quinta-feira, 30 de junho de 2011

Noíces

Há três noites durmo com uma ajuda extra de rivotril, que são devidamente conseguidos dos remédios que minha mãe usa para dormir.

Passo o dia relativamente bem, ou até bastante bem, e acho que as pessoas me vêem assim, bem e tranquila, e trabalhando eu não tenho tempo de prestar atenção às minhas emoções.

Quando chego em casa ainda consigo conversar com minha filha e dar atenção à ela. Não muita, mas consigo.Depois bate ansiedade misturada com um vazio que não sei explicar, mas que por sinal hoje não está aqui comigo, o que é bom.

Hoje quando saí do trabalho eu fui a um supermercado comer um pouco de sushi e tomar uma coca zero, ficar um tempo sozinha comigo e sem estar sozinha em casa.

Comprei uma carteira de cigarro. Adoro, amo fumar. Não fumo porque sei que é um veneno, porque vi a batalha dos meus pais para deixarem o vício há anos atrás, e mais, porque basta meu noivo fumar e eu ver a sua total falta de controle sobre o vício. Depois da hidro ele conta exatos quarenta minutos para poder fumar. Então, os dois fumarem seria um suicídio coletivo.

Pois é, mas eu comprei o veneno. E ele estava mortalmente e deliciosamente delicioso, e eu acendi dois cigarros, traguei lentamente um, e depois outro.

A carteira está na bolsa e a vontade de fumar ainda está presente.

Eu já fiz isso antes, há meses, e lá entre cinco ou dez cigarros acendidos eu dou a carteira a alguém que fume e então passo meses sem me lembrar disso.

Tenho plena consciência de que estou brincando com fogo, literalmente. Mas fora essas escapadas do controle para fugir da ansiedade, sei que cigarro não cabe em minha vida. Eu não me aceitaria como uma fumante definitiva, eu detestaria isso, minha filha ficaria horrorizada, meus pais incrédulos e contra, meu noivo, apesar de ser fumante, jamais me ofereceu ou permitiu que eu experimentasse pegar um cigarro dele, pois sabe que esse vício é terrível e destrutivo.

Enfim, estou usando paliativos e tenho total consciência disso.

Na verdade, tudo está girando em torno da minha necessidade de controlar a minha compulsão por comida, toda a minha vida emocional equilibrada desceu por ralo abaixo em função de meu corpo horrível e da minha sensação de descontrole sobre isso.

Há outras coisas que me deixam estressada, claro, mas todas seriam reduzidas à devida proporção, mesmo os problemas realmente sérios, se eu estivesse me sentindo bem em mim mesma.Pelo menos ainda não estou desesperada com depressão, isso já é alguma coisa.

Ou talvez fosse melhor estar seriamente deprimida, talvez assim a compulsão fosse dominada por um mal maior que ela.

NÃO!

Melhor estar só estressada mesmo! Não posso esquecer que o campo de batalha, tanto da compulsão quanto de uma possível depressão seria euzinha, eu mesma!

E pelo menos não estando deprimida, estando apenas desesperadamente sem controle sobre a compulsão, ansiosa, e também me achando horrível, ainda tenho senso de humor, lucidez e, quem sabe, resolva reconquistar a mim mesma?

É, definitivamente, melhor estressada e horrorosa e sem controle sobre a compulsão, do que totalmente dominada pela depressão.

Deu pra entender alguma coisa? Porque até eu me perdi com tanta explicação. :/

:)

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