segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Tou puta da vida!
Estou irritada desde ontem à noite.
Isso raramente acontece, mas dessa vez veio com uma força que não estou conseguindo dominar ainda.
Hoje estou com vontade de ficar sozinha, de me trancar no meu quarto e continuar com o direito de sentir raiva, muita raiva do mundo e de mim mesma.
E dormir, dormir, dormir. Estou com vontade de me consumir, e de chorar, e de ter pena de mim mesma sem me sentir culpada.
Estou cansada. E com pena de mim mesma.
Cansada de ter caminhos sempre tortos e difíceis. Estou cansada de sempre ter que pegar desvios. Estou cansada de não ter uma vida comum e convencional, mesmo quando faço tudo para ser comum e convencional.
Queria ter casado com uns 28 ou 30 anos. Queria estar casada até hoje.
Queria ter a mesma filha que tenho.
Gostaria de ter o mesmo amor, mas isso seria impossível.
Queria ter a minha casa, o meu carro, a minha vida, independente financeiramente de quem quer que seja.
Ontem à noite eu disse a frase exata do que quero: eu quero ter mais coisas.
Eu, Mulher, quero ter mais coisas. Isso mesmo, sem culpa: COISAS, EU QUERO TER MAIS COISAS!
E que se dane a autocrítica e o medo do castigo divino.
E que se dane olhar para baixo e ver o quanto já galguei. Quero olhar para cima. Neste momento quero e vou continuar olhando para o que não tenho e que espero ter, embora ainda não tenha certeza se isso acontecerá.
Não quero enxergar o amor que tenho, a vida que já tenho. NÃO.
NÃO.
QUERO RECLAMAR MESMO. E DAÍ?
Gostaria sim que a minha vida tivesse sempre ido em linha reta, sem tantos desvios, sem tantos recomeços.
Na questão de estudos, fui boa aluna em tudo que fiz, e de que me serviu isso? Aprendi um monte de coisas, cada uma de uma área diferente e que no final das contas de nada me serviram.
Sim, poderia não reclamar tanto, afinal, sou funcionária pública federal (grande merda). Sei que seria muito pior não estar aqui. Mas quero mais.
Quero ter o meu carro, apenas meu, todinho meu. E não dá para ter isso agora. Minhas contas não deixam espaço para isso.
Não quero mais o carro emprestado de quem quer que seja. Estou de saco cheio de aceitar de bom grado o que me emprestam. Eu não presto. Não quero mais precisar de favor de ninguém, seja de meu pai, seja de meu noivo. De ninguém. NADA.
Quero ter a minha casa, hoje ela seria só minha, minha e da minha raiva, e da minha ira e autopiedade. E depois de a raiva passar, a casa seria minha e da minha filha, enquanto ela não levantar vôo. Talvez um dia eu e meu noivo moremos juntos, talvez. Espero de todo coração ter conseguido ensinar a minha filha que a maior independência é a financeira, a que torna possível qualquer outra.
Por tudo que há de mais importante em mim, e eu sei que a minha raiva não é uma delas, gostaria de poder ficar completamente sozinha hoje. E chorar, a gritar de raiva.
Me sinto ridícula, feia, pobre, dependente.
Não, não me venha explicar sobre a pobreza e sobre todas as mazelas do mundo. Neste momento, neste meu momento, só eu me importo, me importo só comigo. E esses momentos de total egoísmo são raríssimos. Dê licença sem me falar merdas politicamente corretas.
Estou puta em estar me sentindo impotente, desimportante, desquerida, desmerda, desequilibrada.
Preciso desabafar senão vou continuar me consumindo.
E quem tem culpa? Ninguém de fora de mim mesma.
A culpa é toda minha, completamente minha, desde o que eu quero e não tenho, desde a minha revolta inútil, desde a raiva contra mim mesma, até decidir que caminhos longos terei que forçar para chegar às coisas que quero.
É feio.
Sem comentários.

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