sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Afinal um pouco de paz

Hoje, depois de muitos e muitos dias, finalmente estou experimentando me sentir em paz.
Quase havia me esquecido do quanto essa sensação é prazerosa, tranquila, morna e aconchegante.
Hoje à noite chorei tudo ao lado do meu noivo, consegui explicar o que estava sentindo, sem me fechar, sem provocar ou ser provocada.
Hoje à noite conversei com minha filha e chorei e falei o que precisava para ela entender o que ando sentindo, para explicar a minha falta de paciência e o meu distanciamento.
E falar assim com os dois e me sentir acolhida, entendida e amada, e sentir o amor que sinto por eles me fez tão bem!
Finalmente eu parei de me debater em mim mesma e contra os dois, consegui me abrir, e estou em paz, estamos em paz.
E essa sensação é tão reconfortante!
Se começarei a subir a ladeira, ainda não sei, mas deixei de descer descontroladamente, e isso é uma grande vitória.
Obrigada.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Revolta, ira, raiva? Qualquer porra dessa serve

Reclamar? Me lamentar? Ficar triste? É, continuo com esse perfil. Infelizmente.
Converso, saio, finjo alegria, e tem funcionado, para os outros. Mas não tenho como enganar a mim mesma. Há alguma coisa profundamente errada em mim e embora eu sinta isso com tristeza e com uma enorme vontade de me isolar, não sei precisar o que é.
É tristeza e insegurança e falta de fé, e até desamor. Por quê? Essa é a parte mais difícil.
Minha filha fez certo, saiu há três dias para a casa de uma amiga.
Meu noivo está com sempre, introspectivo, carinhoso, isolado dos outros, se achando gordo e comendo compulsivamente.
E eu? Comendo compulsivamente e pondo a minha vida em risco com isso, deixei de dosar a glicose.
Que o mundo se exploda! De preferência, só comigo.
Minha terapeuta me disse para eu me aprofundar, para eu procurar o que está me deixando assim. Disse que isso é difícil e que dói, mas que eu tenho que sair dos sintomas e me aprofundar nas causas.
Falei para ela que tenho observado as pessoas ao meu redor:
- Minha sogra tem dinheiro de sobra, mas é completamente infeliz.
- Tenho uma amiga que se lamenta o tempo todo porque está sozinha, sem um amor.
- Tenho uma amiga que tem um marido extremamente esforçado para ganhar dinheiro e que está junto com ela para tudo, e ela também é infeliz.
- Tenho um tio que fundou uma empresa importante, que sempre fez tudo que quis na vida e que tem muito sucesso e dinheiro, e que já faliu e que se levantou com mais sucesso ainda, mas também é infeliz.
E por aí vai tantos casos que tenho observado. E minha terapeuta me disse que não encontrarei a resposta fora e nem por comparação, que a resposta para a minha tristeza e infelicidade está dentro de mim, e que devo buscá-la, mesmo com dor.
Examino a minha vida:
- Não tenho dinheiro suficiente para montar uma casa, gostaria muito de ter, mas não tenho. Talvez se minha filha passar no vestibular da federal e eu não tiver que pagar faculdade eu continue com um pouco mais de independência financeira, aí poderíamos nos apertar muito e morarmos sozinhas.
- Não quero ir morar todos por dois anos com minha irmã depois que formos desapropriados, isso é uma saída para meus pais, não para mim. Isso é uma saída desesperada de meus pais, não é justo com eles e comigo que eu me coloque no bolo.
- Meu noivo não tem e acho que jamais terá condições financeiras de arcar comigo com as despesas de uma casa. Acho que ele sempre morará com a mãe dele, eles se dependem financeiramente e emocionalmente. E mesmo sabendo que ele precisaria de ajuda para sair de casa, ela jamais faria isso. E acho que nem ele quer.
- Meu emprego é seguro e paga razoavelmente bem, mas estou longe de me sentir realizada com ele. Ele jamais me dará independência financeira.
- Tive dois abortos em cinco meses. Sonhos e esperanças destruídos, e não sei se será possível engravidar novamente ou ter dinheiro para custear as pesquisar e tratamento. Meu noivo disse que venderia o carro, mas será isso uma solução possível?
