quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Consulta com a cardiologista


Ontem fui à consulta com a cardiologista especialista em gestação.
Ouvi dela uma coisa que me deixou com uma pulga atrás da orelha, e que na hora, tal qual acontece quando uma terapeuta acerta em um ponto chave do paciente, me deu vontade de chorar.
Putz, ela acertou na mosca!

Ela é bem calminha e elegante, tem uma voz bem mansinha, e depois de dizer que estava triste por ver o quanto eu tinha engordado, disse:

- Mulher, você se preparou com todo cuidado para engravidar, você já pensou que estar engordando é uma forma de negar, que pode ser o seu subconsciente negando a vontade de engravidar?
- O que assusta você?
Na hora me deu um nó na garganta, nunca tinha acordado para isso!
Sei que há anos tenho problemas com comida, sei que tenho compulsão mas, de fato, passei num concurso (não o ideal ainda), fizemos um bom plano de saúde, cumpri a carência necessária, eu e meu noivo queremos muito o nosso filho, então, porque eu estou me negando esta chance?
Pensei e a resposta me veio claríssima.
Sem deixar de lado o fato de que a compulsão existe por si só, ficou muito transparente que tenho medo.

Tenho medo de novamente ter outro filho dentro da casa de meus pais, de demorar a ter condições de me sustentar sem qualquer ajuda, de meu filho precisar da ajuda da minha sogra e ela, de alguma forma, se negar a ajudar, pois meu noivo em parte depende dela financeiramente. E por fim, em muito menor grau, tenho medo de gerar um filho aos quarenta anos, pois apesar de ser até comum isso acontecer hoje em dia, sei que há mais riscos para a criança.
Me sinto madura demais para passar por tudo de novo.
Não quero precisar de ninguém. E sem precisar não poderei ter um filho, pois minha autonomia financeira é insuficiente.
Tenho medo.
Tenho medo e compulsão.

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