Ainda estou descontrolada. E o que isso importa? Importa e muito.
Enquanto eu estiver assim estarei engordando, estarei me distanciando do que quero, sem controle sobre minha vida, sem vontade de arrumar meu quarto, que está uma zorra há muito tempo.
Engraçado? Não, apenas interessante isso de que quando a minha cabeça se desorganiza, tudo o que está fisicamente ao meu redor também se desorganiza. Meus quarto, que era arrumado, minhas coisas, que estão sacudidas por aí, meus cachorros, que deixei de cuidar, dar banho, perfumar. E principalmente eu mesma, que passei a me ver feia, sem graça, desengonçada.
A compulsão por comida está fazendo com que eu me perca de mim, com que eu apenas viva. Deixo de ser protagonista e me torno espectadora da minha própria vida.
Tento administrar, me fazer ativa, e até tenho conseguido, mas só eu sei o quanto a minha vontade é de me esconder, de ficar quieta em meu quarto.
Minha filha está em fase de vestibular, e eu preciso, tenho que me manter lúcida e tranquila perto dela. Tenho tentado isso e tem dado certo. O momento é dela, não meu, pelo menos quando estivermos juntas.
Meu noivo é meu amigo, companheiro e cúmplice. Eu o amo, muito, estamos numa fase de muita união. Há um detalhe em que somos parecidos: ambos temos a mesma doença, a compulsão. Tento não sobrecarregá-lo, acho que tenho conseguido, embora seja difícil esconder dele o meu desespero.
Quê que eu estou fazendo da minha vida?
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