- Meu noivo se dá bem com minha filha, mas compete com ela. Ele não entende que eu sou mãe e que tenho responsabilidades, obrigações e amor. Ele compete com ela por minha atenção e muitas vezes quer que eu a coloque de lado e fique com ele. Nessa disputa ele irremediavelmente perderá. Nada se compara a um filho. Nada.
Será que se tudo isso acima estivesse resolvido eu estaria realizada ou feliz? Acho sinceramente que sim, mas sei que isso tudo são fatores e que não conseguirei resolver todos, que tenho que procurar uma razão para seguir e me agarrar a ela.
No momento estou achando tudo uma grande merda.
Minha terapeuta me aconselhou a procurar um psiquiatra para me receitar um remédio para depressão/ansiedade durante um tempo, tempo esse em que devo me aprofundar na latrina do meu cérebro. E me perguntou quase confirmando: mas ideia de morte ou de morrer você não em não, né? Claro que eu respondi que não. Não sinto vontade de me matar.
Mas sabe que, as vezes, morrer naturalmente não soa tão assustador?
Foda-se o mundo só comigo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Não estou gostando de mim assim: reservada, introspectiva, pessimista, ociosa, triste, decepcionada.
Dá vontade de agir, de mudar para melhor, e ao mesmo tempo sinto uma resistência imensa, uma vontade maior ainda de me isolar e ficar quieta deitada.
A insegurança que eu já vinha sentindo e que se juntou com os dois abortos espontâneos em cinco meses me derrubaram.
É muita loucura isso que sinto, é uma sensação de inquietude, de querer ficar imóvel e ao mesmo tempo uma sensação muito ruim de não estar bem dentro de mim mesma.
Estou na terapia, tenho o apoio do meu noivo, tento reagir e as vezes venho conseguindo, mas está foda.
Hoje à noite tenho uma confraternização com três amigas, estou me esforçando para sair de casa. E vou.
Amanhã uma das amigas me chamou para ir a uma cidade próxima e voltar na quinta. Vamos deixar lá a filha dela na casa de amigos. Eu imaginei quinhentas maneiras de não ir, mil motivos desnecessários para não ir. Mas vou. E consegui desmarcar a terapia, que seria amanhã, para a quinta-feira.
Hoje tentei pegar um pouco na monografia, um pouquinho de nada, mas peguei.
Hoje tentei voltar para a dieta, consegui até umas 17h, depois voltei a comer besteiras. Sei que é fundamental voltar, mas deixar de lado essa válvula de escape para todas essas merdas que aconteceram é difícil. Sei que o preço a ser pago será caríssimo, pois já engordei quase cinco quilos em uma semana!!!
Não que estejamos pensando em fazer amor agora, mas isso de fazer amor tem se tornado um problema há seis meses. Há seis meses que não pode, não deve, faz mal, só depois de tal tempo... mas sempre criávamos formas de sentir prazer sem prejudicar a gravidez. Eu adorava fazer amor, sentia muito prazer, e também acho que sabia dar prazer, e agora, não sei se por medo, negação, medo de engravidar, culpa em sentir prazer, nojo e horror do sangue que significa morte, nem beijar meu noivo direito eu estou conseguindo. Ele me garante que é só uma fase, que faz muito pouco tempo, que tive duas perdas importantes em muito pouco tempo. Sinceramente, espero que ele esteja certo, espero voltar a sentir vontade e prazer.
Êta la lá... se correr o bicho pega, se ficar... PORRA, TÁ PHODA!!!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal, e eu me estranhando dentro de mim mesma

Ando louca. Será que vai melhorar? Ainda não sei.
Acho tudo ao meu redor feio. Acho a vida dos outros muito mais feliz que a minha.
Sei que tudo isso são construções só para me sacanear, mas continuo me sacaneando assim mesmo.
O jantar de natal na casa do meu noivo, da metade para o fim foi ótimo. O começo foi difícil.
A parte da família que foi convidada já estava instalada na varando quando chegamos, então, ficamos na sala, eu, meu noivo, o pai dele, minha filha, a mãe dele, sem muita conversa, esperando o momento em que a irmã iria entrar na internet para conversar conosco.
Nesse momento chega o outro ex-marido da minha sogra e fica sem ter onde sentar.

