segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Nóias da segunda


Durante muito tempo, desde uns 8 ou 9 anos, sentia uma certa angústia na madrugada que inicia a segunda-feira. Frescura? Pode ser.
Tinha medo que meus pais morressem, medo de perdê-los, medo da solidão. Isso até uns 15 anos. Depois vieram outros tempos e esqueci disso.
Lá pelos 30 e tantos anos isso voltou, e com força total. Medo que me assaltava na madrugada da segunda.
Medo de não me sustentar, medo de meus pais envelhecerem e de não ter como cuidar de mim e deles, medo de não poder cuidar da minha filha, sensação de perda, medo. Inexplicável? Não sei.
Depois que passei a ter um mínimo de segurança financeira essa sensação foi diminuindo, houve um tempo em que ela sequer me visitava, tempos em que até esqueci do que sentia antes.
Hoje, vez por outra isso volta e me agarra na madrugada da segunda. E veio ontem.
Sensação de insegurança, sensação de que estou envelhecendo e que não posso fazer nada contra isso, medo por não ter autonomia suficiente, por ainda não ter passado em outro concurso, e se meus pais precisarem ficar sozinhos ou tiverem que devolver a casa? Para onde irei? E minha filha, passará no vestibular? E eu, conseguirei engravidar e mais, de que forma sustentarei completamente meu filho, acaso engravide?
Uma coisa tem mexido comigo: acho que aos quarenta começamos a ver que atores belíssimos que há 10, 15, ou até menos tempo atrás eram jovens e, na minha cabeça, podiam tudo, estão nitidamente envelhecidos, e saber que isso acontecerá comigo em breve me assusta. Não estou madura o suficiente para isso.
Pois é, é muita nóia que me visita em uma hora ou outra nas segundas após 3 da manhã.
O que acho disso? Agora não saberia definir agora, pois já estou na metade da segunda e a madrugada já foi embora, segunda que vem, se a piração aparecer, analiso de novo.
Putzgrila!
O que acho? Acho que a nóia vai embora quando eu estou confortável, quando acredito que conquistei algo importante, aí ela me dá uma trégua. Mas quando vem a sensação de que preciso melhorar, ir adiante, essa droga de angústia vem me cobrar que estou vulnerável, e me cobra ação, mudança, só que eu não sei agora o que posso fazer para modificar a minha situação.
Pelo menos acho que não há nada imediato que eu possa fazer para modificar mais a minha realidade atual.
Arre égua, haja saco!

Família, a dele, e nós


Neste final de semana fomos ficar com os pais dele e com a irmã e sobrinha.
Os pais são separados há anos, mas não perderam o contato em função dos filhos, e agora estão se reunindo vez por outra em função da neta.
Eu me dou bem, diria até que muito bem com minha sogra, aliás, acho que nunca me dei mal com sogra alguma, mas esta importa muito mais porque ele é o homem que eu quero para toda a minha vida.
Ela pode ter muitos defeitos, e os tem, muitos. Muitas vezes é sem noção do que diz, principalmente em relação à sua convivência com os filhos mas, jamais se poderá dizer que ela é rancorosa ou algo do tipo, pois foi abandonada e deixada sem ajuda quando os meninos ainda eram pequenos, e ainda assim mantém uma relação cordial com meu sogro, o aceita em sua casa para almoçar, o convida para participar de encontros familiares.

A relação familiar entres eles está voltando a ser construída em conjunto, não é muito fácil participar disso, são muitas arestas a aparar, muitas insinuações e discordâncias explícitas. Esse é o segundo encontro do qual participo, no primeiro, ao sair de lá, chorei de tanta tensão.
Minha sogra, meu sogro, minha cunhada e até meu noivo, têm muitas divergências entre si, a convivência em comum foi se deteriorando ao longo dos anos, e a chegada da neta trouxe a vontade de reconstruir a capacidade de conviverem novamente em conjunto, todos sob o mesmo teto, pelo menos no final de semana, e reaprendendo a ter tolerância um com o outro, apesar das diferenças.
Neste segundo, vi que as coisas vão começando a melhorar, ainda foi tenso, mas ao mesmo tempo é prazeroso ver gente adulta tentando se reencontrar e resgatar a convivência em comum.

