quarta-feira, 30 de março de 2011

ELE


Gostaria de poder ajudá-lo. Não posso.

Não consigo.

Todas as vezes em que tento eu me misturo, me perco, nos irritamos, nos separamos.

Acredito no que decidi. Em relação aos problemas, principalmente os relacionados à comida, será e dever ser cada um por si.

Eu o vejo, de novo, após um final de semana tão bonito, misturado, irritado, com o sono desequilibrado, sem tomar as medidas que precisa para melhorar, para romper o círculo vicioso em que está há anos a fio.

Um ciclo maldito, em relação a ele mesmo, em relação a sua vida, em relação a sair do isolamento, em relação a dar o mínimo passo necessário para sair de onde se isola para abrir novos caminhos e, por fim, em relação à comida, que é o nosso problema em comum.

Conversamos no domingo, e o que eu pude ajudar foi pedir a ele que mantivesse o autocontrole, que tentasse se manter no centro, pois nesses tempos, mais que em outros, o equilíbrio dele será fundamental para que ele não se perca mais ainda em si mesmo, e pior, não se perca no labirinto que já chegou.

Minha sogra, a mãe dele, claro, descobriu um nódulo no fígado. Está fazendo exames, esperando esclarecimentos e, enquanto eles não chegam, ela se exaspera, vai da tristeza à euforia num tempo que não dá para acompanhar. E ele é extremamente vulnerável. Se já não estava equilibrado, em pouquíssimo tempo já demonstra que está perdendo o norte.

Ela já teve cancer antes, mas há anos está ótima de saúde, então na sexta teve esse susto na ultrassonografia.

A relação entre eles é complexa e não cabe a mim expor o que acho aqui.

Eu o amo, mas sou apenas sua noiva. Ela é mãe dele.

Eu gosto muito dela, nos damos bem, mas eu sou apenas nora. E ela é a mãe dele.

Saberia sim, explicar o que acho da relação entre eles, o que está errado, e o que é inegavelmente bonito e correto. Mas não aqui, não tenho o direito, talvez não tenha direito em momento algum, isso também não importa.

Sinto por ela, principalmente, tomara que seja só mais um susto de tantos que ela já teve depois do cancer de mama.

Sinto por ele, que se perde de novo em si mesmo e nas dificuldades que enfrentam. E se irrita e se isola.

Por fim, sinto por mim, que me sinto impotente e perdida, enxergando a confusão e sem poder ajudar muito. Só o que posso fazer é estar ao lado dos dois, sem me misturar, apoiar e tentar não me misturar e me manter lúcida.

Ainda bem que estou numa fase tranquila. Lúcida e tranquila. Nem me esculhambando em cima da comida, nem de dieta. Sei que essa calma e tranquilidade atuais, caso eu permaneça em cima do muro, irão enfraquecer e me fazer cair.

Mas estar assim, no limbo, pelo menos por enquanto, está conveniente e confortável. Está me ajudando a enxergar os acontecimentos com tranquilidade e aceitação, sem me misturar ou angustiar.

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