Quando me dou conta: está minha sogra deitada em um quarto com o ex marido ao computador. Ela chorosa porque a filha que mora longe resolveu se separar do marido... ela se colocando no lugar do coitadíssimo do genro (isso mesmo, ela está do lado do genro!), ela se coloca no lugar dele porque acha a situação parecida com quando ela foi abandonada com dois filhos pequenos pelo meu sogro. E coloca a filha no lugar do meu sogro, como se ela estivesse abandonando o esposo (que ela imagina ser ela)... isso é muita viagem!
Num outro quarto estou eu e minha filha deitadas e chegam meu noivo e meu sogro, que também está se sentindo excluído, e ambos começam a falar da separação da família em grupos de conversar etc.
E eu meu acho tão louca! Me vejo como a família Adams recebendo convidados. E chamo os três para irmos nos enturmar lá na sala. Fomos eu, meu noivo e meu sogro, minha filha resolveu ficar deitada.
FINALMENTE A CONVERSA COMEÇA A FLUIR NORMALMENTE!

Com mais uma meia hora meu sogro foi embora, minha filha foi para a casa de uma amiga lá perto conversar, e minha sogra chega chorosa dizendo que está triste porque a filha está abandonando o marido. O que eu podia dizer?
- Sogra, sua filha e sua neta estão bem, vai ficar tudo bem.
E ela:
- Estou muito triste por meu genro, que está sofrendo muito, choramos muito ao telefone esta semana, minha filha o abandonou como o pai dela me abandonou no passado e isso é muito triste.
E o que eu poderia dizer?
- Sogra, ele vai superar tudo isso, claro que vai, e ambos vão viver suas vidas em paz.
Daí, não sei que aconteceu, mas minha sogra voltou para o terraço, e nós também, chegaram mais dois convidados e a noite transcorreu ótima. FINALMENTE!

Eu estou uma pilha vazando, instável, perigosa, na verdade mais perigosa para mim mesma.
Estou achando a minha vida instável, insegura, sem sal. Estou com medo, um medo do futuro, de não ter futuro, de não ter onde morar, de nunca ter independência financeira, mesmo tento alguma.
Olho as pessoas e acho que elas são mais felizes, que têm mais sucesso, que têm mais certezas, e me sinto muito mais insegura.
Estou com dificuldade de enxergar a minha vida e de fazer planos, e de acreditar que sou feliz com a vida que tenho.
Perdi a segunda gravidez. Meu noivo me disse que não me preocupasse, que se for da minha vontade venderemos o carro dele e faremos o tratamento que for necessário. Já me informei com uma amigo que o fez, procurei saber valores. E até acredito que faremos isso. Mas, antes, quando estávamos nos digladiando, falei e ouvi coisas duras e que tiveram apenas o intuito de ferir. Disse que não éramos um núcleo familiar, que ele era apenas meu namorado e assim seria sempre. O magoei. E ouvi que ele tinha muita vontade de ter um filho, mas que queria mais ainda ficar ao meu lado, mesmo sabendo que provavelmente teria que abrir mão de ter um filho, pois achava que não teríamos, e que nem por isso me deixaria. Ele já pediu desculpas, já deixou claro que o intuito foi apenas me magoar e me ferir porque eu o magoei e o feri, mas isso, neste momento de segundo aborto, não sai da minha cabeça. Sinto insegurança e distanciamento.
Tenho medo do futuro e descrença nesse futuro.
Em breve, talvez em seis meses, deveremos ser indenizados pela desapropriação da loja e teremos que sair da casa alugada em que moramos, seremos desapropriados em função de um viaduto para as obras para a copa de 2014.
O que acontecerá? Eu não sei. Soube ontem que o apartamento novo da minha irmã e seu esposo sairá em 2014, e para comprar a fazenda que meu cunhado quer eles precisarão vender o apartamento em que moram. E soube ontem que ela pretende alugar uma casa maior para ficarmos todos nesses dois anos enquanto o apartamento dela não sai. Isso será estranho. E mais que tudo demonstra que será, também, o prazo que terei para tomar coragem e arranjar dinheiro para ter minha própria casa com minha filha. Sinto um nó me apertando o pescoço. Tenho pouco tempo.
Meu relacionamento com minha filha também anda estranho, eu ando estranha. Sei que ela deseja que eu vá para frente mas, neste momento, como? Não sei andar rápido. Cada passo em frente demora demais, só os outros galgam caminhos, eu apenas me movo devagar.
Talvez o caminho seja estudar para outro concurso, talvez seja fazer mestrado para aumentar mais o salário. Em janeiro termino a monografia, devo então tentar o mestrado ou outro concurso?
Seja qual for o caminho, financeiramente estarei sozinha, e ainda não sou forte. Meu noivo, por vários motivos, continuará morando com a mãe dele. Ambos dependem um do outro, financeiramente e afetivamente.
Será que conseguirei ganhar mais? Passar em outro concurso? Fazer um mestrado? Ter outro filho? Sustentar e criar este outro filho? Onde? Dentro da casa dos outros? Terei minha própria casa? Terei meu próprio carro? Conseguirei independência financeira?
Meus passos são muito lentos e os dos outros são de três em três.
Estou com medo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Compulsão consentida

