sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Compulsão, Ira, Compaixão


Hoje arrumei o que fazer, arrumei até demais, quis abarcar o mundo com as pernas e fiquei pra lá de estressada.
Saí do trabalho, passei rapidamente em casa e fui resolver o que eu tinha me proposto há alguns posts atrás: não depender de carro de quem quer que seja e estar pronta para andar de ônibus.
Fui no comércio, levei todos os documentos necessários para tirar um cartão que me fará pagar meia passagem quando for andar de ônibus, afinal, a carteira de estudante que a pós me deu vai servir para isso.
Esperei duas horas e meia na fila, não, na verdade, a fila estava enorme e resolvi passear e só depois de um tempo voltei para a fila. Mas esperei muito.
Chegue no caixa e quando a atendende vai fechar o cadastro, dá erro. Minha carteira de estudante, feita pela UEE, tem numeração igual a mais duas outras. Não pude receber o cartão!
A moça preencheu tudo e me deu uma ficha de atendimento preferencial para quando eu voltar lá com a carteira 2011. Terei que ir outro dia porque o lugar onde eu poderia fazer a carteira já havia fechado.
Fiquei tão irritada que deu vontade de chorar!
E lá fui eu para o carro, praguejando, me lamentando do meu cansaço, cheia de raiva do mundo e de pena de mim mesma.
Quando estava no engarrafamento vi na calçada um senhor sentado, ele tinha apenas uma mochila velha. As pernas dele eram horríveis, uma delas tinha enormes crostas que a deformavam, a outra perna estava tão inflamada e com a pele tão fina que brilhava na luz dos carros.
De repente, me senti tão egoísta, tão reclamadeira sem motivos! Parei o carro perto dele e perguntei se ele queria ajuda, então dei uns trocados para ele.
Estava cansada e ía para casa, achava que não daria tempo de me cuidar como eu tinha pensado. Daí resolvi deixar de me queixar e resolver o que eu queria.
Fui para o salão fazer as unhas dos pés.
Cheguei em casa e fiz depilação e ajeitei as unhas da mãos.
Ainda assim, depois de toda essa lição de moral da vida, ainda consegui pegar uma discussão com meu irmão (sempre temos ou arranjamos motivos para divergir).
Isso tudo, principalmente a ira, mas também o arrependimento, a tranquilidade, tudo isso me ajudou a segurar a compulsão e a controlar a comida.
Enquanto jantava conversei com minha filha, ela me contou do seu dia e de seus parqueras, além de me contar o fato que marcou seu dia.
Ela ía para o cursinho quando cruzou com um homem muito pobre e com uma criança dormindo em cima da mochila dele. Ela encheu os olhos de lágrimas ao me contar.
Ela parou, viu a cena, perguntou se o homem estava precisando de ajuda.
O homem respondeu:

- Moça, eu preciso de tudo!

Ela deu dinheiro a ele e desejou boa sorte.
Meu Deus, desculpe minha impaciência com motivos não vitais.
Obrigada por me ajudar a manter a compulsão sob controle hoje.
Obrigada pelas lições que aprendi hoje. Se puder, me ajude a aprender a ajudar outras pessoas, de forma mais sistemática, menos passional e mais efetiva.

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