Amo meu noivo, torço que a cada encontro desse eles se afinem mais.
Saio de lá uma pilha, é verdade, mas ao mesmo tempo fico satisfeita de vê-los progredindo.
É isso, bom dia a nós. E obrigada, meu bom Deus.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Encontros, reencontros


Dia de reencontro, meu e do meu amor.
Há muito tempo que dormimos um na casa do outro. Geralmente há outras pessoas em nossas casas, então, batidas na porta sejam lá por que motivos forem, são comuns.
Nos encontramos no domingo à tarde, passeamos e ficamos sem ter o que fazer, entre resolvendo se íamos para a casa dele ou para a minha, nas duas a opção seria assistir a um filme.
Do inesperado ele me chamou: vamos para um motel?
Há meses, talvez quase um ano que não fazíamos isso. Que delícia!
Nada para nos atrapalhar.
Ninguém para nos perturbar.
Liberdade total!
No amor.
Nas conversas.
Ficar deitados e abraçados sem roupa, sem precisarmos nos preocupar se alguém vai bater na porta!
Liberdade total e absoluta.
De lá saímos com uma certeza: precisamos repetir e repetir e repetir.
Esse encontro a dois, despreocupado de qualquer obrigação externa é
um direito a que nos daremos, por nós, pela liberdade de estarmos juntos por amor, e também por puro e delicioso prazer.
Por acaso existiria alguém contra?
Duvido muito.



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O acerto



Conversei com minha filha, nos entendemos. Isso trouxe uma reconfortante tranquilidade.
Chegamos à conclusão de que eu ando explosiva e ela, se tranca em si mesma e não demonstra os sentimentos.
Concordamos que somos diferentes na forma de reagir.
Eu penso pouco, explodo com o que acho que entendi e, por outro lado, no instante seguinte volto atrás e tento fazer as pazes.
Ela pensa antes e argumenta mais, mas depois de emburrada demora muito mais que eu a tentar a paz, a se explicar melhor sobre o que quis dizer.
Ela me mostrou que é verdade que eu ando sendo mais mãe e deixando de ser amiga dela, não havia percebido isso. De fato, deixei de confidenciar meus assuntos a ela e não havia percebido isso. Sei que nossa conversa é muito recente, mas tenho tomado cuidado e estou atenta para que isso não aconteça mais.
Minha filha sempre, sempre, me ouviu e foi minha amiga, sem que com isso deixássemos de ser mãe e filha. Abri os olhos, agora estou atenta para permanecer junto dela.
A festa de formatura dela e eu e meu noivo irmos ou não, na verdade, foi um grande equívoco da minha parte, pois quando ela disse que tudo o que queria era que estivéssemos lá e que não ligava para roupa, ela não quis dizer que queria que eu fosse mal vestida, nada disso. O que aconteceu é que um monte de culpas e medos meus vieram à tona, e com isso eu não consegui escutar o que ela queria me dizer.
Conversamos também sobre a minha relação com meu noivo, sobre a minha superproteção em relação a ele. Ela está certa, ele mesmo já havia me alertado de que eu o superprotegia, de que o blindava de qualquer pessoa, até mesmo dela.
Um exemplo da superproteção? Não gosto muito de ar condicionado. E com ele eu sempre durmo com o ar ligado. Com ela eu quase sempre não durmo com o ar ligado, embora saiba que ela adora o frio.
Outro exemplo? Eu sempre gostei de dormir do lado da parede. Com ela eu sempre durmo deste lado. A ele eu quase sempre digo que durma do lado da parede.
Podem parecer coisas bobas, mas tenho que reconhecer que eu sentiria, e muito, se estas bobagens fossem comigo. Então, é natural que eu reconheça que andei errando a balança do equilíbrio, e mais natural ainda que eu tente passar a acertar.
Obrigada, meu bom Deus, por sempre me trazer a possibilidade de reinventar e construir um caminho mais acertado.
E mais obrigada ainda pelas duas pessoas que amo mais que tudo nesse mundo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Definitivamente, estou cansada


Tristeza, tristeza, tristeza, topor, tristeza.

Tristeza é tudo que sinto desde ontem. Alguma coisa nesse baile de formatura que não fui destampou coisas importantes, antigas e tristes, que ainda não consegui identificar completamente.

Só sinto tristeza, intensa, completa, chorar, chorar, chorar até secar por dentro o que não pode ser esvaziado porque está entranhado em mim.

Tristeza, culpa, impotência, incompetência, cobrança, dependência, incapacidade, tudo misturado, um rolo compressor que me deixa imóvel, completamente derrotada.

É uma sensação tão ruim e dominadora que nem a vontade de comer desenfreadamente me visitou.

Tenho vontade de tomar remédio para dormir e simplesmente não acordar. Não estou falando de morrer, queria apenas dormir, descansar, esquecer o que sequer eu consigo me lembrar.

Tento raciocinar: como um problema que não é grande pode me derrubar tão completamente?