Iríamos sair para jantar nós três. Desacertos, confusões, acertos, desacertos de novo e, por fim, acertos desacertados, saímos só eu e minha filha.
Há pelo menos seis meses que eu não dava vazão à compulsão. Hoje dei.
E estou sem conseguir dormir até agora, minha barriga está a ponto de explodir.
Há uns 7 meses que não comia sushi, tudo em nome de garantir gravidez saudável e longe de toxoplasmose. Bom, aliás, mau, já que isso não influenciou em nada a permanência da gravidez.
Fiz uma imagem idílica do sabor de sushi, me empanturrei hoje num excelente restaurante, gastei R$85,00, e tudo que senti foi um sabor razoável. De toda forma fui disposta a descontar a raiva, frustração, tristeza e ansiedade na comida. E assim o fiz.
E para completar fomos a uma sorveteria comer petit gateau.
Já cheguei em casa de "bucho" lotado e me sentindo enjoada, aferi a glicose e, claro, deu alta, 135, a maior que já aferi. Mas fui pra aventura pensando: que se exploda o mundo ou eu, se morrer, morri.
Tá, é exagero, pedi à minha endocrino, a que me acompanhou e acompanha durante esses desmantelos que tenho passado, e avisei que iria comer sushi e panetone, que precisava descontar na comida a minha frustração. Ela entendeu e assentiu isso, mas contanto que eu volte à dieta logo após o natal. Tenho certeza de que não era para tanto exagero como eu fiz que ela assentiu mas, paciência, comi sem muito prazer, mas com toda a fúria que achei que devia.
Não estou arrependida. De que adianta?
Minha terapeuta me disse que preciso viver o luto, chorar a perda da minha gestação, e que isso me ajudaria. Chorei muito pouco. Penso: de quê adianta chorar? Isso não trará nada de volta. E assim vou driblando a tristeza. Talvez escondendo coisas em baixo do tapete. E daí? Foda-se eu.
Hoje de manhã iria ser mais uma manhã sombria, então, resolvi começar a organizar o meu quarto, que está completamento "jogado" há meses.
Ao terminar de arrumar de limpar a estante, me senti muito melhor do que se tivesse passado a manhã deitada ou se tivesse chorado. É claro que isso teve um preço: tomei um buscopam composto e um tylenol e as cólicas não me deixaram cochilar direito. Acho que exagerei na atividade.
Amanhã de manhã irei à perícia médica dar entrada na licença. Provavelmente encontrarei o mesmo médico filho duma puta que já falei aqui. O mesmo troglodita que disse que minha gravidez poderia se complicar ou poderia mesmo ser uma mola hidatiforme. Puto de merda.
É isso, procuro desesperadamente me encontrar, procurar a luz...(que ridículo), ainda estou doída, sentida, triste. Mas tento reagir, e reajo. E calma, não estou revoltada contra Deus, não chega a tanto, estou apenas de saco cheio de clichês do tipo: se Ele quis assim..., será para o seu amadurecimento..... e outras merdas.
Depois do natal voltarei à minha dieta, tanto pela diabetes quanto para emagrecer. Sei que não será fácil fechar a compulsão de novo num cofre, com essa liberdade ela cresce em progressão geométrica a cada dia que fica livre.
É isso. Vamos em frente. Ainda capenga, mas me aprumando.
Só não consigo pegar na porra do sono, são uma e quinze da manhã, já tomei dois buscopans compostos e a bosta da cólica não me deixa em paz.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A noite foi difícil, muitas cólicas e coágulos, até que numa hora cansei, coloquei uma colcha dobrada na cama para segurar possíveis manchas de sangue, tomei um rivotril e adormeci.
Passei o dia relativamente bem. Estou uma gangorra de sentimentos, numa hora estou bem, geralmente se estou acompanhada, como quando meu noivo estava aqui, noutras me sinto completamente vazia, como agora. Sem rumo, sem ter o que fazer, sem ter o que pensar. Sem alegria, também sem desespero ou tristeza. Simplesmente vazia, ociosa.
Sou capaz de enxergar perspectivas, planos, mas os vejo distantes, no futuro, e agora aqui no quarto estou sozinha, estou faltando a mim mesma.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Abortamento, de novo



