quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O que significa?

Não sei o que fazer, não sei o que fazer comigo ou com ele.
Ele diz que é simples, que é só uma fase. Eu não vejo assim, eu enxergo que o problema é muito mais profundo do que eu, mesmo nos meus momentos mais introspectivos e tristonhos, consigo identificar.
É claro para mim que eu liguei novamente, por algum motivo, o botão da autodestruição ao voltar a engordar.
É mais claro para mim ainda que ele, além de voltar a engordar, está com outros aspectos de destruição ligados à toda força.
Se por um lado está demonstrando uma força enorme, já está sem tomar coca-cola há quase um mês, por outro se rebela contra qualquer mudança que o tire de dentro do quarto, e ao mesmo tempo não suporta mais estar lá.
Sei que nos amamos. Também sou madura o suficiente para saber que isso não é o suficiente. É preciso, no mínimo, querer viver, gostar de viver.
Eu sinto, e muito, graça na vida, vontade de viver com tranquilidade e paz. Eu sinto isso com todas as minhas forças, mesmo sabendo que caminharei para a minha queda se continuar comendo desenfreadamente.
Já ele, sinto-o perdido. Perdido em si mesmo, se negando a tentar mudar, cheio de complexos e culpas inúteis. Quero tanto ajudá-lo! Mas a cada vez que eu tento parece que só o afasto de mim.
Estou perdida e sozinha, não sei o que fazer.
Hoje, na volta do trabalho, dei carona a uma colega que acho meiga e terna, é daquelas pessoas que agradam só pela suavidade, mesmo que você não a conheça bem.
Não pedi para ouvir o que ouvi, mas aconteceu novamente. Uma pessoa que não conheço muito abre a sua vida para mim. No caso de hoje, como também já aconteceu antes, fico pensando se é coincidência, ou se é ajuda divina mesmo.
Acho que determinados momentos chegam e servem de lição quando estamos precisando, e isso aconteceu hoje, quando voltei conversando com ela. É bem verdade que ainda não sei bem o que os astros, ou os anjos, ou os espíritos de luz quiseram me dizer com isso, mas ainda estou repensando o que escutei.
Ela me contou sobre o pai dela, que tem 64 anos. E sobre o trabalho que hoje em dia ele dá para ela, ao se transformar quase em um filho. Ela não falou com revolta ou cobrança, apenas com constatação e com análise do que, de fato, é importante na vida.
O pai dela se aposentou aos 54 anos, na época de FHC e as privatizações. E, de repente, ficou ocioso, vivendo dentro de casa e dentro do quarto.
Ele já era uma pessoa reservada, não gostava de festas, aceitava de bom grado apenas as pessoas do seu estreito círculo familiar.
E com esse isolamento ele passou a ficar cada dia mais introspectivo, mais taciturno e chato.
Após três anos de aposentadoria e sem tentar fazer qualquer outra atividade ele teve um ataque cardíaco.
E depois disso não mudou em nada, cada vez mais isolado.
A mãe dela, simples e com menos estudo que ele, tinha mais força e alegria em viver. Só que ela não aguentou tamanha pressão. Aos poucos, com o isolamento, ele deixou de ser terno ou amoroso também com a mulher. Eles se separaram.
Ele se isola e ao mesmo tempo reclama de solidão.
Hoje, após vários exames e médicos, teve o diagnóstico de demência leve, está esquecido das coisas, não sabe controlar o dinheiro ou sequer fazer a feira da semana.
A filha e a mãe (ex-esposa) se revezam nos cuidados com ele.
Minha colega mora com ele e, apesar de fazer o possível para ajudá-lo, ela me contou o quanto é difícil lidar com ele, pois muitas vezes ele só enxerga o próprio umbigo. No mesmo dia em que passa a tarde num shopping, diz para ela, você vai sair? E se eu me sentir mal à noite?
Antes de descer do carro ela me disse: mulher, eu e mainha tentamos ajudar de todas as formas, mas de nada adianta a gente batalhar por ele se ele não quiser se ajudar.
Se ele se sentisse feliz em ser assim, se não dissesse o quanto se sente isolado de tudo e de todos, eu poderia até ficar quieta, mas vendo ele assim eu não consigo.
Ela me disse que, mesmo com todas as adversidades, faz questão de tentar ver a vida com leveza, de ser gentil, de procurar o lado melhor das coisas, pois é só isso que se leva dessa vida.
Meus Deus, essa lição veio para me mostra o quanto eu devo insistir com o homem que amo e que quero ficar com ele para o resto da minha vida?
Por favor, meu bom Deus, me mostre como ajudá-lo. E peço mais ainda, o ajude para que ele queira modificar o que o está destruindo. Por favor, lhe mostre o caminho.
Por favor, eu o amo tanto! Nos ajude.
Acabo de chegar de um encontro com ele. O homem que tanto amo era só amor, amor e reconciliação.
Meu Deus, obrigada, obrigada por nos ajudar a encontrar o conforto, o amor e a cumplicidade que faz parte do nosso relacionamento.
Reforço, de todo o coração, o pedido para que o senhor lhe mostre o caminho e que lhe ajude a ter forças para segui-lo. E que me mostre de que forma posso ajudá-lo.
Obrigada, meu bom Deus, obrigada espíritos ou anjos de luz.
Amém.

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