Não sei. Apenas sinto.

Tristeza e culpa


Acordei me sentindo esquisita, uma estranha no meu corpo.
Uma tristeza que entranhou em mim e não quer me deixar.
No trabalho algumas pessoas vieram perguntar o que eu tinha ontem, respondi por cima, sem entrar em detalhes que me envergonham, como o fato de não ter roupa, de não ter conseguido encontrar uma maldita roupa para comprar, a falta de coragem para ir como convidada, ou o fato de não ter tido dinheiro para pagar a formatura da minha filha.
Mas o que me entristece, mais que tudo, é a voz de decepção dela por eu não estar lá, pela família dela não estar lá. Ela que ligou cheia de alegria na voz para nos chamar com os dois convites que sobraram da amiga.
Isso me envergonha.
Isso e a culpa estão me corroendo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Presente de grego

As vezes, do nada, sai do inesperado uma coisa que te derruba completamente. Aconteceu comigo hoje. E não é nada relacionado à comida.

Minha filha fez o Enem no final de semana e gostou muito das provas, estudou e se preparou para elas. Não pegou a prova problemática, mas devido tanta confusão, estamos esperando o que será resolvido pela justiça em relação ao assunto.

Segunda-feira foi a missa de conclusão do terceiro ano, eu e meu noivo, meus pais e meu irmão fomos assistir. Minha irmã não pôde ir e nem meu cunhado, pois se atrasaram no trabalho.

Agora vou ao assunto que preciso desabafar.

Hoje de manhã estava trabalhando e à tarde teria a primeira aula de outra disciplina, então recebi um telefonema da minha filha.

Quando a comissão de formatura do colégio dela começou a receber o pagamento para organizar as festas do final do ano eu não tinha dinheiro que sobrasse para pagá-los.

Depois que passei a trabalhar através desse concurso, praticamente todas as despesas dela e minha passaram a ser pagas por mim, então, sobra pouco dinheiro, e não daria para pagar o que já havia sido pago pelos outros e também pagar as parcelas por vencer.

Minha filha acertou comigo que não havia problema, pois outras amigas dela também iriam para o baile como convidadas, e que iria se divertir da mesma forma.

Ela vai como convidada de sua melhor amiga, cujos pais eu conheço há anos.

Hoje é o baile.

Comprei dois vestidos belíssimos um para ela ir ao baile e o outro para ir à missa (que fomos), minha mãe comprou um sapato e minha irmã outro vestido, que acabou sendo usado para a missa, pois é mais simples.

Hoje de manhã eu estava trabalhando quando ela me telefonou.

No telefonema de hoje ela estava animada e dizendo que a amiga tinha dois convites sobrando e que gostaria que eu e meu noivo fóssemos com eles ao baile, hoje.

Me deu um nó na garganta!

Veio tudo à tona de uma só vez: estou gorda, não tenho nenhuma roupa, não pude pagar a formatura da mnha filha e agora preciso arrajar roupa urgente para ir e ficarei na mesma mesa de pessoas que só conheço por cumprimentos. Veio uma culpa enorme, por minha filha, que já é convidada, ligar toda alegre para nos chamar para vê-la na formatura.

Deixei o trabalho no horário de almoço, sem maiores explicações, e saí sabendo que não daria para voltar para a aula.
Fui para o comércio tentar achar roupa para mim, e ao mesmo tempo sentindo uma enorme solidão e desamparo, uma autopiedade sufocante, que me fez chorar descontroladamente.
Não encontrei nada que me coubesse, em todos os lugares que fui.
Ele também está sem roupa e teria que alugar uma.

Essa sensação de ir como convidada, sabendo que minha filha também está se formando, essa sensação de impotência por não ter tido dinheiro para adequá-la às formalidades que a escola em que ela estuda impõe, a angústia por não encontrar uma roupa que me coubesse, a sensação de ter sido convidada para a festa em que minha filha deveria estar convidando outras pessoas, me deu um desespero e sensação de impotência tão grandes que não saberia descrever.