Ontem à noite depois do choro fui dormir com pontadas de cólicas. Me tranquilizei rezando, pedi que me ajudassem para eu me acalmar e pedi ajuda para conseguir entregar a Deus a minha sensação ruim e conseguir adormecer.
Acordei depois da meia noite e senti minha calcinha molhada, achei que era xixi. Me levantei e fui ao banheiro, havia bastante sangue na calcinha e quando me sentei senti que saiu um grande coágulo.
Liguei na mesma hora para meu noivo, em menos de dez minutos ele estava na minha casa para me ajudar. Foi extremamente amoroso e prestativo, ele sempre é assim nas horas difíceis e até mesmo na maioria das horas. E assim deixamos de lado qualquer desavença e nós fomos juntos ao hospital.
No hospital eu fui atendida pela obstetra e ela passou uma ultrassonografia. Na hora de me levantar para ir fazê-la senti outro grande coágulo saindo, então ela me acompanhou ao banheiro e vendo o que acontecia resolveu analisar o colo do útero com um toque.
Colo fechado e bastantes coágulos mais.
A ultra deu o resultado temido: o saco gestacional ainda estava lá, mas não se viam batimentos cardíacos e o embrião tornou-se um material amorfo a ser expulso.
Ainda na segunda anterior, dia 12, estava lá tudo ótimo, nosso filhote com 6 semanas e um dia e com batimentos cardíacos. Hoje de madrugada, dia 19, a ultra denunciando 6 semanas e 4 dias, e o diagnóstico de abortamento inevitável em curso. Passamos a madrugada e o dia no hospital. Saímos de lá no final da tarde.
Nunca pensei em minha vida, nunca mesmo, que um dia teria um aborto, muito menos dois abortos em seis meses. Isso é estranho e assustador.
Permanecerei de licença, ainda há sangue e coágulos para sair. O médico me disse que se houver sangramento intenso de novo é para voltar ao hospital. A partir de hoje entrarei de licença médica por um motivo que eu adoraria não precisa entrar, mas isso não estava sob nosso controle. Paciência.
Ter o apoio de meu noivo, sentir todo o seu amor me dizendo que sou o amor de sua vida, e que juntos enfrentaremos isso também me deu tanta força!
Sobre o que havíamos discutido antes, ele me pediu desculpas, disse que tinha sido egoísta, e eu pedi para revermos isso juntos, em outro momento. E ele me disse que sim, que ambos havíamos dito coisas duras e desnecessárias um ao outro, mas que sabemos que esses momentos passam e que nos amamos.
Neste momento não estou nem um tico feliz, mas estou serena. Acabou-se um longo período de espera e incerteza. A verdade revelou-se.
Conversei por telefone três vezes com minha médica, no começo de janeiro temos consulta marcada, eu e minha filha.
Na minha consulta eu e meu noivo vamos conversar sobre o que ela disse, sobre fazermos exames genéticos para avaliar o que está acontecendo.
Não tenho a menor ideia se a vida nos dará uma nova chance ou se teremos tempo para tentar novamente ter nosso filho. Não sabemos.
De uma coisa temos total certeza: vamos tocar nossa vida em frente. Juntos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Muito medo e insegurança

