sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fodida

Escrevi isto aqui ontem, quinta à noite, mas estava sem micro para postar.Sinto muito se na maioria das vezes em que venho aqui eu estou sem pique, sem ânimo, sem alegria. Mais uma vez é assim que estou me sentindo. Há muito tempo não me sinto tão só, sozinha, com tanta solidão doída e angustiada, por mais que eu tenha passado dias e dias arrodeada de gente. Hoje à noite estou só, tão sozinha que nem eu mesma me faço companhia. Vazio, solidão, angústia. Sozinha e mal amada, mais ainda por mim mesma. E cheia de auto-piedade, o que só agrava o sentimento. Estou cansada. Estou sozinha. Estou desanimada. Sei que sou exagerada, desculpe. Pode ser que daqui a meia hora eu me sinta diferente, mas esse sentimento já perdura alguns dias. E machuca. Para meus colegas eu continuo sem problemas, tudo ok. Por dentro estou oca. Estou exausta de procurar migalhas, de me contentar com pouco, nem sei o que quero, mas queria mais, muito mais. Estou gorda, imensa, nem eu tenho me ajudado, quem dirá esperar alguma ajuda de quem está de fora e talvez tenha mais problemas que eu mesma. O problema é só em mim mesma. O resto só agrava o que sinto. Hoje ele é só atenção, carinho, quer que eu chegue perto. Não sinto vontade, não sinto ânimo. Na quarta ele foi, de novo, grosseiro sem que eu esperasse. De novo me pegou de alma totalmente desprevenida. Liguei de manhã, perto da hora do almoço, e como ele não atendeu eu achei que estivesse dando um cochilo. Então encaminhei para ele e minha filha a mensagem de minha irmã, de que seu filho, o meu segundo sobrinho, será outro menino. Eu estava feliz e queria dividir isso. De tarde, como ele não tinha retornado e eu estava preocupada porque estava chovendo muito e o celular não dava sinal para que minha filha dissesse se tinha chegado bem ao segundo cursinho, liguei de novo para ele para conversar. A mãe dele atendeu e passou uns 20 minutos conversando comigo sobre os problemas dela. Ele estava tomando banho. Depois que consegui desligar dos problemas da mãe dele, liguei para ele. - Oi, amor, recebeu a mensagem? - Ai, Mulher, recebi! Você me ligou umas quinze vezes!!! Eu por acaso sou obstetra de Fulana??? E agora mesmo eu tive que desligar o telefone para o taxi porque você está atrapalhando. Ou seja, eu estou resolvendo o táxi, resolvendo o laboratório, pois meu pai está internado, estou resolvendo um monte de coisas que enchem a minha cabeça e você ainda me atrapalha para falar de coisas que eu sei que não são nada sério nem importante! - Eu, por acaso, comi merda de cigano? Acabei de falar com sua mãe e ela não me disse nada sobre seu pai estar internado (eles são separados). Você é um cavalo batizado. Não tem o direito de falar comigo assim. Me respeite! - Eu sei, me desculpe, é que eu estou... blá blá blá blá... Ele me ligou, e ligou, e ligou, pediu várias vezes desculpas, tentou explicar várias vezes que está sobrecarregado com as loucuras da casa dele, e que mesmo sem ser por maldade descarrega em quem está mais próximo, em quem ele ama. Em mim. Disse que não conseguia sentir paz desde que havia sido grosso comigo. Eu entendi, mas não consigo esquecer logo. Ele disse que precisa mais que tudo de mim, de meu amor, da minha alegria e leveza. Eu não consigo me soltar, fico esperando uma nova porrada de paravras grosseiras, estúpidas, desnecessárias. Não tenho vontade, não sinto ânimo. Sinto solidão, muita, e vazio, e tristeza. Não sei usar meios termos quando se trata de sentimentos,infelizmente. Quando levo uma rasteira de quem não espero, a raiva cede lugar à desconfiança, ao medo, ao afastamento. Mesmo estando com a aliança no dedo, estou me sentindo completamente sozinha. Não tenho nem a mim mesma neste momento. E não quero descontar esse sentimento nessa confusão com ele. Tenho plena consciência de que o problema maior está em mim. Eu não estou gostando de mim mesma. Eu detesto o que vejo. Eu estou me achando repugnante. Eu, eu, eu. E não consigo contar comigo mesma.

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