente incomodado e usado, tanto quanto se sente em relação aos favores idiotas para os quais é solicitado em sua família, quando temos que pegar ou levar minha filha com suas amigas em algum lugar.
Talvez ele adquira maturidade com a paternidade, espero que sim. Espero que ele entenda que entre pais, como entre mim e os pais das amigas de minha filha, sempre existirá essa troca de amabilidades, favores e responsabilidades: um leva, outro traz, outro ajuda, uma vez é necessário ir pegar também as amigas, assim como noutras vezes alguém vem pegar a minha filha em casa. Isso é ser mãe. E se ele não entende isso, ou se entende e sempre reclama, porque quase sempre isso acontece no final de semana, quando estamos juntos, ele simplesmente não entende o que é ser pai. Talvez um dia amadureça e entenda que isso não é um dos muitos favores idiotas para os quais ele é solicitado pela família dele.
Eu tenho uma filha, ela é minha responsabilidade, isso é uma fato. E se ele quiser permanecer comigo, entenda isso.
Ele diz que é natural reclamar, que ele é resmungão e sempre reclama de tudo, e que desde que se viu dirigindo que faz favores a todos. Ele ainda não entendeu que isso é minha obrigação de mãe, que não é um favor dele estar do meu lado nessas horas, isso é o ônus de qualquer homem que queira estar ao meu lado.
Ele afirma que reclama e reclama mas sempre vai e faz. É verdade, mas eu estou cansada. Não preciso disso. Na verdade, agora estou precisando, mas não quero mais.
Não preciso disso e não que isso para mim.
Ele que continue a servir de secretário para quem ele quiser. Se ele não entendeu que esse não é o papel que ele exercia comigo, mas que apenas ele participava porque nos final de semana estamos juntos, nada posso fazer por ele.
Por mim posso fazer e vou fazer, ser autosuficiente, como sempre fui, nesse aspecto.

Um comentário:

  1. Oi, leio sempre seu blog e acho vc muito engraçada, também tenho problemas com peso e com noivos rsrsrsrsrs mas o seu, assim, não é de minha conta, mas pelo que voce fala dele parece ser um cara muito legal. os homens nao são como nós mulheres, ele deve achar realmente que voce e sua familia são familia, mas na hora de levar ou pegar, tanto faz ser sua filha ou um pacote de macarrão, é algo que ele precisa entregar entende???? penso assim, mas vc quem sabe.

    beijos, se cuida

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