Acabei de ter outro pequeno sangramento.
Senti umas cólicas finas, as mesmas que antecedem a um pequeno sangramento, e quando fui ver dessa vez tinha até sujado um pouco a calcinha.
Estou me sentindo tão insegura!
Ainda terei que esperar mais uma semana para saber se tudo está bem. É muito tempo para se esperar.
Descontei no choro.
Vou dormir.

Medo e raiva

Acho que amanhã vou pedir à minha terapeuta para adiantar o atendimento. Estou esticada, confusa, triste, decepcionada e com medo. Uma mistura assim é de derrubar elefante.
Estou cansada de estar em casa e esperar, esperar. Continuo tendo pequenos sangramentos, tive duas vezes ontem, e isso coloca lá em baixo o meu ânimo e me deixa ansiosa quanto à evolução normal da gestação. Tenho medo. E a próxima ultra ainda será dia 26, até lá é esperar. Ainda estou de férias, elas acabariam dia 20, mas tenho direito a cinco dias de recesso no final do ano, depois terei que pagar as horas, mas vou usar esse tempo para ficar em repouso até o dia da ultra. E se continuar o sangramento não sei se poderei voltar a trabalhar no dia 27, mas isso é o que menos me angustia, a insegurança sobre a estabilidade da minha gravidez me deixa triste.
Anteontem fui ver o nascimento da filha de minha prima, seu segundo filho. Na ultra da translucência nucal havia dado uma pequena alteração, mas as ultras seguintes descartaram qualquer problema. Então, totalmente inesperado foi o descobrimento na hora do parto que sua filhinha tem síndrome de down. Havia uma festa preparada na suite, que foi cancelada por pedido de minha prima, que disse que queria ficar sozinha com o esposo. Claro, após a choro vem a total aceitação e proteção com a nova filhota, que precisará ficar pelo menos mais uma semana na UTI. Graças a Deus o tônus muscular dela é excelente e também não há comprometimento cardíaco. Ela está protegida e é amada, e veio em uma família com condições financeiras de ajudá-la a desenvolver suas potencialidades com acompanhamento adequado.
Claro que tenho medo de ter um bebê com algum sintoma genético diferente, minha idade traz risco sobre isso, mas procuro não pensar no assunto. Gostaria apenas que os sangramentos cessassem e que minha gravidez se estabilizasse.
Estou em repouso há mais de três semanas, e estar em casa não é lá animador. O dia inteiro dentro do quarto e com uma única incumbência chata: fazer a monografia.
Meu noivo é muito solicitado para resolver coisas e deixar pessoas, ele faz as vezes de pai do irmão dele, sem ser, pois seu meio irmão tem mãe e pai capazes e presentes, é também pai do pai e da mãe, que vivem pedindo que ele resolva tanto coisas importantes quando coisas idiotas. A mãe dele manda que ele marque seus médicos, mesmo tendo um celular e um telefone convencional à mão, pede para ele comprar sanduiche, quando pode ligar e esperar em casa, pede para ele fazer suco, o pai pede para ele comprar cigarros mesmo com a barraca sendo na esquina de sua casa. Seu irmão tem um pai presente e uma mãe totalmente capazes, mas era ele quem pegava no cursinho. Ou seja, mesmo resmungão e reclamando, ele é babá e faz papéis que não lhe pertencem.