Sei que ela está triste e chateada por eu não ir, por nós não irmos. E isso me angustia e desespera.
Cheguei em casa, tomei um rivotril e fui dormir.
Estou me sentindo triste, uma tristeza que não me dá paz, que não me deixa enxergar que há milhões de pessoas passando fome e que esse meu problema é mínimo. Mas não consigo ver isso agora. Sinto muito, meu Deus, não consigo enxergar além da minha tristeza e culpa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Serenidade

Estou no terceiro dia do recomeço. Do recomeço depois da saída no final de semana.
Hoje acho, só acho, porque eu nunca sei exatamente de que forma o dia terminará, então, continuando, acho que conseguirei me manter segura e serena tal qual estou me sentindo agora.
Trouxe lanchinhos saudáveis para o trabalho, almoçarei comida sem engordativos (prepararam para mim um almoço que é uma bomba calórica, mas também há verduras, vou ficar com elas).
À noite terei uma prova de fogo, terei essa prova porque quero ir a um restaurante japonês, há um tempão que eu e meus colegas daqui marcamos de ir. Tenho o dia todo para terminar de me convencer de que vou e não irei me empanturrar de arroz desnecessariamente. Que a comida não vai acabar em minha vida se eu não comer tudo o que couber no bucho.
Estou numa fase danada de tranquilidade e insegurança misturadas, ainda bem que isso não está descambando para a comida. Coincide com o período em que estou fértil. Então, os sentimentos são de vontade de grudar no meu amor e fazer amor várias e várias vezes. E fizemos. Pena que neste dia e nos próximos não poderemos.
Está sendo ótimo constatar que emagrecer e me cuidar está voltando a se tornar uma enorme vontade, farei com que se torne um hábito. E principalmente que poder engravidar nos próximos meses está se transformando numa meta aceita e deliciosa. Dessa vez, é isso que está me fazendo sempre voltar para a dieta.
Obrigada, meu bom Deus.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Putzgrila, é mais difícil do que já foi em qualquer outra época. Ou não?

Quebrei no final de semana. Novidade!
Também, se até eu sou irônica comigo mesma, o que devo esperar?
Não vou culpar a ninguém que não seja a minha maldita gula.
A maldita desculpa de sempre: a compulsão.
Não vou morrer por isso. Não agora.
E hoje recomecei. Está difícil pra C@%¨&$#!, mas me levantei.
Ponto começo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Recomeço? SIM. SEMPRE.


Há quatro dias resolvi voltar a ter controle sobre o que como.
Não prometo nada a ninguém.
Não prometo a mim mesma que serei vitoriosa.
Prometo porque quero, apenas, e tão somente apenas, querer e tentar manter o controle.
Por minha saúde, por minha auto-estima. Por enquanto, mais por mim mesma do que por qualquer outro motivo.
Quero me sentir bem em minha própria pele.

No futuro? Sim, se parar para pensar no futuro, ficarei imensamente feliz em poder engravidar com saúde.
Mas isso é assunto para pensamento posterior.

E agora? E por hoje?
Por hoje, daqui a pouco é hora de fazer exercícios, que estou redescobrindo o quanto gostava de fazê-los.
Por hoje, e por agora, é hora de me manter atenta para que a compulsão fique bem vigiada.

E daí? Daí que esse recomeço, isso de me levantar e sacudir a poeira, está me fazendo um bem danado.
É uma batalha, mas estou com boas armas para lutar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Há um ano e meio encontrei o amor da minha vida


Hoje, dia 2, comemoramos um ano e meio de namoro. Muito pouco tempo para tanta cumplicidade e sentimento. É por isso, que mesmo sem ter uma religião definida entre católica ou espírita, tenho tanta certeza de que esse sentimento já existe há muito, muito tempo, e de que uma das razões por eu estar aqui foi encontrá-lo, ou reencontrá-lo.

O que eu acho mais especial no nosso relacionamento? A nossa cumplicidade, poder conversar tendo a certeza de que nos aceitamos, de que tentamos nos entender não por nossas perpectivas, mas tentando entender pela cabeça do outro, se pondo no lugar um do outro.

Existe o Homem e a Mulher, mas existe entre nós também uma mistura, uma aceitação tão grande que às vezes a minha vontade não é apenas de tê-lo dentro de mim, literalmente e espiritualmente, é a sensação de que podemos nos fundir em um só ser, tamanho o sentimento envolvido. E ainda, às vezes, tenho a impressão louca de que só nossos corpos não deixam que isso aconteça, tamanha a intensidade com que nossos corpos e mentes se misturam e se compreendem.

Amor, carinho, tesão, cumplicidade, amizade, prazer em estar juntos. Uma soma de características raras de serem compartilhadas com uma só pessoa, e por isso sei que recebi um presente especial. Muitas, muitas pessoas nascem e morrem sem experimentar a reciprocidade desse sentimento.

Sei que também há outros motivos que me trouxeram aqui, minha filha é um deles, meu pai, outro, e nosso filho, que um dia chegará e que virá principalmente para ele e por ele, mais um motivo, mas, no momento, quero agradecer e comemorar o amor que sinto, que sentimos.
Obrigada, meu bom Deus.