sábado, 19 de novembro de 2011

PENSAMENTOS E DECISÕES

Essa nova gravidez, tão desejada, é claro que me deixa com um pouco de apreensão, com vontade que dê tudo certo, mas estou melhor que a anterior, em paz comigo mesma, estou resiliente, tentando encontrar força e segurança acima de tudo em mim mesma e, claro, com confiança total em Deus e em meus anjos amigos. Tento com isso não depender dos problemas estarem maiores ou menores ao meu redor para eu me sentir tranquila. E estou conseguindo.

Ontem exagerei no trabalho, quis terminar de digitar um monte de documentos e tive uma dor de cabeça intensa, uma enxaqueca, daquelas que dá vontade de vomitar, não deu para chegar em casa, falei com meu noivo e parei lá mesmo para me deitar e tomar um analgésico.
Lá o clima estava ruim, a mãe dele foi ao médico e apesar de a biopsia dos nódulos não ter saído ainda, o médico disse a ela que acredita tratar-se de metástase do câncer de mama de 15 anos atrás. Ela chorou e se trancou no quarto.
Por outro lado, a irmã dele, que mora no Canadá, irá se separar e, depois de meu noivo esperar um mês com a irmã dizendo que precisa de apoio psicológico e de meu noivo tentar amenizar a barra dela porque a mãe dele não tinha condições ou estabilidade emocional para saber, ele resolveu contar. E a mãe dele ficou com raiva dele! Disse que ele deveria saber que ela não estava em condições emocionais para saber de uma coisa dessas.
Pedi a ele que não contasse sobre a gravidez a ela, mas ontem ele contou, disse que precisava dizer uma coisa boa para ela se apegar naquele monte de mar de merdas acontecendo. Na hora fiquei irritada, mas depois passou. Foi bom para ela saber, e ela concordou em não espalhar a notícia. Isso também passou. Espero de coração que ela consiga se curar com tranquilidade e esperança, sem a agonia e o descontrole da cirurgia. Gosto realmente dela, apenas não quero me misturar nos seus problemas e assimilá-los, não posso e não quero perder a minha serenidade.
Eu não consigo entender isso, não consigo entender essas e outras coisas. Não entendo a mãe dele, já restabelecida da cirurgia, ficar no quarto gritando que quer um suco ou chamando os filhos para servi-la na cama.
Também não me interessa entender agora.

Na terapia da quarta ouvi da minha terapeuta que apesar de eu dizer que me sinto ferver por dentro, eu passo tranquilidade e discernimento, que eu consigo analisar as coisas que acontecem e que consigo associá-las com emoções e acontecimento antigos etc. E que sou muito importante na vida de meu noivo, que o ajudo a enxergar a realidade e sair dos sofrimentos criados pelos pensamentos. Ela frisou também que não era para eu me sentir responsável por isso, que isso acontecia naturalmente, e que eu o estava ajudando.
Gostei de ter ouvido isso. Sei que com ele umas vezes tenho toda a razão, em tantas outras, não tenho, mas está tudo bem. Acredito que nos melhoramos, nós fazemos bem um ao outro.
Mas nesse momento, tão especial em minha vida, em nossas vidas, eu quero me apoiar e encontrar paz principalmente dentro de mim mesma. E graças a Deus estou conseguindo.

Hoje de manhã me magoou o que ouvi de minha mãe, mas já assimilei e já está passando.
Há três dias, quando contei que estou grávida, avisei que precisaria me ausentar da loja no sábado por algumas semanas. Painho e mainha ouviram e aceitaram e inclusive concordaram comigo sobre poucas pessoas saberem sobre a gravidez até que ela se estabilize.
Tenho um irmão que todos os sábados folga, ele ainda está desempregado e conseguiu um bom bico como engenheiro do trabalho, é só uma vez por semana. No restante ele trabalha duas ou três horas por dia na loja. Se meus pais irão pedir a meu irmão para ajudar na loja, isso não é problema meu.
Eu trabalho quarenta horas por semana, trabalho na loja nos sábados e estou com uma monografia para fazer, então, preciso baixar o ritmo por causa da gravidez, por isso avisei que precisaria me ausentar da loja até a gravidez se estabilizar. E eles haviam concordado comigo no dia em que contei.
Hoje de manhã, tomando café, minha mãe pergunta se eu irei para a loja(!) na hora do almoço, e eu respondi que não.
E ouvi uma coisa que me deixou estupefata;
- POSSO SABER PORQUE? Ela falou bem calma. E eu entrei no banheiro, respirei fundo, voltei para a sala e respondi, também bem calma.
- Porque eu estou tomando remédios para diabetes, tireóide, hipertensão e progesterona, estou com uma carga de trabalho alta, e se eu trabalhar aos sábados terei que escrever a monografia no domingo, e vou continuar com o mesmo ritmo de antes da gravidez, emendando uma semana na outra. A minha médica disse que eu tenho que baixar o ritmo até a gravidez se estabilizar, eu estou com quatro semanas e ela se estabilizará por volta das doze semanas.
E ela respondeu.
- CERTO, ESTÁ CERTO.
E isso ficou ecoando durante um pequeno tempo em minha cabeça, querendo causar revolta, mágoa e ressentimento. Mas consegui controlar e passou.
Ainda esta semana ela estava, lá da praia, me chamando no telefone de meu amor, o que sempre me causa estranhamento, isso só acontece quando eu estou fazendo algo para ela. Tudo porque trabalhei sábado passado o dia todo e na segunda, dia do meu feriado de funcionário federal, também trabalhei para que eles ficassem na praia até terça.
Cansei de esperar uma aceitação que nunca virá. Sempre serei culpada ou tenho que pagar por algo, só que não tenho, não devo, e já estou totalmente consciente disso.
Sem inveja da irmã que amo, estou cansada de, se minha irmã espirra, minha mãe diz que ela precisa descansar porque está esgotada, que minha irmã precisa de ajuda, de atenção. Amo minha irmã, mas isso não interfere em enxergar a forma doentia com que minha mãe se relaciona comigo. Desde pequena me sinto excluída por ela, não sei se porque sou a mais velha e segundo contam meu pai chegava correndo do trabalho para ficar comigo.
Lembro sem raiva que na gravidez passada houve um sábado em que fiquei na loja inclusive com um funcionário a menos. E também lembro que na gravidez passada abortei espontaneamente na quinta-feira, e no sábado todos ficaram esperando que eu fosse para a loja, até que eu disse que não iria pois não teria como encarar os clientes que me querem bem perguntando pela gravidez. E além do mais, havia perdido bastante sangue no aborto. Foi necessário que eu dissesse que não ia! E quando eu disse que não ia percebi que todos estavam esperando que eu fosse!

Sei que toda e qualquer família tem podres, a minha, a sua. E sei que tenho uma família muito boa, apesar de algumas merdas, as vezes grandes.

Só que eu mudei. A experiência enterior me fortaleceu. Em primeiro lugar eu e em segundo também eu, pois minha saúde, tranquilidade e segurança serão essenciais nessa gravidez. Sei que a gravidez anterior provavelmente não evoluiu por alguma anomalia cromossômica, mas quanto à minha saúde, vou ajudar pra que tudo dê certo nesta nova e tão desejada oportunidade. No que depender de mim minha gravidez correrá da forma mais tranquila e saudável possivel.

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