Um dos papéis que não lhe pertence, mas que nessas três semanas de repouso ele fez umas duas ou três vezes na semana, foi pegar ou buscar a minha filha.
Ele sempre fala que somos um núcleo familiar, mas hoje vejo claramente que não é isso. Todas as vezes que ele precisou buscar ou levar a minha filha comigo ele reclamou e reclama. Eu tento mostrar que ela é minha filha, e que eu sempre terei que buscá-la ou levá-la em algum lugar, já que ela não dirige ainda e nem tem carro.
Ele reclama, mas faz, mas isso de reclamar eu não aguento mais. Na verdade, não somos núcleo familiar de porra nenhuma. Ele é meu namorado e acabou-se. Será meu eterno namorado. E quando, se Deus quiser, tivermos esse filho, dividiremos as responsabilidades porque é o que é certo e ponto. Eu e minha filha somos um núcleo familiar, sempre fomos uma família dentro da minha família. Meu noivo é meu namorado, com ele terei um filho e formaremos um novo núcleo familiar dentro de nossas famílias. Assim, terei um núcleo com minhas filhas (acho que será uma menina) e outro com ele e nossa filha.
Ele dizia que eu, minha filha e ele formávamos um núcleo familiar, mas não é verdade, ele faz, mas na verdade se sente incomodado e usado, tanto quanto se sente em relação aos favores idiotas para os quais é solicitado em sua família, quando temos que pegar ou levar minha filha com suas amigas em algum lugar.
Talvez ele adquira maturidade com a paternidade, espero que sim. Espero que ele entenda que entre pais, como entre mim e os pais das amigas de minha filha, sempre existirá essa troca de amabilidades, favores e responsabilidades: um leva, outro traz, outro ajuda, uma vez é necessário ir pegar também as amigas, assim como noutras vezes alguém vem pegar a minha filha em casa. Isso é ser mãe. E se ele não entende isso, ou se entende e sempre reclama, porque quase sempre isso acontece no final de semana, quando estamos juntos, ele simplesmente não entende o que é ser pai. Talvez um dia amadureça e entenda que isso não é um dos muitos favores idiotas para os quais ele é solicitado pela família dele.
Eu tenho uma filha, ela é minha responsabilidade, isso é uma fato. E se ele quiser permanecer comigo, entenda isso.
Ele diz que é natural reclamar, que ele é resmungão e sempre reclama de tudo, e que desde que se viu dirigindo que faz favores a todos. Ele ainda não entendeu que isso é minha obrigação de mãe, que não é um favor dele estar do meu lado nessas horas, isso é o ônus de qualquer homem que queira estar ao meu lado.
Ele afirma que reclama e reclama mas sempre vai e faz. É verdade, mas eu estou cansada. Não preciso disso. Na verdade, agora estou precisando, mas não quero mais.
Não preciso disso e não que isso para mim.
Ele que continue a servir de secretário para quem ele quiser. Se ele não entendeu que esse não é o papel que ele exercia comigo, mas que apenas ele participava porque nos final de semana estamos juntos, nada posso fazer por ele.
Por mim posso fazer e vou fazer, ser autosuficiente, como sempre fui, nesse aspecto.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

VIDA!


Acabo de chegar da ultra-sonografia, vimos o embrião e ouvimos os batimentos cardíacos.
Estou tão feliz!
Meu bebezinho é minúsculo e só tem seis semanas e um dia, e é tão amado e desejado!
Obrigada, meu Bom Deus e Anjos Amigos, obrigada por tudo, e desculpem a minha ansiedade.
Amém.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje fiz outro beta e deu crescimento normal!
Graças a Deus!
Hoje de manhã pedi tanto por isso! Pedi a Deus que fosse feita a vontade Dele, assim com também pedi que entendesse que para mim era impossível não pedir que estivesse tudo bem e que fosse só um susto.
Agora vejo que fazer esses betas não me fez bem, eu não deveria ter pedido requisições a outros médicos (minha médica não concordava com os exames, diz serem desnecessários), deveria ter escutado a minha médica e ter relaxado e esperado a ultrassonografia.
Mas me diz, com o histórico anterior de abortamento espontâneo na sexta semana (a mesma que estou agora), como eu conseguiria completar três semanas de repouso e perdendo sangue, mesmo que mínimo, sem se descabelar?
De ontem para hoje meu noivo foi o melhor companheiro que eu poderia ter, ele sempre é, mas de ontem para hoje ele foi mágico.
Obrigada, meu lindo, obrigada, meu Deus e anjos amigos.
Talvez o médico perito auditor estivesse certo, e eu, tão otimista, seja uma idiota.
Estou com medo, estou com muito medo e angústia.
É uma sensação que não me deixa ter paz, não me deixa sossegar.
É verdade em que há momentos em que tento e consigo me distrair, mas a sensação e os pensamentos estão aqui, a cada segundo.
Estou na sexta semana de gravidez, a mesma em que tive o aborto espontâneo na gestação passada, e isso por si só me deixaria alerta, mas não é só isso.
O sangramento de ontem foi diferente, foi mais marrom e espesso, igual ao que aconteceu antes de eu abortar.
O bhcg teve um crescimento ruim, aumentou pouco em relação ao de três dias atrás.
Estou com medo, misturada, confusa, angustiada.
Meu noivo está incondicionalmente ao meu lado, tenta me alegrar, as vezes consegue, mas é tão difícil não submergir!
Minha médica me disse docemente que nada se podia fazer a não ser esperar, que todos os medicamentos estão sendo tomados, que aguardasse com calma a ultra do dia 12.
Estou tão perdida!
Não estou pronta para reviver uma experiência como a que vivi, é muito doloroso.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Médico perito auditor

Ontem fui levar meu atestado de 8 dias ao médico da perícia do meu trabalho. Pedi à minha médica para me dar apenas 8 dias de licença, do dia 23 (quando iniciou-se o sangramento) até o dia 30, pois entrei de férias 20 dias, do dia 1 ao dia 20.
Esse médico auditor tentou dar uma de sabichão dono na lei, da ordem e do poder, depois tentou dar uma de amigão e benevolente, como se estivesse me ajudando, mas na verdade ele acabou sendo um troglodita.

- Para dizer que eu não deveria ter entrado de férias, mas sim estendido a licença até 30 dias e só depois entrar de férias, ele disse que se eu voltasse das férias e precisasse de licença logo eu iria me complicar, pois o caso teria que ser passado para a reitoria, pois muitas pessoas emendam férias em licença apenas para receber o dinheiro das férias.
Respondi que isso não fazia sentido, que eu já havia tirado 10 dias de férias em outubro e já havia recebido as férias, que em dezembro não havia mais férias a receber.

- Ele reafirmou que minha gravidez é de risco e que eu posso precisar de mais dias e que vou me complicar com isso, pois eu estou agindo de boa-fé, mas a maioria não age assim.
Respondi que em caso de qualquer dúvida os exames mostrariam que estou com razão e que agi de boa-fé, mostrariam que apenas eu não quis tirar mais dias de licença porque tenho 20 dias de férias para tirar até o final de dezembro.
Respondi ainda que tudo daria certo, que não havia porque as coisas darem errado e eu ter que emendar mais licença nas férias.

- Ele disse que eu não tinha como ter certeza disso, pois minha gravidez poderia muito bem ser uma mola hidatiforme, que quando eu fosse fazer a próxima ultrasonografia poderiam muito bem serem vistas as vesículas... e eu poderia me complicar em ter que pedir mais licença e o médico auditor poderia não ser ele...
E eu respondi, ainda mantendo a calma, que não seria nada disso, que tudo daria certo e que eu não precisaria de licença assim que voltasse imediatamente das férias.

Quando saí de lá ainda passei na minha sala para deixar a cópia dos documentos, e ouvi de minha colega de trabalho: se você precisar de licença é só voltar a trabalhar um ou dois dias e depois entrar de licença, mas não vai dar nada errado. Dei um cheiro na cabeça dela e fui para o carro me encontrar com meu pai.

Entrei no carro e, estirando o dedo, disse:
- Médico filho duma puta, quem vai ter mola hidatiforme é a tua mãe!